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Traffic Shaping: o que é, como funciona e como burlar?

Vish.
Vish.

Estava lá eu, procurando um lindo download para fazer com a minha Internet super-hiper-ultra-mega-power rápida de 100 Mbps e eis que aparece uma coletânea com programas essenciais para Windows que eu adoro (risos).

Tudo muito bem, muito legal, quando você percebe que sua maravilhosa internet fora do comum está fazendo o download do tal arquivo com tamanha lentidão. E uma lentidão “constante”, onde não passa daquela determinada velocidade. Suspeitando de falhas, logo fiz um teste de velocidade e estava tudo normal. Liguei para o meu ISP (Internet Service Provider, o provedor da banda larga). Sem nenhum problema detectado entre mim e a rede deles.

Pois bem, esse é um problema enfrentado por muitos usuários e é conhecido popularmente como Traffic Shaping. O Traffic Shaping é um termo em inglês que é utilizado para definir a prática de priorização do tráfego de dados, através do condicionamento do débito de redes, a fim de otimizar o uso da largura de banda disponível para todos.

Algumas pesquisas mostram que aproximadamente 10% dos usuários de internet no Brasil são responsáveis por 80% do tráfego de dados nas redes do país. Ou seja, restam aproximadamente 20% de banda para a grande maioria dos usuários. Descoberta esta estatística, os ISPs começaram a ajustar a prioridade da banda larga de modo que a grande maioria também consiga acesso a sites decentemente (se bem que não tá tendo salvação nem assim).

Pensando nisso, eles limitam a velocidade de determinados protocolos, que exigem mais banda, como streamings (YouTube e similares), torrent e P2P em geral.

Funciona como o compartilhamento da internet entre casas. Quando todos estão usando a rede ao mesmo tempo, o serviço fica mais lento. Com o Traffic Shaping, os usuários compartilham a infra-estrutura de acesso à internet. E quanto mais pessoas usam, mais lenta ela fica, já que a carga dela fica mais comprometida.

O Traffic Shaping acontece por meio do bloqueio de determinadas portas de acesso de programas programas como µTorrent, Ares e similares usam portas para se comunicarem com a internet e fazer downloads. Os provedores, tendo noção disso, limitam a velocidade dessas portas, prejudicando a velocidade do download.

No Brasil isso acontece, e dá pra ver a olho nu, apesar das empresas (ir)responsáveis negarem até o fim. E a Justiça ainda contribui, mesmo que involuntariamente. Atualmente, o mínimo de velocidade garantido por lei para nós é 10% (sim, eu disse DEZ POR CENTO) da velocidade contratada, ou seja, se o contrato é referente a um serviço de 2 Mb/s, o mínimo que a operadora pode oferecer é 200 Kb/s, e sem reclamações de clientes. Mas isso está prestes a mudar, já que a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) quer exigir velocidade mínima de 60% do contratado, o que, no exemplo acima, seria 1,2 Mb/s. Consequentemente, o Traffic Shaping diminuirá. E se não diminuir, será possível reclamar desta vez.

O site measurementlab.net (em inglês) permite que você teste as limitações da sua conexão. Há também este site (também em inglês), que permite que você escolha rapidamente qual protocolo você deseja testar e ter o resultado logo. O teste dura aproximadamente oito minutos. Se você é vítima desse problema, pode dar um jeitinho e fazer com que os programas enviem dados criptografados. Programas para downloads de Torrent como BitComet, BitTorrent/µTorrent e o Vuze suportam a criptografia de dados. Com a criptografia ativada, não será possível (ou será praticamente) determinar o tipo de protocolo que está sendo usado.

Como deve ser feito no µTorrent.
Como deve ser feito no µTorrent.

Apesar de funcionar na maioria das vezes, alguns ISPs já estão inventando maneiras de bloquear qualquer coisa que use o protocolo torrent. E, ao se sentir prejudicado, não adiantará nem ligar para a Anatel, até porque as próprias operadoras negam os fatos. Resta a nós trocar de operadora. E torcer para que ela não pratique também o Traffic Shaping.

Tags: Internet

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