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Turning Point: Fall of Liberty

O Guia do PC traz a vocês, leitores, uma super-análise de um dos jogos mais criticados dos últimos meses.

Turning Point: Fall of Liberty, um título de grande potencial, teve sua produção literalmente arrasada por vários problemas. Por que tantas críticas? O que houve de errado? Vale a pena jogar?

Leia nossa análise agora mesmo!

Ficha técnica
Título: Turning Point: Fall of Liberty
Produtora: Codemasters
Desenvolvedora: Spark Unlimited
Plataformas: PC, Xbox 360 e PlayStation 3
Engine: Unreal Engine 3.0
Data de lançamento: 26/02/2008
Gênero: Tiro em Primeira Pessoa (FPS)
Versão: 1.0
Requerimentos mínimos:
– Processador: Intel Pentium IV 2.4GHz ou AMD Athlon equivalente;
– Memória RAM: 1GB;
– Placa de vídeo: 3D de 256mb, NVIDIA GeForce 6600GT / Radeon X1600XT, ou melhor;
– Espaço HD: 6GB;
– Placa de Som: compatível com DirectX 9.0c;
– Unidade de Leitura: DVD-ROM;
– Sistema Operacional: Windows XP / Vista;
– DirectX 9.0c.

Requerimentos recomendados:
– Processador: Intel Core 2 Duo 2.2GHz ou AMD Athlon 64 X2;
– Memória RAM: 2GB;
– Placa de vídeo: GeForce 8800GTS ou Radeon X1950 XTX;
– Espaço HD: 6GB;
– Placa de Som: Creative Sound Blaster X-Fi SoundCard;
– Unidade de Leitura: DVD-ROM;
– Sistema Operacional: Windows XP / Vista;
– DirectX 9.0c.

Prós:
– História excelente;
– Cenários bem reproduzidos;
– Trilha sonora envolvente;
– Clima cinematográfico;
– Sistema de lutas corpo-a-corpo divertido.

Contras:
– Má execução da trama;
– Gráficos pobres e engine mal programada;
– IA deficiente;
– Sem opções de filtros Anti-aliasing e Anisotropic;
– Campanha curta, cerca de 5 a 6 horas de jogo.

E se os nazistas tivessem invadido a América? Ou melhor, e se esta história tivesse sido melhor apresentada?

O mercado de jogos, em especial os do gênero FPS, já está saturado de títulos que se passam durante a Segunda Guerra Mundial. Isso é fato. É raro encontrar algum gamer que nunca tenha ouvido falar nas batalhas cinematográficas de Call of Duty, ou nos enormes campos de batalha de Medal of Honor. De um jeito ou de outro, todos eles reconstroem fielmente vários confrontos do maior conflito bélico na história da humanidade.

Usando como base esses eventos históricos, muitas produtoras de jogos e filmes criam uma realidade alternativa, em especial, baseado na famosa pergunta “E se…?”. Um dos últimos exemplos de adaptações neste estilo foi o título “Resistance: Fall of Man”, lançado apenas para PlayStation 3, onde a Segunda Guerra Mundial serviu de contexto para uma invasão alienígena.

É óbvio que realidades alternativas devem ser muito bem planejadas e apresentadas, para não parecer uma realidade “impossível” e sim usar uma trama que chegou perto de se tornar verdade. Tal qual este planejamento não ocorreu com Turning Point: Fall of Liberty, um jogo que tinha tudo para ser a melhor (apresentada) realidade alternativa já vista em vídeo-games. Produzido pela mesma equipe de Call of Duty: Finest Hour, este apenas lançado para consoles.

América sob ataque!

Na realidade alternativa apresentada em Turning Point, o primeiro-ministro inglês da época, Winston Churchill, morre em um acidente de táxi em Nova York em 1931, oito anos antes de a Segunda Guerra Mundial estourar. Sem sua palavra e liderança, a Alemanha nazista dispara em um avanço fulminante e em meados dos anos 40, já havia invadido a Inglaterra e dominado a Europa, Oriente Médio e África. Em 1953, com o apoio do Japão, os alemães invadem toda a costa leste americana, com um ataque surpresa que domina os Estados Unidos em menos de uma semana.

Você, por sua vez, assiste todo o início da invasão alemã do topo de um edifício em construção logo na costa de Nova York – área central do ataque -, na pele do operário Dan Carson. Apesar de esta introdução ser feita sem detalhe algum sobre quem você é e por que exatamente estava lá, a apresentação do jogo causa uma primeira impressão perfeita. A cena que se vê do arranha-céu é de arrepiar: navios disparando contra os prédios de Nova York, a Estátua da Liberdade sendo bombardeada, caças alemães voando entre os edifícios, dirigíveis cruzando os céus e aviões derramando uma chuva de pára-quedistas. Ver, por exemplo, seus companheiros de trabalho sendo metralhados e caindo prédio abaixo é algo muito intenso. O objetivo simples nesta parte é apenas dirigir-se ao térreo.



