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Análise do Mandriva 2009: Completo, prático e estável

Saiu, no mês de outubro, a versão 2009 da famosa distribuição Linux Mandriva, que tem por objetivo tornar o Linux simples e fácil para todos, assim como o Ubuntu. Aliás, não é a toa que o Mandrake – distribuição que existia antes da fusão entre a francesa Mandrake e a brasileira Conectiva – foi um dos primeiros a oferecer um instalador gráfico fácil de usar, facilitando bastante a vida dos usuários que queriam utilizar ou apenas testar a distribuição. Toda essa facilidade deu ao Mandrake uma popularidade equivalente ao que o Ubuntu tem hoje. Isso aconteceu na época entre 2001 e 2004, quando ainda existiam poucas distribuições no mercado e o Ubuntu ainda não pensava em nascer. Naquele tempo, distribuições como Mandrake, Knoppix e Red Hat (ou Fedora) estavam no topo.

Hoje, o Mandriva é uma distribuição que não fugiu do seu foco inicial e continua conquistando usuários. Esta análise foi feita com base no Mandriva One 2009, com ambiente gráfico KDE 4 (o padrão da distribuição) e numa configuração low-end (um típico Pentium 4 com 512 MB de RAM e HD IDE).

O instalador

Como disse, o Mandriva não fugiu do seu foco inicial. Apesar de a versão testada ser um LiveCD, preferi começar pelo instalador, que é simples e fácil de usar, mas oferecendo mais possibilidades de configuração do que outras distribuições do mesmo porte. Na instalação, que dura cerca de 20 ou 30 minutos, o assistente faz perguntas relacionadas ao gerenciador de boot, exibe um particionador completo (e um assistente “clique e faça” para não confundir os mais iniciantes), além do novo “removedor de pacotes inúteis”, que evita que a distribuição seja instalada com softwares ou drivers que não serão utilizados. No meu caso, por exemplo, não vale a pena instalar um driver de vídeo da ATI sendo que minha placa é da NVIDIA, muito menos drivers legacy (apropriados para placas de vídeo como GeForce 2 ou mais antigas) ou os drivers novos (da série 173), que funcionam nas placas mais atuais.

Particionador, em modo expert
Particionador, em modo expert
Lista de pacotes inúteis
Lista de pacotes inúteis
Gerenciador de boot
Gerenciador de boot
Instalação concluída!
Instalação concluída!

O assistente inicial

No boot pelo disco rígido, a distribuição mostra ser fácil e rápida, exibindo um assistente rápido de configurações pessoais, como layout de teclado, fuso horário e ativação de efeitos 3D, caso sua placa de vídeo seja habilitada. Além disso, o assistente abrirá a página First Time – infelizmente disponível apenas em inglês, o que pode atrapalhar os usuários que não conhecem o básico do idioma – que mostrará um questionário com perguntas básicas (Você já usou o Mandriva antes? Quais sistemas você já utilizou, desconsiderando os “testes”? Qual o seu nível de experiência?), um formulário de registro (ou login, caso você já seja um cadastrado) e instruções para enviar dados sobre o seu hardware, aprimorando o reconhecimento de periféricos e dispositivos da distribuição.

Mandriva First Time
Mandriva First Time

A distribuição

O Mandriva 2009 “limpo”, sem nenhuma atualização, vem com o navegador Mozilla Firefox 3.0.3, ambiente gráfico KDE 4.1.2 e uma surpresa: a versão brasileira da suíte de escritório OpenOffice.org, o BrOffice.org 3.0.0, já traduzido e com o corretor ortográfico em português (obviamente, o BrOffice.org só será instalado se você selecionar o Português nas opções de idioma, antes da instalação da distribuição). Mantendo a seleção padrão de softwares, o Mandriva com KDE 4 utiliza o Amarok 2.0 como player de áudio, Firefox como navegador (e não o Konqueror, como acontece com uma distribuição), GIMP como editor de imagens, Gwenview como visualizador de imagens, Kopete como instant messenger e outros softwares do projeto KDE.

BrOffice.org, instalado por padrão quando o idioma selecionado é Português do Brasil
BrOffice.org, instalado por padrão quando o idioma selecionado é Português do Brasil

É importante lembrar que a versão One da distribuição, em LiveCD, traz várias facilidades para o usuário doméstico. Vem com os drivers proprietários da ATI e da NVIDIA por padrão, além dos codecs comuns, como o de MP3, formato de música tocado pelo Amarok, sem reclamar. Isso é bom porque, diferente de outras distribuições, o Mandriva não assusta o usuário, dizendo que instalar codecs da comunidade é ilegal (e realmente é, infelizmente), podendo trazer problemas e instabilidades, e blá blá blá.

Visual e pequenos probleminhas

Acredito que a primeira coisa que notamos quando entramos em um sistema novo, é o visual. Apesar de aparência ser uma opinião muito pessoal, o Mandriva se dá muito bem nesse aspecto. A boa arte gráfica da distribuição, somada a beleza do KDE 4, deixa a distribuição com um bom look and feel.

