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Série A História do Windows – Windows 1.0 e 2.0

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No nosso capítulo introdutório, você viu como foi o processo de concepção do sistema operacional Windows,ou seja, seu nascimento. Viu que a Microsoft é uma empresa oportunista por natureza, que soube aproveitar as melhores oportunidades que bateram-lhe à porta. E foi esse oportunismo que fez com que ela comprasse o QDOS, o sistema de testes de uma pequena empresa de Seattle, e então o melhorasse, renomeando-o para o hoje conhecido MS-DOS, sistema este que foi usado nos primeiros computadores pessoais da história, como o IBM-PC. Este mesmo oportunismo fez com que a Gigante de Redmond fizesse um acordo com a Apple, apenas para aprender sobre a interface gráfica e então copiá-la, quer dizer, desenvolver a sua própria. E assim, na base do oportunismo, nasceu o Windows, o sistema operacional mais usado no mundo!

Neste capítulo iremos conhecer um pouco sobre as primitivas versões do sistema de Bill Gates, o Windows 1.0 e o Windows 2.0, bem como suas respectivas atualizações e melhorias.

Windows 1.0

A primeira versão do Windows é uma lenda! Ela foi anunciada em 10 de novembro de 1983. Note bem, ela foi anunciada, não lançada. É comum as empresas de tecnologia anunciarem produtos antes de seu lançamento oficial, para que as lojas e os consumidores já comecem a se preparar. Por exemplo, o Windows 8 já fora anunciado há mais de um ano. Mas só será lançado este mês. O tablet Surface, também da Microsoft, foi anunciado em junho, mas só será lançado neste mês de outubro. E assim se dá com a grande maioria dos produtos de qualquer empresa de tecnologia. E qual foi a data de lançamento do Windows 1.0? 20 de novembro de 1985. Isso mesmo, 2 anos depois de seu anúncio. E você se espantará mais ainda ao saber que ele começou a ser desenvolvido em setembro de 1981, ainda sob o codinome Interface Manager. A demora e os adiamentos foram tantos, que as pessoas já estavam dizendo que o Windows era um vaporware, ou seja, um produto anunciado, mas que nunca seria lançado.

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Como já fora mencionado no capítulo anterior, as primeiras versões do Windows não eram tecnicamente um sistema operacional. Este continuava sendo o MS-DOS. O Windows nada mais era que uma camada gráfica, que ficava entre o usuário e o DOS, intermediando todos os processos. Assim, ao invés de você digitar “C:\>dir” para visualizar o conteúdo de determinada pasta, bastava clicar duas vezes com o cursor do mouse nessa mesma pasta para abri-la. Tudo se tornou muito intuitivo e compreensível para pessoas comuns, de fora do meio técnico. O Windows 1.0 trouxe as janelas, os ícones das pastas, as barras de rolagem, as barras de menus, caixas de diálogos explicativas e tudo que nós conhecemos hoje.

O Windows 1.0 exigia no mínimo o MS-DOS 2.0 e 256 KB de memória RAM. Sim, kilobytes! Naquela época os computadores estavam começando a engatinhar e não precisavam de muita memória. O computador tinha que ter no mínimo 512 KB de RAM, sendo que metade era apenas para o sistema. Além disso, ele necessitava de duas unidades de disquete de dupla face, já que o sistema era distribuído em 4 disquetes de 360 KB cada um. Uma placa gráfica também fazia-se necessária, já que o Windows exibia gráficos em cores. Mas naquela época, monitor em cores era um luxo que poucos podiam desfrutar. Se você quisesse usar vários programas em simultâneo, precisava de um disco rígido, coisa que nem todas as máquinas da época tinham. Mesmo assim, o MS-DOS naquela época só suportava 1 MB de aplicações. Sim amigo, o mundo da informática já foi bem sombrio.

