As feridas de uma guerra
Mascarado por uma história de tirar o fôlego, Brothers in Arms ainda deixa escapar algumas outras falhas, mas desta vez, são nos gráficos, tão prezados e criticados nos jogos atuais. Depois do lançamento de Crysis, e sua engine foto-realística, um jogo que não se importe em buscar um diferencial neste aspecto é considerado crime. E Hell’s Highway, infelizmente, não escapou dessa.
O uso da bem-programada Unreal Engine 3, não impediu o jogo de apresentar texturas mal otimizadas e a falta inexplicável de filtros. Em alguns casos, é perceptível alguns pop-ins – objetos ou texturas surgindo de repente na tela – que ainda atrasam o andamento e o aúdio em cut-scenes. O forte contraste dos gráficos, dando um ar cartunesco bizarro aos personagens do jogo, mesclados a texturas carentes de filtros Anti-Aliasing, deixam o jogo com gráficos e serrilhados esquisitos. A vegetação, muitas vezes, tem um aspecto 2D horroroso, parecendo papel. Sem falar na água que recebeu um trabalho precário, principalmente nos reflexos. Os mais entusiasmados, entretanto, nem devem perceber esses pequenos empecilhos técnicos presentes nos gráficos de Hell’s Highway.
O multiplayer parece ainda mais bombardeado por esses defeitos do que a campanha single player do título. Além de ter modalidades extremamente pobres e burocráticas, a Gearbox piorou a qualidade gráfica para comportar míseros 20 jogadores num mesmo servidor, deixando essa opção totalmente deplorável e inútil, visto que opções concorrentes como a de Call of Duty 4 receberam uma atenção bem maior.
Felizmente, o jogo tem seus destaques nesse quesito. Os modelos e as animações são extremamente bem desenvolvidos, já que não foi atoa que toda os movimentos no jogo foram na base de motion capture – técnica que capta movimentos reais de atores e os aplica em jogo. Soldados reagem ao campo de batalha de forma bem natural, buscando abrigo, atirando de forma realista e expressando emoções, como adrenalina e medo, de forma competente, destacando estes pontos como os melhores do jogo. O desmembramento de inimigos, junto com um sistema meio “tapa-buraco” de partículas, também dá um ar interessante ao título, já que não é todo dia que se vê soldados perdendo partes do corpo por causa da explosão de granadas ou mísseis, apesar de alguns exageros.
Por fim, a Action Cam, um recurso quase extinto atualmente, é ativada em alguns momentos “brutais” do jogo. Quando se consegue aplicar alguns belos headshots, abrindo crateras na cabeça do inimigo, ou ao desmembrar vários alemães de uma vez durante a explosão de uma granada, a Action Cam dá um foco slow motion especial a ação, tornando esse um dos elementos mais inovadores e divertidos do jogo (assista o vídeo abaixo).