Há alguns dias o Google fez o surpreendente anúncio de que o Google Reader seria descontinuado. Embora não hajam dados oficiais em relação ao número de usuários do serviço, toda a agitação que esse acontecimento causou na internet deixou bem claro que o Google deixou milhares de usuários na mão ao dar fim a um serviço que era o principal em sua categoria (isto é: leitores de feeds). Poucos dias depois, o mesmo Google que matou (ou avisou que irá matar) o Reader anunciou o Keep, um novo serviço para que os usuários façam anotações e lembretes de seu celular Android ou da web. Diante dessa situação toda, vi alguns amigos no Twitter se relutando em usar o Keep por medo da ferramenta ganhar o mesmo fim do Reader. Alguns usuários estão se perguntando: Dá pra confiar no Google?
Resposta curta: Sim, dá.
É algo bom os usuários escolherem bem onde deixar seus dados em tempos de computação em nuvem. Apesar de toda a segurança e praticidade de ter as suas coisas guardadas em vários servidores ao redor do mundo, sempre existe o risco do serviço que você usa ser descontinuado por uma série de motivos. Não se sabe o que levou o Google a fazer isso com o Reader, mas uma coisa é certa: o Google não é bobo. E o Reader era um serviço que estava sendo cada vez menos utilizado, já que com o aumento do uso das redes sociais, os Feeds, que já eram pouco usados, passaram a ser ainda menos usados. Prova disso é que a grande maioria dos responsáveis pela agitação causada pelo fim do leitor de Feeds eram leitores de blogs de tecnologia — e eu arriscaria dizer que estes eram responsáveis pela maior parcela dos usuários. O RSS foi uma tecnologia essencial em outros tempos, mas a web mudou — e continua mudando.

Obviamente, mesmo com pouco uso por parte do público geral, o Reader era um produto relevante (talvez mais relevante que alguns serviços ainda mantidos, como o Orkut), mas não valia a pena para o Google. Além de não haver retorno financeiro quase nenhum, o foco do gigante de Mountain View agora é o Google+, rede social que está sendo cada vez mais empurrada goela abaixo nos usuários – o próprio Reader migrou os compartilhamentos, que antes eram mostrados no próprio Reader, para o feed da rede social.
Mesmo com todas essas razoes para o fim do Reader, o buscador gigante deu um aviso com alguns meses de antecedência e disponibilizou uma ferramenta para exportar os dados. Tempo mais que suficiente para que o usuário busque uma alternativa para o serviço. O Google pode não estar sendo tão bonzinho, mas ele continua não sendo mau. Poucas empresas são tão confiáveis quanto o Google para hospedar seus dados: não só por questões de infra-estrutura dos servidores, mas também porque ele nunca vai tirar alguma coisa da tomada da noite pro dia. Na pior das hipóteses, você terá tempo suficiente para procurar outra ferramenta — por mais trabalhoso que isso possa ser.
Apesar de todos os motivos para confiar no Google, é sempre bom ter um plano B: procure ter sempre em mente algum substituto para o que você precisa, e procure manter backups locais de seus dados quando possível. Por mais confiável que seja um serviço, precaução nunca é demais. Você nunca sabe quando o Google (ou seja lá quem for) vai desligar outro Reader. E se ainda não achou a sua alternativa favorita, confira nosso post com as melhores indicações pra você.
Mais sobre o assunto (em inglês):
Código de Conduta do Google: Code of Conduct – Investor Relations – Google
Thread no Quora: Google Reader Shut Down (March 2013): Why is Google killing Google Reader?