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Windows 1.0 e algumas aplicações

Windows 1.0 foi o primeiro sistema a suportar multitarefa. Ou seja, vários programas rodando em simultâneo. No entanto, ele não suportava sobreposição de janelas. Ou o programa ocupava toda a tela ou eles eram colocados lado a lado. O Windows chamava isso de “Iconizar” (o ato de minimizar) e “Zoom” (o ato de maximizar). As únicas janelas que poderiam aparecer sobrepostas à outras eram as caixas de diálogos. Mas a parte mais curiosa é que esta limitação não era devido ao shell do Windows, e sim uma tentativa de diferenciá-lo do sistema da Apple, que aceitava sobreposição de janelas. O Windows 1.0 já vinha com alguns programas no pacote, como Calculadora, Calendário, Contatos, Relógio, Bloco de Notas, Painel de Controle, Paint e até um editor de texto, chamado de Write. E sim, essas são as primeiras versões dos programas que você conhece e usa hoje em dia.

06 meses depois, em Maio de 1986, a Microsoft lança a versão 1.02 do Windows internacionalmente, com melhorias no gerenciamento de memória. Mas apenas em Agosto desse mesmo ano, com o Windows 1.03 o sistema se tornou realmente internacional, com o suporte aos teclados europeus e a diversos outros drivers, como de tela e de impressoras. Em abril de 1987, a versão 1.04 é lançada, trazendo suporte ao novo computador da IBM, o PS/2. Mesmo assim, o Windows 1.04 não trazia suporte aos mouses e teclados PS/2 e nem para os novos modos gráficos da VGA. Por fim, o Windows 1.0x foi substituído pelo Windows 2.0 no final de 1987. Mas o seu fim definitivo só ocorreu em 31 de dezembro de 2001, quando a Microsoft deixou de prover suporte ao sistema. Foi a versão que por mais tempo recebeu atualizações por parte de sua empresa-mãe. Foram 16 longos anos. O Windows 1.0 foi um marco no mundo da tecnologia. Apesar de ser bem rústico, ele trouxe recursos e programas que são usados até hoje. Ele era vendido na época por apenas 99 dólares e tinha uma propaganda bem excêntrica na televisão. Eu não sei se era a propaganda ou o garoto propaganda, Steve Ballmer, que era excêntrico. Veja esse pedacinho da história:

http://www.youtube.com/watch?v=ozn1zEXMY7o

Windows 2.0

O Windows 2.0 foi lançado no final de 1987. Em minhas pesquisas, a data exata de seu lançamento foi muito conflitante, com umas fontes dizendo que havia sido em Outubro, outras em Novembro e ainda outras afirmando que aconteceu em Dezembro. Portanto, para todos os efeitos eu assumirei que foi no final de 1987. Assim como seu antecessor (Windows 1.0x), esta nova versão também era um sistema de 16 bits. No entanto, ela trouxe grandes melhorias em relação à versão anterior. O gerenciamento de memória fora melhorado monstruosamente. Agora o Windows podia usar a memória expandida.

Lembra que eu falei que o MS-DOS na época só suportava 1 MB de aplicações? Os sistemas que atuavam no “modo real”, como o Windows 1.0, usavam apenas a memória física disponível. Isso quer dizer que desses 1 MB, apenas 640 KiB eram usados pelos softwares. Os outros 384 KiB eram reservados para a BIOS, memória de vídeo, placas de expansão e conexão de periféricos, como mouses e teclados. Com um esquema de comutação de bancos, era possível usar uma parte daqueles 384 KiB para programas. No início, era possível usar apenas 64 KiB, mas depois esse espaço aumentou um pouco mais. Não era muita memória, mas para programas corporativos, como planilhas eletrônicas e gerenciadores de banco de dados, essa memória a mais era muito bem vinda. Esse esquema era chamado de EMS (Expanded Memory Specification), mas por vezes era também chamado de LIM EMS, já que essas especificações foram desenvolvidas por três empresas: Lotus Software, Intel e Microsoft.

