A internet é um lugar altamente instável para softwares e serviços em que nela são baseados. Eles são como os dinossauros: a qualquer momento podem entrar em extinção por causa de um meteoro descontrolado. Neste caso, o meteoro pode ser muito bem a fúria de um executivo insatisfeito com os números do serviço. Não faltam exemplos de programas que já tiveram uma legião de usuários mas que hoje habitam nada mais nada menos que o cemitério dos softwares. Na coluna Um Domingo Qualquer desta semana, iremos falar justamente sobre isso.
Você talvez não se lembre, mas amanhã, dia 1º de julho, o Google Reader falecerá para sempre e será o mais novo integrante dessa lista. Se você realmente não se lembrava, vamos refrescar sua memória. Clique no post que está linkado abaixo para ficar por dentro da situação:
Pois bem, em virtude do falecimento desse tão importante serviço, a equipe do Guia do PC decidiu fazer um post especial e relembrar alguns serviços que fizeram história e que depois viraram pó. Ok, alguns dos citados aqui ainda funcionam e podem ser usados, mas definitivamente não são mais os mesmos e constituem quase cidades-fantasmas na internet. E então, preparado para a viagem no tempo?
Google Reader
O Google Reader ~ainda~ é um serviço de leitura de Feeds RSS. Mas só até amanhã. Se você não sabe, RSS é uma tecnologia que permite que o usuário acompanhe as atualizações de um determinado site/blog sem precisar visitá-lo constantemente para verificar se foi postado algo novo. As atualizações são reunidas em um programa ou serviço, chamado “leitor de feeds RSS”. E esta era a função do Google Reader. Ele se destacou perante as demais opções pois apresentava um visual simples e direto, além de opções de compartilhamento que eram usadas por muitos. Além disso, ele era mantido por nada mais nada menos que o Google, portanto ele era, na maioria do tempo, rápido e estável.
O Google Reader surgiu em 2005, em caráter Beta, chegando a sua versão final 2 anos depois, em 2007. Tendo em vista as suas qualidades citadas acima, ele logo conquistou o coração de blogueiros e jornalistas do mundo inteiro. Era uma maneira simples de filtrar e acompanhar a enxurrada de informação que surgia diariamente. O anúncio de seu encerramento, por parte do Google, gerou uma comoção na web. E até hoje eu ainda não me conformei. Tanto é que ainda não migrei para nenhuma das alternativas disponíveis. Tenho de fazer isso hoje! =O
Se você também está em dúvida ou simplesmente insatisfeito com o seu leitor de feeds atual, nós temos um artigo que traz algumas boas opções que você pode usar. Veja só:
E se, por um acaso você ainda não se cadastrou para receber nossos Feeds RSS, corrija esse erro crasso AGORA! Basta clicar neste link para assinar nossos feeds. Se quiser, também pode copiar a URL para seu leitor preferido.
Windows Live Messenger, mais conhecido como MSN
Você tem MSN? Quantas vezes você já não ouviu ou fez esta pergunta? Suponho que várias. Não é pra menos. Por muitos anos, o MSN, ou Windows Live Messenger, que era seu nome científico, digamos assim, foi usado por 99% dos brasileiros que se comunicavam em tempo real na internet. O fato de ser mantido pela Microsoft lhe rendeu popularidade. Além do mais, ele já vinha embarcado no Windows, o que dispensava o trabalho de baixar e instalar o comunicador.
Ao longo dos anos, o MSN foi recebendo inúmeras melhorias e incrementos visuais, mas como dizem, tudo demais é veneno. Assim, não demorou para que ele ficasse pesado e cheio de firulas e perfumarias. O que mais irritava os usuários eram aquelas pessoas chatas que ficavam enviando winks animados, que quando não matavam de susto tiravam toda a nossa concentração. E quem lembra daquelas pessoas carentes que, para chamar a atenção, ficavam entrando e saindo do programa, só pra janelinha de alerta aparecer várias vezes no canto inferior do monitor. Um saco! Outra coisa que fez sucesso nesta época foram os emoticons. Tinha um emoticon para cada estado emocional. Até para aqueles entre quatro paredes. Hahahaha!!!
E quem nunca ficou morrendo de ansiedade em frente ao PC esperando o nome de determinada pessoa ficar verde para finalmente poder falar com ela? Ou então, ficava offline simplesmente para ninguém encher o saco? Eu tinha uma técnica: eu ficava offline quando queria falar com alguém sem ser incomodado por outros. Marcava como “ocupado” quando estava disponível para bater papo, mas não com pessoas chatas. E marcava como “Disponível” quando eu estava absolutamente sem nada para fazer e estava morrendo de tédio! Hahahaha!!! Bons tempos do MSN. Infelizmente, o Facebook chat foi tomando espaço aos poucos e poucos usavam o saudoso MSN. Sua morte definitiva veio quando a Microsoft decidiu migrar toda a base de usuários para o Skype, que ela havia recém-comprado.
ICQ
Ao se falar em serviços que estão no limbo não podemos esquecer do ICQ, um pioneiro da comunicação instantânea na internet. O aplicativo foi lançado em 1996 (alguns se sentirão velhos) e foi batizado com uma sigla que remete à frase em inglês “I Seek You” (“Eu procuro você”, em português). Em apenas cinco anos de existência chegou a 100 milhões de usuários, e contabilizou mais 60 milhões em 2003.
Ele propiciou em sua época o que os concorrentes MSN Messenger (seu algoz) e mIRC também propunham, uma forma fácil e divertida de comunicação com milhares ou milhões de possíveis contatos em todo o globo, graças a revolução que a conexão com a grande rede de computadores trouxe (alguém mais lembrou das conexões discadas?).