Operation Humpback Whale – a invasão da costa americana pelas forças do Eixo

A esperança americana

Assim que avança, o jogo vai entregando sua verdadeira realidade, sem trocadilhos. Não há muita coisa a se fazer, além de seguir por trajetos simples e diretos, plantar bombas, defender posições e atacar determinadas áreas. Logo se percebe que a mecânica do jogo é uma mera cópia de outros títulos de guerra já consagrados, como Call of Duty, só que aqui, adaptada com bem menos capricho.

Apesar disso, o jogo continua estável, apresentando uma espécie de sub-contexto, em cima da realidade alternativa apresentada no começo da trama. Os Estados Unidos tiveram seu governo rapidamente dominado pelos nazistas e uma ordem foi dada para que todos os que ainda resistiam à ocupação alemã se rendessem. Você, juntamente com a guarda nacional, é claro, não podem deixar barato e partem para acabar com isso. Uma ótima desculpa para uma trama que foi mal explorada.

Combates corpo-a-corpo

É bom também destacar que o jogo oferece um sistema de combate corpo-a-corpo no mínimo divertido. Basta se aproximar de um inimigo, apertar o botão de ação e escolher entre usar o sujeito de escudo humano ou matá-lo com um golpe fatal. Isso, de certa forma, coloca um pouco mais de dinamismo naquele “bang-bang” de guerra.

Tecnologia nazista

Para aqueles que gostam de apreciar o jogo pelo lado histórico, Turning Point também não deixa a desejar tanto assim. Os produtores fizeram com que muitas das armas e veículos vistos no jogo fossem baseados em projetos e/ou protótipos criados durante a Segunda Guerra Mundial, pelos alemães, sendo que alguns nunca entraram em produção.


Blimps alemães

Além dos dirigíveis enormes que mais se parecem cidades voadoras, há os Blimps, uma espécie de dirigível menor de uso militar que utiliza um sistema rústico de propulsão; e os tanques super-pesados alemães Panzer VIII Maus e Landkreuser P 1000 Ratte, cujo quais jamais entraram em combate no conflito verídico. Há adaptações da conhecida sub-metralhadora MP40 (apresentada aqui como MP50) e o rifle Gewerh que ganhou uma adaptação de Sniper com mira infra-vermelha.

Super-tanque alemão

Soldados alemães e o super-tanque atacam!

Falta de capricho

Como você já deve ter lido nesta análise, Turning Point: Fall of Liberty foi muito mal caprichado, principalmente no aspecto gráfico. Apesar de utilizar a Unreal Engine 3 (a mesma de BioShock e Gears of War) e o motor físico AGEIA, as texturas do jogo apresentam um nível pobre de detalhes e uma visível má programação da física em algumas partes do jogo, como o conhecido problema de ficar “preso” em um canto do cenário.

Além de ter uma tela de configurações gráficas pra lá de simples, o jogo não fornece nenhum tipo de filtro (Anti-Aliasing, por exemplo), que minimizam o “serrilhado” das texturas, deixando com cara de velho e podendo ser comparado a jogos de cinco anos atrás. É claro que em um ou outro fator, o jogo ainda mostra sinais de capricho, como nas animações bem feitas e figurinos ótimos, mas no geral, é ruim.

Vai um anti-aliasing aí?

Como se ainda não fosse o bastante, os carregamentos do jogo são muito longos e acabam por esfriar a ação do jogo. Não apenas entre missões isso acontece, mas também em partes dentro de um combate em que o jogo precisa ser parado para carregar a próxima parte, um sistema até comum em outros FPS com grandes cenários, mas aqui, é visível a falta de uma boa programação.

A campanha é bem pequena para o gênero e uma história tão boa. Em pouco mais de 5 horas de jogo, é possível finalizar Turning Point, sem maiores problemas. Isso não quer dizer que seja ruim, neste aspecto, mas o jogo apenas consegue cativar (pelo menos os fãs do gênero) pelos combates divertidos.

Dan Carson, o herói da resistência; possibilidade de pendurar-se em tubos

A Inteligência Artificial é deficiente também. Algo comum, não só aqui, é seus companheiros entrarem constantemente em sua linha de fogo ou avançarem sem qualquer tipo de cobertura para cima do inimigo ou uma posição de metralhadora – um suicídio. Os inimigos também possuem um grave problema para procurar cobertura, o que pode ou não ser bom, dependendo do ponto de vista. Às vezes é comum ver um alemão “escondido” atrás de grades ou barras de metal finíssimas. Algo cômico é ver seus oponentes chutando ou arremessando granadas prontas a explodir em direção à parede ou ao teto e logo em seguido retornando na cara do desafortunado.