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Windows 2.0 is so sexy…

Além da memória expandida, o Windows 2.0 melhorou também a interface gráfica. Agora era possível sobrepor janelas. Mesmo que no Windows 1.0 isso já fosse possível, sua implementação seria feita à duras penas, já que as placas gráficas da época não eram tão potentes. Mas no Windows 2.0 esse recurso era executado sem maiores problemas. Nesse ponto, os termos “iconizar” e “zoom” foram alterados para os até hoje usados “Maximizar” e “Minimizar”, com os botões para estas ações sendo colocados em cada janela. Além disso, houve a introdução dos famosos e úteis atalhos de teclado, para realizar algumas tarefas. Com esta nova versão a Microsoft abriu as portas para que programadores pudessem escrever softwares para o sistema, dando início a uma leva de novas aplicações para o Windows. O Windows 2.0 não necessitava de um disco rígido para ser usado. Ele rodava diretamente dos disquetes, que por sinal eram 08. Oito disquetes de 5,25″ com 360 KB cada um.

Menos de um ano depois, em 27 de maio de 1988, foi lançado o Windows 2.1. Ele foi lançado em duas versões especiais, batizadas de Windows/286 e Windows/386. Essas versões traziam recursos especiais e melhor desempenho nos processadores da Intel 80286 e 80386, daí a nomenclatura do sistema operacional. E pela primeira vez na história o Windows exigia um disco rígido para ser instalado.

O Windows/286 melhorou ainda mais o uso da memória. Lembra da memória expandida? Então, através do driver HIMEN.SYS a Microsoft conseguiu expandir ainda mais essa memória, permitindo que os softwares tivessem mais RAM. A natureza segmentada dos programas do Windows favoreceu ainda mais ao EMS. Desta forma, a Microsoft incentivou os usuários a definirem apenas 256 KB como sua memória principal, deixando os endereços que iam de 256 até 640 KB livres para o mapeamento dinâmico da memória EMS. Achei este fato muito interessante. Outra curiosidade é que o Windows/286, apesar do nome, não rodava apenas nos processadores Intel 80286, mas também nos antigos chips 8086 e 8088. Assim, aos poucos foram surgindo computadores com estes chips equipados com o Windows/286.

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O Windows/386, por sua vez, era muito mais avançado que seu irmão. Uma das coisas que ele permitia, era a execução do sistema em Modo Protegido, também conhecido como Modo de Segurança. O sistema simulava uma máquina virtual 8086, sobre a qual eram executados a interface gráfica e os aplicativos. Antes disso, o Windows suspendia as aplicações que não estavam sendo usadas, para economizar processamento e memória. Com a introdução desta máquina virtual, muitas aplicações do MS-DOS podiam continuar rodando em paralelo, mesmo quando o sistema estivesse rodando sobre o processador 80386. Para isso, era necessário que houvesse memória física disponível, é claro. O EMS também era suportado pelo Windows/386, mas de forma melhorada. Devido ao processador 80386, os programas podiam usar mais que 640 KB de memória.

Ainda houve uma última versão do Windows 2.0, foi a 2.11. Ela foi lançada tanto para o Windows/286 quanto para o Windows/386, em 13 de março de 1989. Ela trouxe algumas pequenas melhorias e correções, além de melhorar ainda mais o gerenciamento de memória. Além disso, ela atualizou os drivers para impressoras da época. Essa versão foi sucedida pelo Windows 3.0, em Maio de 1990. O suporte para todas as versões do Windows 2.0 acabou também em 31 de dezembro de 2001. Foram 14 anos de suporte por parte da Microsoft.

No próximo capítulo desta série, veremos um pouquinho mais sobre o Windows 3.0, o último sistema de 16 bits da empresa, e estudaremos também sobre o Windows NT, que foi um verdadeiro marco para a Microsoft. A partir dele, adentraremos na era dos sistemas de 32 bits. Espero que você esteja gostando da série até agora. Por favor, diga o que está achando dos artigos nos comentários. E se achar alguma inconsistência ou erro técnico, por favor, não deixe de nos avisar. Até o próximo capítulo.

Tags: Microsoft, Séries, Windows

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