Análises

Review: Ubuntu 12.04 LTS “Precise Pangolin”

Há poucos dias uma nova versão do Ubuntu veio ao mundo. E como é de costume, o Guia do PC baixou e testou o Ubuntu 12.04 LTS, codinome Precise Pangolim. Assim, surgem algumas perguntas: Será que vale a pena instalar ou atualizar? Quais as novidades? Será que essa versão está à altura de outras? Tudo isso vai ser respondido agora, na análise do sistema operacional da Canonical. VEM GENTE! :D

Obtendo e instalando o Ubuntu

O primeiro ponto a ser questionado é o modo de obtenção do Ubuntu e quão amigável é sua instalação. No Ubuntu pode-se dizer que é simples fazer tudo isso. Para baixar é só entrar no site oficial e você consegue encontrar logo aonde ir. Único porém é que o site é em inglês.

Não existe uma versão em português. Apesar da empresa britânica estar instalada no Brasil, tendo um escritório em São Paulo, não existe um site oficial na nossa língua. Esse é um problema bem sério para uma empresa que já declarou que o Brasil é peça-chave para sua estratégia comercial. Isso pode afastar o público mais leigo, que pode não saber o que fazer se o site não tem instruções em português do Brasil. Até pode gerar dúvidas se o sistema é somente em inglês ou tem múltiplas opções de idiomas (sim, ele é multi-idioma).

Esse problema fica em segundo plano quando você vai instalar. Tudo é extremamente amigável. Até mesmo o mais leigo usuário consegue fazer tudo de maneira simples. Não há mistérios na instalação do Ubuntu, além de ser muito rápida. Até mesmo uma instalação “dual boot”, junto ao Windows, é muito simples, bastando clicar em uma opção e mais nada.


A usabilidade e aparência

A interface do sistema continua a mesma de recentes versões, no entanto nota-se melhorias no Unity. Ele está mais leve, rápido e consumindo menos recursos que o KDE e Gnome 3.

Ubuntu 12.04 logo após a instalação

Agora a barra lateral ganha tons diferentes dependendo do papel de parede. Esses, aliás, aparecem na tela de login, como na versão anterior. Se o usuário A do sistema escolhe um papel de parece X e o usurário B escolhe o Y na tela de login, vai aparecer ao fundo a respectiva imagem escolhida.

A barra lateral no 12.04 é fixa por padrão, o que é bom, pois uma barra que some e esconde os programas que tenho minimizados não é agradável. Quem quer ela oculta que escolha a opção no menu “Aparência”, localizado no menu geral de configurações, e pode até mudar o tamanho dos ícones da barra.

O menu global, o Painel Inicial do Ubuntu/Unity, mudou. Agora mostra aplicativos recentes e arquivos recentes logo na primeira tela, o que complica a vida de quem não está acostumado. Onde estão os programas? Você terá que clicar no ícone com desenho indecifrável, na parte inferior ao lado da “casinha”, para vê-los. Terá ainda que ou clicar nos filtros, para ver os programas por categorias, ou clicar para expandir a seção de aplicativos instalados. Nada complicado, mas muito burocrático, com muitos passos, e muito escondido certas opções, o que faz ficar bem longe da simplicidade da antiga interface com Gnome 2.x. Parece que os desenvolvedores do Ubuntu não perceberam que isso é um ponto negativo que mexe muito com a usabilidade.

Janelas minimizadas de um mesmo programa agora, da tela de escolha para restaurar, aparecem instantaneamente, de modo fluido. Continua sendo uma burocracia chata, mas ficou rápido, bem diferente da versão anterior.

O menu de configurações gerais, localizado no botão na parte superior direita, facilita muito a vida. Lá encontra-se desde o menu de configurações do sistema, que centraliza todas as opções do Ubuntu, até o botão de desligar.

Outro ponto relevante é a já tradicional barra de menus dos programas ser deslocada para a parte superior do sistema, como acontece com o Mac OS X. Já existia isso desde o lançamento do Unity, claro, mas o que é para ser observado é que foi mantido o”modo oculto”. Enquanto no Mac OS X o menu sempre aparece enquanto o programa está em foco, no Ubuntu ele fica escondido até você levar o mouse à barra superior. Isso dá uma agradável sensação de design limpo.

Os efeitos do Compiz estão suaves e sóbrios. Janelas pegando fogo e gelatinosas por padrão não parecem. Se quiser algo do tipo não existe configurador instalado e vai ser preciso baixar na Central de Programas.

HUD e Vídeo Lens

HUD, ou Head-Up Display, é uma revolucionária ferramenta… de acordo com a Canonical. HUD é diferente de tudo visto mesmo, mas sou cético em acreditar que a ferramenta irá fazer sucesso com o grande público. Até para usuários avançados o conceito é novo e questionável para criar efervescência entre as pessoas. Mas tudo bem. HUD não deixa de ser uma boa novidade.

