Há algumas semanas temos visto iniciativas do governo americano, com apoio dos grandes players do entretenimento, para barrar a pirataria na internet. Os mais proeminentes deles são projetos de leis cujas siglas se tornaram bastante conhecidas: SOPA e PIPA. Ao que parece, porém, é que além de dar um basta à pirataria na grande rede, tais projetos permitiriam às entidades governamentais controlar a internet nossa de cada dia. E isso meus amigos, não é nada bom. Mesmo não sendo aprovadas, devido à grande pressão que se formou sobre eles, tais iniciativas ainda geraram seus efeitos. E o maior deles foi o recente fechamento do conhecido site Megaupload, usado para hospedar arquivos na nuvem e que era também uma grande fonte de conteúdo pirata, upado pelos próprios usuários, diga-se.
O responsável pelo fechamento do site e prisão dos proprietários do domínio, foi o FBI. Em represália, muitos usuários do falecido site estão se organizando para impetrarem uma queixa oficial contra o órgão, por ter agido de forma desproporcional à qual era exigida pela situação. Acontece que, mesmo com muitos arquivos violando copyright hospedados nos servidores, muitos usuários, inclusive com contas Premium vitalícias, usavam o serviço para hospedarem seus arquivos pessoais, como documentos do trabalho, escola, faculdade, trabalhos e outras coisas importantes. Todos estes usuários que usavam o Megaupload de forma correta, para fins lícitos, também foram prejudicados. É como se a polícia, para fechar uma boca de fumo, fechasse também todo o bairro, prejudicando inclusive os cidadãos de bem. Eu mesmo já havia cogitado guardar meus arquivos pessoais lá, mas a preguiça que domina este ser não deixou. Mas e aí, se eu tivesse feito isso? Como ficariam meus arquivos. Eu receberia o meu dinheiro de volta pela conta premium?

Devido ao enorme número de reclamações, a organização Pirate Parties está reunindo todas as queixas para finalmente tentar entrar com uma ação legalizada contra o FBI. Em outras palavras, os caras querem processar o órgão por ter fechado o Megaupload. Se você foi um dos que perderam arquivos pessoais com o fechamento do site, pode ter mais informações sobre esse plano de processar o FBI neste link. Mas por falar nos arquivos, onde eles estão?
Atualmente, continuam sob o poder da Carpathia Hosting Inc. e Cogent Communications Group Inc., empresas responsáveis pelos servidores do Megaupload. Acontece que na sexta-feira passada, um novo documento foi anexado ao processo judicial que tem como réu o site de compartilhamento. Segundo a Associated Press, tal documento seria uma carta enviada pela Procuradoria dos EUA que dá permissão às empresas Carpathia e Cogent para deletarem os arquivos já nesta quinta-feira (02/12). Ou seja, só depende delas. O advogado do Megaupload, Ira Rothken está tentando impedir que isso aconteça fechando um acordo com o governo. No caso de exclusão dos arquivos, não só os 50 milhões de usuários (!) perderiam seus documentos, como o site também perderia provas importantes para se defender diante do juiz.
Ainda falando sobre o fechamento do site em questão, tal atitude serviu também como um “exemplo” para sites semelhantes. Aquele velho “viu o que aconteceu com seu amigo? Se você não parar com isso vai ocorrer a mesma coisa“. Então, sites como o Filesonic ficaram temerosos e bloquearam a possibilidade de fazer download de arquivos de terceiros. Porém o Rapidshare, outro site conhecido de armazenamento de dados, não se intimidou e disse: “Se nós fecharmos, YouTube, iCloud, SkyDrive e Dropbox também vão ser!“.
Em entrevista à revista FastCompany, o porta-voz da empresa, Daniel Raimer explicou que as tecnologias por trás destas empresas são muito semelhantes, o que muda é o ponto de vista ético. Segundo ele, o objetivo do Rapidshare não é ganhar dinheiro atraindo piratas. É ganhar dinheiro fidelizando clientes grandes e construindo longas relações com eles. De qualquer maneira, o site também possui um número muito grande de arquivos piratas, e não sei se ficaria de pé caso caísse na mira da justiça. E pouco provavelmente conseguiria levar junto Youtube e Dropbox, por exemplo.
Ainda assim, é interessante observar estes rebuliços judiciais. De uma forma geral, principalmente no Brasil, mas isso se repete em outras partes do mundo, os legisladores e juízes têm muito pouco conhecimento técnico. Assim, ao tentarem fazer alguma coisa, eles acabam tomando uma atitude desproporcional e que prejudica a milhões de usuários, numa total e completa ignorância e estupidez virtual. É bom os usuários se mobilizaram e realmente agirem contra tais atitudes estapafúrdias. Aos poucos, os governos e seus órgãos terão mais cautela antes de tomar qualquer atitude drástica, e saberão que não é qualquer projeto de lei que vai os permitir controlar a internet. Governo, vocês podem roubar nosso dinheiro, não usar direito nossos impostos, não nos dar uma condição de vida melhor, mas NÃO. SE. INTROMETA. NA. NOSSA. INTERNET!
[Torrent Freak; Associated Press; FastCompany]