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O Ubuntu está preparado para substituir o Windows?

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Que 2009 é o ano do Linux no desktop ninguém tem dúvida. Afinal, entra ano, sai ano, a promessa continua a mesma, e eu ainda estou perdendo meus cabelos em meio a tantas distribuições que rondam o mercado. Só para termos uma ideia, o site Distrowatch, um grande portal que acompanha o lançamento de praticamente todas as distribuições existentes, conta com uma lista de somente 100 da mais acessadas por dia no portal. Só este número já desanima muita gente a pensar que um sistema Linux pode, de fato, comprometer a hegemonia do Windows no desktop.

Eis o fundador da Canonical
Eis o fundador da Canonical

À parte de qual sistema é o melhor, talvez o ponto mais forte desta interminável discussão fique por conta da filosofia agregada a ele. É a velha questão do Open Source contra o Software Proprietário, que costuma exaltar os ânimos dos freetards – defensores ferrenhos e, muitas vezes, sem bom senso, de um sistema – e gerar brigas de grandes proporções.

Mas, do lado sério da história, fica a pergunta: teria o Linux a capacidade de se sobrepor ao Windows? Por favor não respondam. Ao invés disso, vamos analisar a resposta de ninguém menos do que Mark Shuttleworth, o bilionário excêntrico fundador da Canonical, empresa que mantém a mais popular distribuição Linux da atualidade, o Ubuntu.

Para o alto e avante…

Segundo o viajante espacial, se eles tiverem sucesso, poderão mudar o mercado de Sistemas Operacionais. Shuttleworth ainda afirma que, caso isto aconteça, “a Microsoft teria que se adaptar a situação, o que não seria nem um pouco ruim.” Hoje, há uma estimativa de que mais de 10 milhões de pessoas rodem o Ubuntu. Esses usuários podem representar uma grande ameaça à hegemonia do Windows, principalmente em países desenvolvidos, e, talvez, ainda mais em países em desenvolvimento.

Pode parecer insanidade, mas a fama do Ubuntu é realmente algo de respeito. Pode digitar qualquer dúvida de Linux em seu buscador favorito e, provavelmente, a primeira resposta será sobre o pinguim sul-africano. Além disso, grandes companhias como IBM, HP e Dell já vendem soluções para servidores baseadas no Ubuntu. Fora a quantidade de netbooks que vem com Linux pré-instalado.

Chris DiBona, o responsável pelo desenvolvimento de softwares open source da Google, acredita que o “Ubuntu capturou a imaginação das pessoas no mundo dos desktops.” E se há uma empresa no mundo que tem o poder de alavancar um sistema, esta é a própria Google. Aproximadamente metade dos 20 mil funcionários da gigante usam uma versão modificada do Ubuntu, apelidada de Goobuntu, fato que alimenta ainda mais os rumores de que eles estão trabalhando em um sistema operacional próprio. Para manter o Picasa no Linux, por exemplo, a Google contribuiu extensamente com o projeto Wine, um software de código aberto capaz de rodar aplicações Windows em ambiente Linux, ajudando muito a comunidade que propõe compatibilizar programas exclusivos da plataforma da Microsoft.

O crescimento do sistema é algo assustador. É cada vez maior o número de usuários que migram para o universo Linux, por diferentes razões. Seja porque acabou de adquirir um notebook ou PC equipado com o sistema e não quer perder a garantia formatando, ou porque não quis/não soube substituí-lo por um Windows pirata ou mesmo original, dado seu alto custo.

Números

Vamos nos aprofundar um pouco mais nos números. A Canonical emprega hoje, em sua sede em Londres, pouco mais de 200 funcionários em tempo integral. Mas, graças ao número de voluntários trabalhando em seu desenvolvimento através da internet, este número vai muito além. A empresa custeou a participação de cerca de 60 programadores no Ubuntu Developer Summit, uma reunião realizada a cada lançamento para discutir os rumos da próxima versão. Mais de 1.000 que programadores trabalham no projeto Debian disponibilizam seus softwares à Canonical. Some a isso um exército de 38.000 voluntários inscritos somente para contribuir com a tradução do sistema para suas línguas nativas. Além das milhares de vozes pela internet que divulgam, auxiliam e contribuem como podem para o crescimento do sistema.

