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Alemanha recomenda não usar Windows 8

O Escritório Governamental para Segurança da Informação da Alemanha, também chamado pelo palavrão de Bundesamt für Sicherheit in der Informationstechnik, recomendou por memorandos internos que não se use o Windows 8.

O motivo é a “vulnerabilidade” do sistema operacional da Microsoft, que colocaria em risco dados sensíveis. A vulnerabilidade é entre aspas, pois não é uma falha do sistema, mas uma característica do Windows, que deixa uma porta aberta para ser usada em certas situações.

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A porta aberta deve-se à tecnologia proprietária Trusted Platform Module (TPM), do grupo Trusted Computing Group, formado por empresas como Microsoft, IBM, Intel, Dell, HP, AMD, Cisco e outras gigantes do setor.

As especificações TPM servem para um criptoprocesador seguro que armazena chaves criptográficas. O objetivo da tecnologia é proteger a máquina contra ameaças virtuais, malwares, e proteger as empresas contra instalação de cópia de software ilegal. Um DRM (Gestor de Direitos Digitais) diretamente no hardware.

No caso do Windows 8 a Microsoft faria um acesso remoto e excluiria as ameaças (e seus programas piratas). O mais novo sistema da empresa de Redmond foi projetado para trabalhar em perfeita harmonia com o chip criptográfico em sua versão 2.0, que difere se sua anterior por ser ativada por padrão e não ter intervenção humana. Você acaba nem sabendo o que está acontecendo.

Richard Stallman chama a tecnologia da Trusted Computing de “Computação Traiçoeira”. Coincidentemente os alemães estão achando a mesma coisa. A desconfiança é que a Microsoft poderia conceder acesso irrestrito à maquina com Windows 8.

Essa desconfiança não vem das leituras filosóficas da GNU ou teorias conspiratórias, mas dos recentes vazamentos de informações realizadas por Edward Snowden, ex-técnico da CIA.

Segundo documentos vazados por Snowden e publicados pelo jornal britânico The Guardian, a NSA (Agência Nacional de Segurança dos EUA) teria como alvos em destaque de seu programa de espionagem digital, X-Keyscore, a ONU e membros da União Europeia, principalmente a Alemanha. Além disso, a base estadunidense em Griesheim, próximo a Darmstadt, seria o núcleo de toda a operação clandestina.

Para alarmar mais ainda, o ex-técnico da CIA divulgou que a NSA teria pago milhões de dólares em compensação pelos custos das requisições de espionagem à empresas como Yahoo!, Facebook, Google e Microsoft. Yahoo! confirmou que recebeu o dinheiro e Facebook fez de graça. Google e Microsoft negaram acesso, apesar dos documentos sigilosos apontarem o contrário.

Software livre como solução

Congresso Internacional Software Livre e Governo Eletrônico (Consegi), terminado no último dia 15, em Brasília, discutiu o software livre como política pública de Estado. Segundo especialistas, software livre é a opção mais barata e segura em comparação aos programas proprietários.

Segundo Deivi Kuhn, secretário-executivo do Comitê Técnico de Implementação de Software Livre do governo federal, software livre garantiria uma melhor segurança de dados, protegendo dados sensíveis de espionagem como realizada pela NSA. “Não há como garantir que o software proprietário faça somente aquilo que ele se propõe a fazer. Os softwares livres permitem uma auditagem plena, todo mundo está vendo exatamente o que ele faz, e isso é uma diferença muito grande em termo de privacidade e segurança”, afirmou Kuhn.

Na Alemanha o governo federal começou a migração do Windows para Linux em 2002, com apoio da IBM. Mas devido a rejeição dos usuários ao sistema do pinguim e incompatibilidades de documentos (em culpa causada pelo desrespeito ao padrão ODF adotado pelo país) o Estado germânico abandonou a migração e voltou ao Windows. Será que agora irão voltar aos planos de usar Linux?

[Revista Espírito Livre | Deutsche Welle]
Tags: Microsoft, Segurança, Windows 8

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