Com o HUD você não precisa mais de mouse. No lugar de um apontador você pode digitar o que você quer fazer. É estranho e não dá para imaginar de imediato, mas o conceito pode ser visto neste vídeo:

Lens, que já existia, agora é instalado por padrão. Você vai poder procurar vídeos que estão no seu computador e vídeos online em vários serviços diretamente no Ubuntu. Nos testes mostrou um algoritmo de pesquisas online não tão bom quanto de um bom serviço de buscas, como Google ou DuckDuckGo, mas quebra o galho.

Lens procura em vários serviços de vídeo online

Privacidade

Precise Pangolin” adicionou uma função muito bacana. A função de privacidade faz com que o sistema não registre certas movimentações e não grave informações de certos lugares. Se quiser que seus vídeos de sacanagem não fique aparecendo nos “Arquivos recentes” no Painel Inicial, bloquei a pasta em “Privacidade”.

Privacidade e intimidade em primeiro lugar

Desempenho

Ubuntu 12.04 está bem leve. O sistema todo mal consume míseros 256MB de RAM assim que liga. O gerenciamento de memória está muito bom também e o Compiz, gerenciador de janelas padrão, fez uma boa dieta. Quem ainda não tem um bom processador gráfico pode escolher também o Unity 2D.

O sistema ainda está muito rápido. Testes de inicialização do sistema mostram que essa versão está com um desempenho muito melhor. O sistema de arquivos padrão, Ext4, mostra-se muito (muito!) mais veloz que o badalado Btrfs da Oracle, que será padrão de futuras versões do Fedora.

No entanto todo o desempenho mostra-se excelente em computadores novos. Em máquinas antigas o desempenho não é agradável. A lentidão da inicialização, por exemplo, é evidente. Enquanto a versão 12.04 é muito mais rápida e tem um desempenho muito melhor que outras versões em novos computadores, em antigos a coisa é justamente contrário.

Consumo de energia

Consumo de energia é uma das principais preocupações para quem usa equipamentos portáteis. Versão 11.10 sofreu de uma forte regressão no consumo de energia, fazendo o Ubuntu consumir mais bateria. O motivo era o modo que o kernel trabalhava com o ASPM (Gerenciador Ativo de Estado de Energia). Esse bug foi corrigido por Matthew Garrett, funcionário da Red Hat. O patch que Garrett fez foi adicionado ao kernel 3.0.20 (Ubuntu 11.10 tem kernel até o 3.0.17) e a partir do 3.2.

Por ter o kernel 3.2 o Ubuntu 12.04 não tem problemas de energia. “Precise Pangolin” consume muito menos bateria que as versões anteriores do Ubuntu.

Longo suporte

“Precise Pangolin” é uma versão LTS, Long Term Support, ou seja, é uma versão de suporte estendido. Com essa versão não é necessário ficar preocupado por longos 5 anos. A Canonical garante o suporte por meia década.

Múltiplos monitores

Agora a nova versão é compatível com múltiplos monitores por padrão. Inclusive pode-se escolher em qual monitor ficará a barra do Unity.

Multiplos monitores
Multiplos monitores - O Ubuntu agora suporta por padrão

Pacotes de aplicativos

Não há grandes mudanças. O que pode-se destacar é a mudança do tocador de áudio. Sai o Banshee e entra o Rhythmbox. Isso é muito bom, pois ninguém merece ser castigado a usar um programa feito em Mono. Além disso o novo player funciona em conjunto com o Ubuntu One: Music Store. Você pode comprar músicas diretamente do tocador.

Central de Programas

Não há novidades na Central de Programas do Ubuntu. Único detalhe relevante é sua velocidade de abertura, que melhorou muito e está mais rápido.

É também algo para comentar o serviço de compras. A seção de programas para comprar não tem a variedade de aplicativos como da App Store da Apple ou Google Play, antigo Android Market. Apesar disso aumentou significamente o números destes softwares.

Central de Programas do Ubuntu você pode baixar e instalar programas tanto grátis como pagos

Conclusão

A nova versão do sistema operacional da empresa britânica Canonical não trouxe novidades incríveis, com mudanças radicais na usabilidade, ou algo de abalar o mundo da tecnologia. Como é tradição as versões LTS, de suporte estendido, não ousam como outras (como a futura 12.10 pretende), mas apenas melhoram o que já tem. E isso a “Precise Pangolin” fez muito bem, já nascendo um sistema estável, rápido e confiável, já tornando-se uma versão lendária, como a 10.04, outra LTS, foi.

Quem está na versão 11.10, atualize sem medo. Quem nunca testou o Ubuntu, teste. Não há versão melhor para começar que a 12.04. Então, você já é usuário da distribuição Linux mais popular de todas? Nos conte o que achou das mudanças trazidas por esta nova versão. Gostou? Poderia ser melhor? E você que nunca usou Linux mas está curioso para explorar este novo mundo, gostou de nossa análise? Se empolgou para usá-lo? Vamos conversar um pouco nos comentários! :D

Enquanto isso, veja outros textos da nossa coluna Review da Semana:

Tags: Destaques, Linux, Review da Semana

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