Mas o tempo passou e nem mesmo a versão Lite resistiu ao oponente criado pela gigante de Redmond, que atraía a todos mesmo com a exigência de uma conta Hotmail, mas que por sua vez também deixou de existir para dar lugar a soluções como WhatsApp e Facebook. O ICQ “morreu”, já que apesar de ainda ser possível baixar o aplicativo (inclusive para Windows 8) a base de usuários está muito longe do que foi um dia. Se você desejar matar a saudade pode instalar novamente o aplicativo (e desenterrar aquele velho número de identificação) ou conferir o vídeo abaixo e curtir um momento nostalgia com os sons exóticos do comunicador.
Cadê
Hoje em dia, há o Google. Digo, até existem outros buscadores como o Bing e o Yahoo, mas a categoria inteira bem que poderia ser resumida ao Google. Mas não foi sempre assim: quando eu (tardiamente) comecei a usar a internet, o que a maioria das pessoas usava era o Cadê?. E eu me sinto um tanto velho ao pensar que existe a possibilidade de que você nem tenha o conhecido.
O Cadê? foi fundado em 1995 e foi o primeiro buscador brasileiro a ganhar sucesso com o público geral. O método utilizado para indexar páginas era um tanto primitivo: O cadastro das páginas era feito manualmente, funcionando como um tipo de repositório da internet brasileira. Posteriormente, o serviço foi comprado pelo Yahoo, passando a ser chamado “Yahoo! Cadê?” até ser descontinuado: Atualmente ao abrir o endereço do site, o usuário é redirecionado à busca do Yahoo. Descanse em paz!
eMule
Numa remota época de 2005, onde a banda larga ainda não era popular e os Torrents menos ainda, o avô da pirataria reinava antes do The Pirate Bay ser um site popular. O eMule era um software que se conectava pela rede eDonkey e KAD e tinha uma miríade de opções de downloads, desde músicas (principalmente depois do Kazaa virar fonte de vírus e o Napster morrer) até os últimos lançamentos de games para PC. As conexões funcionavam de forma semelhante aos torrents: você se conectava em um servidor, fazia a busca do arquivo que você queria e clicava para baixar. O eMule tinha um sistema bem esquisito para definir a fila de downloads por meio de créditos adquiridos aos fazer o upload de um arquivo. O grande problema estava no fato de que os créditos só eram válidos em uma rede do servidor, diferente dos trackers de torrent onde o ratio é global.
A grande nostalgia do eMule era deixar o computador ligado para baixar aquela discografia do Bon Jovi e deixar o computador ligado na madrugada do fim de semana (pois o pulso da internet discada era único no fim de semana e ninguém usava o telefone de madrugada) e torcer para a conexão não cair com uma taxa de download ínfima que beirava os 6.3 kbps, quando funcionava bem! Hoje com os torrents e a popularização da banda larga, o eMule foi deixado de lado em favor de seu neto, por assim dizer: os trackers bittorrent. Sem mais computadores ligados pela madrugada para baixar 300 MB de arquivos. Sem mais dores de cabeça com sua mãe querendo ligar pra sua avó do Mato Grosso. Sem mais créditos indo pro vinagre porque fecharam seu servidor predileto. Mas confesse, você não sente saudade da mula com a língua de fora?
Limewire
2003. O LimeWire vinha para substituir o Kazaa, que tinha mais vírus que a cidade de Raccon City. Ainda assim as pessoas que se sentiam órfãs do Napster mas tinham medo do Kazaa usavam o Limewire (ou o eMule) para baixar músicas e outro tipo de mídia e foi aí que LimeWire começou a se popularizar. Diferente do eMule, o LimeWire também funcionava em rede P2P Bittorrent (arrisco dizer que o LimeWire foi o pai dos torrents modernos) e por conta disso os downloads eram mais rápidos que o eMule. Não menos frustrantes se você tivesse uma internet discada.
Eventualmente, o LimeWire foi afetado por uma onda de vírus e pelo menos 30% do conteúdo passou a ser softwares maliciosos. Em 2010 o LimeWire foi alvo de uma intensa onda de processos de detentores de direitos autorais e parou de receber atualizações. Versões mais atuais do software foram desativadas pelo auto-atualizador do programa, exceto as mais antigas que não vinham com esse recurso e ainda se conectam a rede Gnutella, porém sem muita utilidade nos dias de hoje.
De volta para o futuro…
Estes foram os programas e serviços web que a equipe do Guia do PC já chegou a usar e que hoje sente um pouco de saudade de suas funções e utilidades. Cada um deles marcou época e fez muito bem o serviço para o qual foi desenvolvido. Mas, por uma fatalidade do destino, acabaram ou mortos ou esquecidos. Mas e você, o que achou da nossa listinha? Com certeza deve ter faltado algum software que nós não mencionamos. Por que não aproveita a área de comentários para deixar a sua opinião e, de quebra, complementar o post com mais algum serviço que deixou saudades? Aproveite também para dizer por qual razão você gostava dele e do quê sente mais saudades. :)
Esta foi a nossa coluna Um Domingo Qualquer desta semana. Esperamos que tenha gostado. Abaixo, você pode ver os textos que foram publicados nas semanas anteriores. Sinta-se completamente à vontade para lê-los também. Se encontrar algo interessante na internet ou quiser sugerir alguma pauta para essa coluna, por favor, envie um e-mail para admin@guiadopc.com.br. Teremos o maior prazer em ler e em responder seus contatos.
Até o próximo domingo!
Colaboraram com este post: Wesley Moraes, Matheus Bonela e João Pedro Sacheti
