Análises

Review: Netflix

A análise de hoje não será sobre algum programa, como costuma acontecer. Dessa vez o objeto da análise será um serviço, um serviço popular nos EUA, que ainda não deslanchou no Brasil. A análise será do Netflix.

Quem nunca teve de pagar multa pelo atraso na locação de um filme? Muitos ficariam “P da vida”… e só. Mas Reed Hastings, após ter um débito de US$ 40 pelo atraso do VHS de Apollo 13, decidiu que ninguém mais precisaria pagar um penalização por atrasar a devolução do filme. A ideia de Hastings era que a pessoa alugaria um filme e devolveria quando quisesse. Foi aí que nasceu a Netflix, em 1997.

No começo pagava-se por aluguel de filmes, mídia física, que chegavam pelo correio. O sucesso foi grande e a empresa da Califórnia cresceu e 8 anos mais tarde já contavam com mais de 4 milhões de assinantes que recebiam em casa DVDs, custando uma assinatura mensal.

Mas em 2007, 10 anos após sua fundação, a Netflix deu um passo que a tornou conhecida no mundo inteiro. A empresa lançou um serviço de streaming que possibilitou a todos seus clientes assistir filmes e seriados pela internet, sem precisar esperar pelo entregador. É escolher o filme ou série no site e assistir, de imediato, quantas vezes quiser, inclusive.

netflix_familia_feliz

Em setembro de 2011 o serviço de distribuição de conteúdo online estreou no Brasil. Mas será que o Netflix vale a pena? Confira na análise.

Quanto custa

O serviço aqui no país é muito barato. Por R$ 16,90 você assina o Netflix. O preço anterior era R$ 14,99. O pequeno aumento não afeta em nada a sensação de serviço barato (no melhor sentido da expressão) e até é aceitável, visto que a empresa trabalha no vermelho no Brasil, sem dar lucros, e com constantes aumentos de custo por conta de novos investimentos em licenciamento de filmes, melhora na infraestrutura e taxações e interpretações tributárias grotescas – leia a respeito aqui.

Com o aumento, o preço fica compatível com os EUA e outros países. Por incrível que pareça, pagávamos menos que outros lugares.

Como funciona

O serviço funciona em qualquer navegador compatível com o Microsoft Silverlight. Isso quer dizer também que somente Windows e Mac OS X serão compatíveis, pois o plugin da Microsoft não tem disponível para sistemas GNU/Linux ou outros sistemas UNIX além do da Apple. O Chrome OS, o sistema Linux da Google para notebooks Chromebook, é uma exceção, pois a Netflix desenvolveu um complemento para o Chrome que somente funciona do Google Chrome OS. Nem mesmo no Chromium ele pega. É uma incompatibilidade proposital para tentar alavancar o sistema Linux da Google.

É possível ainda usar o serviço em equipamentos portáteis equipados com iOS, Windows Phone e Android (incluem não somente tablets e smartphones, mas centrais multimídia como da Western Digital), TVs com o aplicativo instalado, tocadores de blu-ray e os videogames PS3, Xbox 360, Wii e WiiU.

A variedade de equipamentos compatíveis é excelente, mas essa dependência de um plugin proprietário e lançado apenas para algumas plataformas é muito ruim. Caso eu queira usar no Ubuntu, vou ter de fazer uma “gambiarra” (leia aqui) para assistir em meu sistema. Se usar um Nokia OS, Tizen, Firefox OS ou outro sistema móvel, nem vou ter possibilidade.

O ideal, sem dúvidas, seria usar um modelo de distribuição de conteúdo multiplataforma. A Netflix já falou que em breve, possivelmente, irá mudar para HTML5, deixando o Silverlight de lado. Mas enquanto não chega, temos que nos contentar em usar plugin um tanto restritivo.

Necessidade de banda

Com tanta disponibilidade de equipamentos, como citado acima, o assinante somente precisará pensar acerca da banda larga, necessária para assistir os vídeos sem engasgos.

