Alguns conhecimentos vêm ganhando um grau de importância diferenciado na vida da população, e, entre eles, estão os que envolvem o uso de tecnologias. No entanto, nem todos os brasileiros tiveram contato com disciplinas da área no seu tempo de escola, e a maioria teve que encontrar suas formas individuais de aprendizagem. Uma pesquisa realizada pela DataCamp, plataforma de cursos online de tecnologia e dados, revelou que, de forma geral, o conhecimento dos brasileiros na área não parte da educação básica, pois 73% dos entrevistados no estudo tiveram contato superficial ou nulo com tecnologia durante a escola. O jeitinho brasileiro Dentro dessa grande parcela de respondentes, 52% avaliam sua relação com a tecnologia como excelente, destacando que, de forma geral, aprendem sozinhos e com facilidade, enquanto os outros 37% admitem que, mesmo tendo facilidade, às vezes precisam de alguma orientação no início do contato com alguma novidade. Apenas 10% consideram ter dificuldade e reconhecem levar algum tempo para aprender de forma efetiva. Martijn Theuwissen, COO do DataCamp, reflete sobre a forma de aprendizado dos brasileiros. “O brasileiro é um povo muito atento às novidades, e sua presença na internet é muito expressiva e notável em todo o mundo. Esse interesse faz com que a população não fique para trás quando falamos em novidades no segmento — pelo contrário. Mesmo que o entendimento da tecnologia não seja passado da forma mais tradicional, pode-se perceber que a necessidade e a curiosidade fazem com que as pessoas encontrem sua própria forma de aprender”. Como superar as limitações Entre as principais dificuldades estão: limitações em atividades cotidianas, como realizar compras online, utilizar bancos digitais ou fazer agendamentos de consultas (59%); desconhecimento em segurança digital (58%); dificuldade no uso de aplicativos de transporte ou de redes sociais (51%), e falta de confiança ao utilizar ferramentas no trabalho ou em estudos (46%). Para superar as dificuldades, as estratégias que os entrevistados avaliam como mais eficazes para desenvolver habilidades em tecnologia e dados são assistir a vídeos na internet (53%); participar de projetos extracurriculares ou clubes de tecnologia (52%), e realizar cursos por conta própria (48%). “Mais uma vez, podemos perceber algumas dificuldades que são enfrentadas por parte da população pela falta de domínio de algumas ferramentas que, muitas vezes, são relativamente simples. Para a resolução de dúvidas e aprofundamento de conhecimentos, a busca por cursos é uma ótima opção. Eles podem combinar diferentes abordagens, como tutoriais em vídeos, aprendizagem interativa e realização de projetos que irão consolidar de forma duradoura a compreensão dos conteúdos”, analisa Theuwissen. E os dados? E, quando se fala em dados, os números do estudo mostram que o tema não é tão acessível para os brasileiros. Mesmo que metade dos entrevistados (50%) tenham tido um contato superficial com eles na escola, e 26% tenham se relacionado de forma mais aprofundada com o conteúdo — a partir de gráficos, estatísticas e tabelas —, hoje, 49% dos respondentes ainda possuem certa dificuldade e precisam de esforço na interpretação dessas informações. Mas, ainda assim, existe uma parcela de 45% dos respondentes que têm facilidade e confiança ao interpretar dados, enquanto apenas 7% possuem muita dificuldade e sentem que não conseguem interpretar corretamente. “A questão da interpretação de dados é um ponto importante, pois impacta o dia a dia das pessoas. É a dificuldade em entender uma notícia, ler uma tabela financeira ou compreender o gráfico presente em um relatório do trabalho. Por mais que, de forma geral, o entendimento em dados possa parecer um conhecimento muito específico, ele acaba se mostrando essencial em tarefas importantes do cotidiano”, reflete Theuwissen. O futuro das escolas (ou as escolas do futuro) Neste contexto, os entrevistados foram convidados a imaginar como estará o futuro da educação em dez anos, e o ponto que aparece com grande destaque está realmente ligado ao maior uso da inteligência artificial entre alunos e professores (75%). Também foram citados a substituição de livros e cadernos por tablets e notebooks (51%) e o aumento de aulas online em detrimento das presenciais (41%). “Se aproximar de novas tecnologias e transformá-las em aliadas não é uma tarefa fácil. O importante é perceber que a mesma energia que é utilizada ao se negar as novidades tecnológicas é aquela que pode te colocar no caminho de compreendê-las. As ferramentas já estão aí, então é importante buscar — através de livros, cursos, profissionais capacitados — a sua melhor forma de aprendizagem, para estar por dentro de conhecimentos que, no fundo, realmente podem ajudar”, completa Theuwissen. Metodologia |