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Loot boxes: a polêmica está chegando

Depois de cerca de três anos e meio de inação, o Brasil começou despertando para o fenômeno das loot boxes. Foi noticiado em abril que o Ministério Público estava aceitando uma queixa da Associação Nacional dos Centros de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente (Anced) para que seja investigada a utilização dessa funcionalidade junto dos gamers brasileiros, em especial do público infantil.

O que é uma loot box

Uma loot box é uma funcionalidade incluída em um videogame que leva o jogador a fazer um pequeno pagamento (a que se chama uma microtransação) para obter determinada vantagem. Pode ser uma arma especial, um personagem completo, um uniforme ou adereço para o personagem, um carro extra em um jogo de corridas, etc. O problema começa no momento em que se percebe que o pagamento não é uma compra, mas a possibilidade de jogar na sorte para obter um determinado item. Em grande parte das “jogadas” (e de acordo com a probabilidade prevista pela desenvolvedora), o jogador não recebe nada. Precisará pagar novamente por nova rodada.

Como se vê, o mecanismo é demasiado semelhante ao de um caça-níquel, como existe em sites como o NetBet casino e outros semelhantes. Com a diferença (para pior) que os sites de cassino exigem que seus usuários sejam maiores de idade, enquanto as desenvolvedoras, obviamente, não fazem tal exigência. As loot boxes vêm sendo assumidas como o principal meio de monetização de videogames que são distribuídos em regime de “free play” (jogo grátis). Em vez de pagar para jogar, o usuário começa jogando grátis e vai depois gastando dinheiro ao longo do tempo.

Relatos de casos graves

A polêmica começou, à nível internacional, em novembro de 2017. As loot boxes vinham fazendo seu caminho enquanto principal recurso de monetização quando o governo da Bélgica, de forma algo surpreendente, apelou a uma proibição geral na União Europeia. Isso criou um “buzz” em torno dos perigos associados à loot box enquanto prática comercial.

Já em 2019 o público brasileiro tinha acesso a histórias de casos bem graves, de jovens estoirando fortunas em videojogos devido ao jeito de funcionamento das loot boxes. Todavia, no Brasil não tinha um debate político ou na mídia sobre o assunto.

Outros países tomaram medidas

A Bélgica e a Holanda acabaram mesmo por proibir as loot boxes, definindo um padrão para os restantes países. A Alemanha está considerando seriamente legislar para que loot boxes sejam permitidas apenas a maiores de 18 anos, enquanto funcionalidades equivalentes a caça-níqueis, na prática. Já na China foi decretado que as loot boxes têm de apresentar ao jogador qual a probabilidade de vir a ganhar cada prêmio disponível.

E na Austrália, o senador Jordon Steele-John vem lutando bravamente contra a ideia e, apesar de já ter sofrido derrotas, não pretende abandonar o tema. No último mês de maio apelou de novo, através da mídia, a todos seus colegas para jogarem, efetiva e pessoalmente, os videogames do momento para perceberem por si próprios o mecanismo das loot boxes. Steele-John afirma que sabe melhor que todos seus colegas senadores como isso funciona, porque ele tem apenas 26 anos e é um nativo digital, sendo o mais jovem senador de sempre da Austrália.

É de esperar que o futuro deste debate no Brasil também não fique por aqui.

Tags: box, loot, polêmica

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