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Servidores: dicas para iniciantes (parte 1)

Uma área que me interessa muito é a de servidores de redes. Lembro-me que ficava fascinado com anúncios daqueles servidores Dell PowerEdge, ou dos HP Proliant, que custavam (e ainda custam) um bom dinheiro, e ficava imaginando como devia ser fantástico trabalhar com uma máquina dessas… Lembro-me também da minha boca aberta ao ver 3 deles no meu emprego atual, logo quando entrei.

Pois bem, o tempo passou, e hoje eu praticamente vivo disto =) E com a experiência vinda dos muitos problemas e desafios que tive que encarar, resolvi escrever este artigo, voltado a quem ainda não entende muito bem o que é um servidor, como configurar um, e como resolver problemas.

Primeiro: vejo que há muito misticismo em relação ao termo “servidor”. Afinal de contas, o que é um servidor ? Reposta: um equipamento que hospede algum serviço que é compartilhado com outros usuários da rede. Não tem nada a ver com o porte da máquina, com o sistema operacional que ela roda, ou com a quantidade de acessos simultâneos. Um Pentium 100 rodando Windows 95, que possuir uma pasta que é compartilhada para outros, é um servidor de arquivos; um 486 com o Linux, e que distribua o acesso à internet para um setor, é um servidor (ou, neste caso, gateway) de acesso à internet.

Se um servidor é somente isto, para que existem então máquinas e sistemas operacionais próprios para a tarefa, como o Windows Server ou mesmo o Linux?

No caso das máquinas, é porque conforme o número de acessos simultâneos e/ou a criticidade aumentam, é necessário possuir um hardware no qual você possa confiar – isto é, que não trave toda hora, que tenha um suporte bom, rápido e duradouro, e em alguns casos, que tenha sido homologado (aprovado) para uso com o seu sistema. O hardware de uma máquina própria para servidor não é muito diferente de um desktop, exceto pela qualidade do conjunto, pelos eventuais recursos de hot swap (“troca quente”, ou seja, troca de peças com o computador ligado) e pelo uso de padrões pouco comuns em desktops, como barramento SCSI e memórias ECC.

Já no caso dos sistemas operacionais, a questão é diferente. Sistemas voltados a servidores tendem a ser mais robustos, isto é, funcionam melhor, permitem mais tarefas simultâneas, e gerenciam melhor os recursos de hardware. Há também a questão da homologação (certos sistemas só rodam ou só serão suportados no Windows Server 2003 ou no Red Hat Linux, por exemplo).

Onde o Linux entra nesta história? Ele vem como uma alternativa mais barata (ou gratuita), flexível, viável e confiável para atuar como servidor de diversos serviços. E como desktop também, claro, mas este não é o foco deste artigo. Com ele, você pode compartilhar arquivos e impressoras, distribuir uma conexão internet com direito a controles de acesso e banda, entre muitas outras coisas. Para quem não sabe, o Linux em si é apenas um kernel (núcleo), o coração de algo maior; o conjunto do kernel e dos demais aplicativos forma a distribuição (distro). Há as distribuições pagas (Red Hat, Novell, etc.) e as gratuitas (Debian, Ubuntu, Kurumin, etc.), e há muitas delas por aí, cada uma voltada a um público específico.

Voltando aos servidores, há as distros que costumam ser apontadas como as “ideiais” para um servidor, como é o caso da Debian, Slackware, Gentoo, Red Hat, entre outras. Na verdade, a distribuição ideal é aquela que você saiba usar. Particularmente, eu prefiro o Debian, pois a versão estável deles é muito bem testada, e conta com um bom suporte. Mas você é livre para usar o que bem entender.

Para facilitar as coisas, segue uma relação de serviços comuns que podem ser hospedados pelo Linux, e o programa correspondente para isto, bem como seu site oficial:

  • Compartilhamento de arquivos e impressoras* para o Windows: Samba
  • Compartilhamento de impressoras para Windows e Linux: CUPS
  • Compartilhamento de internet com controle de acesso, banda e registro de acessos: Squid
  • Servidor de páginas de internet: Apache

* Na verdade, o Samba funciona apenas como uma ponte para o CUPS ou outro sistema de impressão, já que estes não falam diretamente com o Windows.

Há muito material por aí explicando detalhadamente o processo de instalação e configuração destes serviços. Pesquise com calma, faça os devidos testes, e você vai poder montar o seu servidor depois de algum esforço =)

Por ora, é só. No próximo artigo da série, pretendo passar algumas dicas gerais de instalação e configuração, e de resolução de problemas em servidores Linux.

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