Aparência padrão do Mandriva 2009 com KDE 4
Aparência padrão do Mandriva 2009 com KDE 4

Os pequenos probleminhas visuais, existem. Notou a barra de título azul com texto em cor preta? Digamos que, bom, um branco seria melhor ali, não? Também é hora de acabar com essa síndrome de cegueira que atinge as distribuições Linux. O relógio enorme, as fontes enormes… Me desculpem os que não concordam com esta parte, mas as fontes do Windows são menores e mais agradáveis de se ler. Claro, nada que poucos cliques não resolvam, mas…

Outra coisa que nunca entendi é o fato de o Mandriva vir com o menu K em estilo KDE 3, e não com o Kickoff, que sempre pôde ser usado clicando-se com o botão direito no menu K e indo em Mudar para o estilo de menu Kickoff. O Kickoff tem um melhor apelo visual e, pelo menos para mim, é mais prático. Ao contrário do menu normal, ele não tem a gravíssima falha de não mostrar um atalho para o diretório /home. Para um usuário com mais experiência, é óbvio, basta abrir o gerenciador de arquivos Dolphin e pronto, você terá seu diretório home na sua cara. Mas, e para um usuário iniciante, que não sabe os aplicativos principais do KDE 4 e nunca ouviu falar em Dolphin?

Menu K padrão, com o bug da pasta home
Menu K padrão, com o bug da pasta home
Menu Kickoff, mais prático e com melhor apelo visual
Menu Kickoff, mais prático e com melhor apelo visual

Outro “bug” que pode ser encontrado é o fato de a tecla PrintScreen não chamar o KSnapshot, utilitário de printscreen do KDE. Não é uma falha propriamente dita, mas, como praticamente todas as distribuições chamam o utilitário de cópia da tela com esta tecla de atalho, e o Windows faz uma cópia para a área de transferência, achei melhor citar o problema.

O Centro de Controle Mandriva

O Mandriva possui um painel de controle próprio. Ele, digamos, “concorre” com o poderoso YaST, oriundo do openSUSE, distribuição que já analisamos aqui no Guia do PC.

Centro de Controle Mandriva
Centro de Controle Mandriva

No Centro de Controle Mandriva, é possível fazer desde tarefas básicas, como instalar programas, configurar uma conexão ADSL, importar fontes do Microsoft Windows, até tarefas consideradas mais avançadas, como a configuração do servidor gráfico, configurar compartilhamentos do Samba ou ajustar o firewall padrão do Mandriva, o Shorewall. Esse é o grande diferencial do Mandriva.

Apesar de alguns pequenos probleminhas citados anteriormente, o fato de a distribuição possuir um painel centralizado facilita bastante a tarefa de quem quer entrar no mundo do Linux ou simplesmente quer praticidade. Quer atualizar o sistema? Abra o Centro de Controle e clique em Atualizar seu sistema (não que não seja possível fazer isso clicando no ícone na bandeja do KDE). Quer ativar os efeitos 3D do Compiz Fusion ou Metisse? Clique em Configurar efeitos do Desktop 3D. Quer configurar backups? Clique em Backups Periódicos. É paranóico em segurança e quer deixar o sistema excessivamente seguro? Clique em Configurar o nível de segurança e auditoria. É tudo na base do clicar e fazer, estilo Windows.

Conclusão

O Mandriva é uma distribuição muito bem feita. Muita coisa, como o Centro de Controle super completo, os drivers e codecs proprietários pré-instalados, a instalação prática e a boa seleção de softwares facilitam muito vida do usuário. Eu arriscaria recomendar o Mandriva a um iniciante ao invés do Ubuntu, distribuição muito conhecida pela sua praticidade.

Como qualquer distribuição Linux, o Mandriva possui seus problemas, como os detalhezinhos citados anteriormente. Sem contar que o Mandriva não é uma distribuição exatamente leve. É possível perceber isso principalmente pelo alto uso de memória virtual, que com Kopete, Amarok e Firefox abertos, atingiu 250 MB, um índice relativamente alto. O Linux utiliza toda a memória física antes de partir para a virtual, e geralmente é raro o uso de memória virtual em situações normais, ao contrário do Windows, que utiliza mais memória virtual do que física. Logo, esse uso de memória virtual é anormal. O uso de CPU também denuncia o “peso” da distribuição, ficando entre 20% e 40%. Apesar disso, o Mandriva não travou nenhuma vez.

Infelizmente, apesar de utilizar o RPM ao invés do DEB, o Mandriva não possui o Delta RPM, como o openSUSE, que baixa somente os arquivos alterados para atualizar o software. Isso evita o download aqueles pacotes de 150 MB do OpenOffice.org, que só atualizam um ou dois arquivos e acabam acarretando em gasto desnecessário com conexão, tempo e paciência.

Opinião final? Uma distribuição completa, prática e estável, apesar de pesada. Concorre diretamente com o openSUSE, que tem essas mesmas características. Se você tem um computador semelhante ao citado no começo da análise, não terá problemas para rodar o Mandriva. Mas, se possuir 512 MB de RAM ou menos, é melhor se preparar para um pequeno upgrade de memória.

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Tags: Hardware, Linux

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