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Artigo: O que é o IPv6? O que ele vai mudar na minha vida?

Talvez você já tenha ouvido falar de IPv6 em algum lugar na internet, mas não saiba muito bem o que é. Então, fique sabendo que ele é peça essencial para o futuro da internet, para deixar que ela continue crescendo tão lindamente como vemos hoje em dia. Mas para entender exatamente o que ela significa, precisamos saber uma coisinha:

O que é IP?

O IP, numa explicação simples, é o endereço virtual de qualquer dispositivo conectado à internet, como o modem da sua casa, o seu smartphone ou o servidor que hospeda o Guia do PC. Na sua versão atual, a IPv4, esses endereços são formados por grupos de números, como 74.125.227.63, por exemplo. E se estiver curioso, você pode ver o endereço IP da sua conexão em sites como o meuip.com. São nesses endereços que estão um dos maiores problemas que podem impedir o livre crescimento da internet.

A atual geração de IPs com endereços de 32 bits, suporta, considerando-se também os blocos reservados, 4.294.967.296 endereços únicos. Este número pode até parecer grande, mas já não é o suficiente para a internet continuar crescendo. Isso não é nada surpreendente, afinal, nenhum dos criadores da internet, lá na década de 80, esperava que ela fosse ser tão grande como é hoje.

Cada vez mais pessoas estão usando a internet, e o fazendo com cada vez mais dispositivos, como smartphones e tablets. Além disso, vários servidores para armazenar novos sites são criados diariamente. Dessa forma, os mais de quatro bilhões de endereços únicos já estão prestes a se esgotar.  A IANA, entidade que controla a distribuição mundial desses endereços, já não tem mais blocos disponíveis. Os endereços restantes na região da América Latina devem acabar no início de 2014, e na Europa, já acabam em agosto desse ano. E se acabarem, podem deixar a internet mais lenta e mais cara.

A linha vermelha são os blocos disponíveis na IANA. A verde, na IANA + entidades regionais.

E como se resolve isso?

É aí que entra o IPv6. Ele funciona de maneira semelhante ao IPv4, mas tem endereços em 128 bits como 2a00:1450:8005::68, por exemplo. Os endereços diferentes do IPv6 permitem a existência de mais de 340 undecilhões (!?) de endereços únicos. Parece muito, e realmente é: isso representa cerca de 79 trilhões de trilhões de vezes o espaço disponível no IPv4.

Além disso, outra vantagem do IPv6 é que, com tantos endereços, cada computador terá o seu endereço real na internet. Atualmente, cada endereço corresponde a uma conexão, que muitas vezes é dividida entre vários computadores de uma empresa, ou pela rede do roteador da sua casa. Com isso, mais dispositivos poderão se conectar à internet — como geladeiras e fogões –, e o acesso a eles remotamente será muito mais fácil.

Tudo muito bacana, tudo muito bonito, mas antes é preciso enfrentar um problemão: a implementação do IPv6. Isso exige um esforço conjunto dos provedores de internet, dos servidores dos sites e dos usuários. E isso não é algo que se faça do dia para a noite. Mas as atitudes para incentivar essa implementação estão crescendo.

No ano passado aconteceu o World IPv6 Day, uma data onde sites como o Google e o Facebook forneceram o seu conteúdo também em IPv6, para testá-lo. No Brasil, aconteceu uma ação parecida em março: a Semana IPv6.  E em 6 de junho, acontece o World IPv6 Launch, onde esses e outros sites,  como o portal Terra, além de provedores e fabricantes de roteadores, devem passar a usar o IPv6 em definitivo.

E a exemplo do que já acontece em portais que adotaram o IPv6 de uma vez por todas, as conexões com IPv4 continuam funcionando normalmente. Por isso, é bom frisar: o IPv4 não será substituído pelo IPv6, e os dois funcionarão simultaneamente na internet. Com isso, você não ficará sem internet em algum momento, mesmo se o IPv6 for largamente usado e você ainda estiver com o velho IPv4 de sempre.

E o que eu faço?

O cabo da internet permanece o mesmo, não se preocupe.

Aí, depende do seu provedor de internet. Alguns, principalmente nessa fase inicial de implementação, devem usar os tunnel brokers, que permitem que você acesse conteúdos em IPv6 mesmo que esteja usando equipamentos que ainda trabalhem em IPv4. Neste caso, você não precisa fazer nada.

Caso a sua operadora use o IPv6 nativo, sem túneis ou gambiarras, aí você deverá trocar o modem da sua conexão para um compatível. Provavelmente, você receberá algum aviso do provedor caso seja obrigado a fazer isso. Mas apenas o modem deverá ser trocado: o hardware do seu computador e todos os sistemas operacionais mais modernos também suportam IPv6. Fora isso, pouca coisa muda, mas você pode ter certeza de que a internet continuará crescendo e criando cada vez mais coisas legais, como aqueles vídeos de gatinhos que todo mundo adora.

Se você for um daqueles curiosos que adora testar tudo antes de todo mundo, uma dica é usar o SixXS ou o gogoNET como tunnel broker para acessar a internet em IPv6.  Eles não são a melhor saída para isso, mas deve ser o suficiente para matar a sua curiosidade em ver como ele funciona. Usando eles, talvez a sua conexão fique lenta, mas fique tranquilo, isso não é uma característica do IPv6. Na verdade, como esses túneis são gambiarras para usá-lo, é até normal que a sua conexão fique um pouco mais lenta.

Para testar a sua conectividade com o IPv6 você pode usar testes como o test-ipv6.com, que te dá um relatório completo sobre o que você quer saber. Ou então, tente entrar em ipv6.google.com: se funcionar, a sua conexão tem IPv6!

Então, agora que você já conhece o IPv6, não tenha medo dele. Pelo contrário, se o ver, dê um abraço e o agradeça, afinal, é ele que vai permitir que a internet continue a ser tão maravilhosa como é hoje. E não se assuste caso você peça o IP de um amigo pra jogar com ele e receba um fd00:dead:dead:beef:fade:f00f:d00d:1236 como resposta.

Ah, fica uma dica: se você ainda continua curioso sobre assunto, vale a pena ver sites como o IPv6.br ou o da Internet Society sobre o assunto, que trazem informações mais detalhadas. Outra dica é esta página, que traz previsões de quando os blocos de IPs das entidades regionais devem acabar, além de gráficos e textos sobre o assunto.

Tags: Internet

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