Os requisitos do serviço são muito bons, pois não necessitam algo acima da realidade. Os servidores da empresa não são como do YouTube, onde picos de acesso fazem a conexão ficar lenta. Essa preocupação não existe entre os clientes da Netflix.

A recomendação da empresa são:

  • 0,5 Mb/s – velocidade de conexão de banda larga necessária;
  • 1,5 Mb/s – velocidade de conexão de banda larga recomendada;
  • 3,0 Mb/s – recomendada para qualidade de DVD;
  • 5,0 Mb/s – recomendada para qualidade de HD;
  • 7,0 Mb/s – recomendada para qualidade Super HD;
  • 12 Mb/s – recomendada para qualidade 3D (ainda não disponível no Brasil).

Biblioteca: O calcanhar de Aquiles

Um dos principais problemas do serviço é justamente seu chamariz. Assistir os melhores filmes no conforto de casa nem sempre é verdade. Sim, o conforto de casa é verdadeiro, mas os melhores filmes é a questão.

A biblioteca de filmes e séries é muito limitada. O serviço Netflix no Brasil está muito longe de oferecer a variedade de filmes de uma locadora e anos-luz da pirataria online. A dificuldade de licenciamento faz com que grande produções nunca cheguem ao serviço.

Quer assistir O Senhor dos Anéis, A Invenção de Hugo Cabret, The Walking Dead, A Guerra dos Tronos, Argo, Imortais, O Cavaleiro das Trevas Ressurge ou Sobrenatural? Não vai ser possível por não estar licenciado. Outros chegarão muito tarde, como é o caso de V de Vingança, Homem de Ferro ou Harry Potter e a Ordem da Fênix, que chegaram a pouco tempo. O caso do filme do bruxo é ainda mais gritante, pois somente um filme da série está disponível.

netflix6
Somente um único filme da série Harry Potter está disponível

Poucos filmes que chegaram às locadoras chegarão no mesmo ano (!!!) no Netflix. Esse problema é grave, mesmo tendo mais de duas mil obras no acervo.

netflix1
V de Vingança é um filme de 2006 que chegou em 2013 ao Netflix Brasil

Aliás, o acervo é dinâmico. Se hoje é possível assistir a série 24 Horas completa ou todos os filmes do 007, em breve não será mais possível, pois o licenciamento tem data para terminar e pode ou não ser renovado.

As séries são outro ponto positivo e negativo. Se por um lado existe ótimos seriados, como Dexter, Bones, Breaking Bad, How I Met Your Mother, Revenge, Lost e Diários de Um Vampiro; por outro faltam produções como The Walking Dead, A Guerra dos Tronos, The Big Bang Theory, American Horror Story, Sobrenatural e Homeland.

Os seriados disponíveis também nem sempre estão com temporadas atualizadas. Bones, por exemplo, tem somente 6 temporadas no Netflix, enquanto na TV americana já está na nona.

Interface da biblioteca

A interface da biblioteca de vídeos é simples e amigável. Não há dificuldades em usá-la. Grandes capas com informações relevantes serão mostradas com o passar do mouse. Caso clique no nome da obra, abrirão as informações completas e até os comentários de outros usuários do Netflix.

netflix
Interface padrão para navegadores

Desde o início é sugerido títulos para você, que adaptar-se-ão ao seu gosto. Também há um menu de escolha de gêneros, possibilitando uma filtragem.

Também há campo de busca para procurar diretamente filmes, séries ou espetáculos. O serviço sugerirá para ajudar nas buscas. O único porém do sistema de buscas e dos filtros de gênero é que não há possibilidade de escolha de idioma. Quem quer assistir filmes dublados terá que testar o filme para ver se há disponibilidade. Por que não colocaram uma opção de busca para filmes dublados?