Mesmo com uma trilha sonora excelente (falaremos sobre isso no próximo tópico), o som parece “estourar”, com barulhos de tiros e tanques muito graves, que acabam por irritar o jogador, principalmente nos momentos de fogo intenso.

Pense duas vezes

Deixando um pouco de lado os (vários) pontos ruins, vamos ao por que você deve pensar duas vezes antes de jogar Turning Point. Mesmo com tantos problemas, o jogo guarda elementos interessantes. Sem levar em conta os gráficos, os cenários foram muito bem reproduzidos. Com um pouco mais de capricho nos filtros de texturas, o jogo apresenta uma riqueza absurda de detalhes em certos lugares, principalmente em Nova York.

É possível ver reproduções fiéis dos arranha-céus nova-iorquinos, tais como o clássico Empire State Building, o edifício Chrysler e a Estátua da Liberdade. O problema é que o nível de detalhamento pesado somado a uma engine mal adaptada causa quedas de FPS (frames por segundo) constantes durante algumas partes do jogo, dificultando alguns combates.

Edifício Chrysler, ou o que restou dele

Mesmo assim, é realmente complicado lembrar-se de algum jogo que tenha reproduzido tão fielmente esses símbolos americanos. Ver a Casa Branca com bandeiras da suástica estiradas sobre ela e ruas com dezenas de propagandas nazistas é algo bem chamativo. Essas situações nos fazem pensar e refletir como seria o mundo atual se a realidade alternativa de Turning Point não fosse de fato “alternativa”. O cenário de destruição nas ruas, como papéis chovendo de arranha-céus, malas jogadas em frente a casas, veículos destruídos no meio de ruas, civis fugindo da invasão alemã, também criam um clima de desespero no jogo.

A Casa Branca

A campanha, apesar de curta, tem até um certo dinamismo. Em algumas missões, você lutará bravamente ao lado de seus companheiros contra a opressão alemã, e em outras, se manter furtivo e sabotar equipamentos nazistas é fundamental. Enfrentar os monstruosos super-tanques alemães e os Blimps voadores é algo bem intenso, ainda mais em cenários bem detalhados. Não é apenas Nova York em que o jogo se passa. A primeira parte da campanha é sim na maior cidade americana, já na segunda, o jogador visita Washington D.C. e no último ato, a parada será na Torre de Londres.

O dirigível Leviathan “ancorado” na Torre de Londres

E por último, a melhor parte do jogo com certeza, fica por conta da trilha sonora de tirar o fôlego. Com composições dignas de filmes, os gêneros se adaptam perfeitamente ao clima de desespero americano e lutas corajosas.

Multiplayer rústico

Não há nada diferente no Multiplayer de Turning Point. Com um conteúdo bem pobre, o que se destaca é o mata-mata padrão, ou deathmatch sem nenhum tipo de novidade.

Considerações finais

A realidade alternativa digna de filmes e livros foi utilizada como uma isca para atrair os jogadores tanto pelo estilo de FPS quanto pela história. À primeira vista, o jogo consegue conduzir com maestria o caos gerado pela invasão alemã e a luta da resistência americana. Mas isso vai gradativamente diminuindo. À medida que se avança na campanha, o jogo perde sua verdadeira identidade e fica semelhante a qualquer outro shooter.

Gráficos rústicos, texturas extremamente pobres e falta de capricho para manter a trama do jogo firme marcam a parte ruim do jogo. Animações bem feitas, elementos históricos incrivelmente bem reproduzidos e clima cinematográfico, formam o time dos motivos pelo qual Turning Point ainda vale à pena.

Ame ou odeie. Não há meio termo. É claro que os fãs do gênero ainda se manterão animados por algum tempo no jogo. A jogabilidade, por sua vez, não tem sequer uma grande melhora e não supera qualquer outro FPS do gênero. O único diferencial é o sistema divertido de lutas corpo-a-corpo.

Não é necessário um bom computador para rodá-lo com total qualidade, até porque a pobreza gráfica não exige um hardware de ponta. Os níveis de qualidade que o jogo apresenta (os clássicos Low, Medium e High) não possuem um grande salto entre um e outro, por isso, não perca tempo esperando algo melhor na tela de opções.

Para finalizar, Turning Point: Fall of Liberty é estritamente recomendado apenas aos admiradores eufóricos de jogos de tiro em primeira pessoa que se passam durante o contexto da Segunda Guerra Mundial.

Notas:

Jogabilidade: 7.8
Enredo: 8.5
Gráficos: 6.5
Áudio: 7.8
Diversão: 7.5
Multiplayer: 5.0

Nota final: 7.8

Máquina utilizada na análise:
– Processador: AMD Sempron 2800+ 64bits
– Memória RAM: 1.5GB
– Placa de vídeo: Sapphire ATI Radeon X1950GT 256mb/256bits GDDR3
– Sistema Operacional: Windows XP
– Jogo testado em qualidade definida como High.

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Crysis

Tags: Jogos

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