A Meta confirmou que o WhatsApp, um dos últimos bastiões livres de publicidade digital, passará a exibir anúncios a partir de 2025. A monetização envolverá inserções na aba de Status e no feed de Canais, além de novos recursos pagos por assinatura. A mudança insere o aplicativo de vez no ecossistema comercial da Meta, ao lado de Facebook e Instagram, com um novo inventário publicitário de alto alcance e engajamento.
Para Bruno Almeida, CEO da US Media, esse movimento era apenas questão de tempo. “No cenário atual, todo app relevante inevitavelmente caminha para formatos de monetização. Chegou a vez do WhatsApp. A Meta está abrindo novas frentes que combinam mídia nativa com conteúdo exclusivo via assinatura”, analisa.
O desafio: publicidade sem perder a essência
Apesar do potencial comercial, o WhatsApp impõe desafios únicos. Ao contrário de outras redes sociais, ele opera em um ambiente de atenção íntima e comunicação direta. Anúncios invasivos podem comprometer a experiência — e, consequentemente, a percepção da marca.
“A lógica aqui é diferente. Não basta adaptar formatos usados em outras plataformas. Será preciso trabalhar com relevância real, utilidade e timing preciso. O risco de rejeição é maior, mas a chance de engajamento qualificado também é”, afirma Almeida.
A Meta promete preservar a privacidade dos chats pessoais. Os anúncios serão restritos a áreas públicas do app, como os Canais — funcionalidade lançada em 2023 e já adotada por marcas, criadores e veículos de mídia. A introdução de canais por assinatura também acompanha uma tendência global de diversificação de receita baseada em conteúdo pago, já comum em plataformas como Telegram e YouTube.
Uma nova fronteira — com riscos de concentração
Para o mercado publicitário, o WhatsApp representa uma nova e poderosa vitrine: são mais de 2 bilhões de usuários no mundo, 150 milhões deles no Brasil. No entanto, o cenário também levanta um alerta: o risco de concentração excessiva de investimentos em um único player — a própria Meta.
“É uma via de mão dupla. Há uma oportunidade imensa para marcas que souberem atuar com responsabilidade e contexto. Mas também há o risco de dependência de um ecossistema cada vez mais centralizado, o que pode afetar a diversidade e competitividade do mercado de mídia”, alerta Almeida.
O veredito: integração consciente
A entrada do WhatsApp na publicidade digital representa um marco estratégico — tanto para anunciantes quanto para o futuro da plataforma. Mas o sucesso dependerá da capacidade das marcas de se conectarem sem interromper, de se tornarem parte do fluxo de informação, e não um ruído indesejado.
“Informar, ajudar e surpreender com relevância. É isso que o usuário espera. Marcas que entenderem isso sairão na frente”, conclui o executivo.