Curiosamente existe uma interface própria para o Windows 8. Ela é no padrão Windows 8, ou seja, pensada rolar os dedos para procurar o que queira. Apensar de bonita e elegante, não tem a mesma praticidade da interface de navegador.

netflix
Netflix para Windows 8

Interface do tocador

A interface do tocador ou player, como queira chamar, é muito boa. Ela conta com informações do filme, possibilidade de escolher episódios de séries, ativar as legendas ou mesmo colocar áudio dublado quando disponível.

netflix4
Opções de áudio e legendas

Diferentemente da interface da biblioteca, a interface do tocador é melhor, mais agradável e responde melhor no programa Netflix do Windows 8.

Legendas e dublagem

Todos os filmes, séries ou qualquer outro vídeo já tem legendas disponíveis. Ao contrário da pirataria você não precisa sair correndo em busca de legendas.

Apesar disso existe algo chato, que atrapalha muitos. As legendas são pequenas e não podem ser aumentadas. Em um monitor médio, não é possível ficar muito longe da tela. O pior fica em dispositivos móveis, como tablet. As legendas ficam minúscula, deixando qualquer um com vontade de comprar um microscópio ou de cancelar o serviço. Existem tantas reclamações sobre isso pela internet, que é impressionante como a empresa ainda não deu uma solução.

Uma vantagem imensa do Netflix é ter disponível obras dubladas. Muitas pessoas tem preferência por dublagens e ter filmes e séries em nosso idioma é sempre bem vindo e até obrigatório quando se leva em conta que você está pagando por isso.

netflix5
Grande quantidade de títulos não tem disponibilidade de dublagem

Apesar de ser uma vantagem, a empresa não explora como deveria, deixando muitos títulos sem opção para o idioma falado português (curiosamente muitos filmes tem dublagem em espanhol).

Qualidade de imagem e som

O serviço de transmissão tem uma qualidade incrível de imagem e som. Grande parte dos títulos estão disponíveis em alta resolução (1080p), com som estéreo ou mesmo com múltiplos canais (5.1 ou 7.1). Não há o que reclamar nesse quesito.

Já começaram os testes com o Super HD, que é um 1080p com menor compressão, com nenos perda de dados. A transmissão em 3D vem logo em seguida.

Séries exclusivas

A empresa está investindo em produções próprias. A Netflix adquiriu os direitos da série norueguesa Lilyhammer e atualmente produz e disponibiliza House of Cards e Hemlock Grove.

netflix_series
Séries exclusivas Netflix

É uma aposta boa, que traz um diferencial para o serviço Netflix, principalmente porque as séries são ótimas. Mas aqui no Brasil ainda é pouco, pois elas não conseguem competir com grandes títulos já falados que no país não estão disponíveis.

Vale ou não a pena assinar Netflix?

Sim e não, é a melhor resposta rápida. O serviço é barato, tem uma qualidade inegável de acesso, com conexão de boa qualidade, imagem cristalina e recursos como a dublagem. Portanto, quem tem acesso a outros meios de entretenimento audiovisual, Netflix é um excelente complemento. Os R$ 16,90 investidos valem a pena.

Contudo, como um serviço definitivo, do jeito “assino e não preciso ir à locadora ou baixar pirata”, ele não cumpre esse papel. Para esse objetivo o Netflix não vale a pena em razão da biblioteca pequena e defasada.

O que espera-se é que em pouco tempo a empresa melhore sua biblioteca de títulos e licencie com mais rapidez. Afinal, ninguém quer ter acesso ao Homem de Ferro somente agora em 2013, não é verdade?

Mas de qualquer forma, nada melhor que sua própria opinião. Portanto, entre no site do Netflix e aproveite um mês grátis sem compromisso.

Esta foi a nossa coluna Review da Semana de hoje. Esperamos que ela seja útil para você decidir se assina ou não o mais famoso serviço de streaming de filmes e séries do mundo. E caso tenha usado, deixe opinião sobre o Netflix nos comentários ou nos envie um e-mail para admin@guiadopc.com.br com dúvidas ou, ainda, sugestões de novas análises. Abaixo, você confere outras análises que já publicamos aqui:

Tags: Destaques, Internet, Review da Semana

Você também vai gostar

Leia também!