A IDC, conceituada empresa responsável por efetuar pesquisa de mercado no ramo de tecnologia, estima que 11% das empresas americanas utilizam soluções baseadas em Ubuntu. Mas, é a Europa que concentra o maior número de computadores rodando o pinguim. Na Macedônia, o departamento de Educação distribui 180 mil cópias do sistema para crianças, enquanto na Espanha, o órgão que gerencia as escolas do país tem 195 mil máquinas rodando Ubuntu. Na França a coisa fica ainda mais séria. A Assembléia Nacional e a Gendarmerie Nationale, uma espécie de polícia militar nacional francesa, confia no Ubuntu 80 mil computadores. Nada mal, não?

Espetacular Desktop Ubuntu personalizado pelo autor [eu]
Espetacular Desktop Ubuntu personalizado pelo autor (eu)

Cifras

Oferecer um sistema completo e funcional, com soluções para Desktop e servidores e distribui-lo gratuitamente para quem quiser, para qualquer parte do mundo não é uma tarefa das mais baratas. Há custos para manter toda essa infra-estrutura, ainda mais de um produto com a filosofia do Ubuntu. Enquanto a maioria das outras distribuições mantém duas versões de seus sistemas, uma gratuita e outra paga, mais parruda e com suporte, a Canonical oferece logo de cara o que há de melhor na casa. Com isso, ela espera que as empresas que utilizam seu sistema os contratem para organizar e gerenciar grandes servidores ou até mesmo grupos de desktops.

Uma outra parte da renda dos aproximados 30 milhões de dólares anuais que a empresa angaria, vem dos negócios com montadoras de PC, como a Dell, que oferecem computadores com o Ubuntu instalado de fábrica. Com um lucro que decerto não assusta a Microsoft, Shuttleworth afirma que trata-se de um valor capaz de financiar atualizações regulares para o Ubuntu. “Um sistema operacional totalmente gratuito e que consegue se auto-sustentar, pode mudar completamente a visão das pessoas que usam o software todos os dias. Nós não estamos criando a paz mundial ou mesmo tentando mudar o mundo, mas nós conseguimos entregar às pessoas aquilo que elas esperam e a quantidade de inovações por dólar que elas esperam.”

Vista e Ubuntu

A Microsoft empregou 10 mil pessoas na produção do Windows Vista, com um investimento bilionário, durante 5 longos anos. O resultado, inicialmente, foi um sistema que apresentou uma série de problemas e não conseguiu cair nas graças do público. Do outro lado, a Canonical lança uma versão do Ubuntu pontualmente a cada 6 meses, sempre trazendo a última palavra em software-livre e compatibilidade com os hardwares mais novos, oferecendo uma gama de aplicativos capazes de realizar as tarefas mais comuns a todos os usuários, sem complicações e a um custo zero, rivalizando com a Microsoft e seu caro sistema operacional que faz a mesma coisa!

Com isso tudo que nós vimos, Shutteworth fecha com uma frase simbólica: “Está muito claro para mim que o processo de desenvolvimento do Software Livre produz coisas muito melhores.”

Terminando

Certo ou não, está cada vez maior a participação do Ubuntu no mercado. Lembra daquela lista do Distrowatch? Pois é, adivinha só quem é o primeiro colocado? Quem já usou o sistema viu que não é nada parecido com aquela ideia macabra que muita gente ainda tem do Linux. Pelo contrário, é bastante intuitivo e fácil de usar. Claro que ainda há muito chão, mas eu lhes deixo aqui uma pequena charada: Certo tempo, enquanto eu ainda me metia a arrumar o computador dos outros, cansei de me deparar com pessoas que usavam seus PCs sem instalar os drivers de vídeo.  Reclamavam que era lento e que alguns jogos não funcionavam, mas não faziam a mínima noção que era necessário instalar algo chamado ‘driver’. Adivinhem qual sistema elas estavam usando porque achava que era o mais fácil?

Pois esse é o usuário normal, que precisa “bater um texto no Word” ou ouvir um pagode – sem preconceitos – enquanto entra no Orkut. É para ele que um sistema tem que ser pensado. E se no dito mais fácil sistema ele não consegue se virar, então quem foi que disse que tem que ser Windows?

Fonte: International Herald Tribune.

Obs: Conforme desabafo publicado nesta página, deixo claro que as informações principais deste artigo foram, de fato, retiradas da matéria publicada no IHT, bem como as DECLARAÇÕES nela contidas foram traduzidas. Contudo, ao invés de traduzir e publicar todo o conteúdo, me propus a passar aos leitores meu entendimento, sem, por isso, deixar de creditar o veículo que apurou as informações divulgadas na matéria original. Eu, como qualquer outro membro da equipe, não faço cópias.

Tags: Destaques, Linux, Microsoft, Windows

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