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A pirataria é a culpada de… tudo?

Uma das coisas que mais gera discussão nos comentários aqui no Guia é o assunto da coluna de hoje. A pirataria. Desde discussões sem sentido do gênero: “Eu pirateio”, “Eu não, tomara que você pegue um vírus e perca seu HD”, até discussões que valem a pena ser acompanhadas. Que pirataria é crime, nós sabemos, e não é este o assunto que será abordado hoje, muito menos se a pirataria é justificável, vamos falar um pouco hoje sobre alguns jogos que afirmaram ter tido grandes prejuízos com a pirataria, e outros, que apesar de terem tudo para serem pirateados, foram sucessos de venda.

Provavelmente, quando tocamos nesse assunto, logo dois jogos vêm a sua cabeça: Crysis e GTA IV. Crysis devido às dezenas reclamações da Crytek culpando a pirataria pelo fracasso de vendas do jogo, e GTA IV, devido a sua frágil gigante muralha anti-pirataria.

Crysis já é um velho conhecido nosso, lançado em novembro de 2007 e analisado pelo Guia em março deste ano, o jogo prometeu trazer os mais belos gráficos da história dos jogos eletrônicos, e, segundo a maioria, conseguiu, mas, com um porém: esses gráficos não eram apreciáveis por ninguém. Na época, nenhum computador era capaz de rodar o jogo no máximo, principalmente com anti-aliasing ligado. Na realidade, não na época, mas até hoje. O que demonstra que o problema não eram os computadores, e sim a forma como a CryEngine2 foi desenvolvida. O CEO da Crytek, e diretor de Crysis, Cevat Yerli,deu várias entrevistas afirmando que o principal motivo para o baixo número de vendas do jogo foi a pirataria, inclusive afirmou que a Crytek pararia de produzir jogos PC-exclusive. Certo,  se analisarmos o que é Crysis, chegaremos a conclusão de que ele pode estar certo, já que o jogo não trouxe o principal ingrediente dos jogos de sucesso hoje: um modo multiplayer eficiente e inovador, o que força os jogadores a comprarem cópias originais para poderem aproveitar tudo que o jogo oferece. Alguém pode dizer: “Ah, ok, então a Crytek tem por que reclamar!”. Eu digo não. Além de a culpa de não existir um multiplayer bom no jogo ser da própria empresa, outro jogo, lançado no mesmo ano, não trouxe multiplayer, porém foi um sucesso de vendas: Bioshock. Com essa comparação podemos chegar a uma conclusão apenas. A culpada do baixo número de vendas de Crysis não é a pirataria, e sim outra coisa. Eu diria que são os gráficos, que tornaram o jogo praticamente foto-realista, porém, também o tornaram impossível de rodar.

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GTA IV, para PC, também já é  um famoso conhecido nosso. Lançado e analisado pelo Guia em dezembro do ano passado, o jogo trouxe uma das maiores proteções anti-pirataria de todos os tempos e também o título de um dos jogos mais realistas da história dos games. A proteção foi quebrada, e passou a atrapalhar mais quem tem jogo original do que quem abusa da pirataria. Em relação a Crysis, o jogo permite algumas comparações interessantes: Ambos foram fracasssos de venda e alvos de massiva pirataria, além disso, ambos trouxeram gráficos acima da média e sem possibilidade de serem aproveitados com os computadores das respectivas épocas de lançamento. Será que está aí o motivo dos fracassos de vendas? O grande hype pré-venda, e depois o marketing negativo após o lançamento? Acho que sim, já demos dois exemplos de mega-produções da indústria dos jogos que tiveram um gigantesco hype, que não foi confirmado pelas desenvolvedoras, causando uma onda de xingamentos, pirataria, e, como diria nosso Presidente, uma “marolinha” de vendas.

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Call of Duty 4: Modern Warfare já foi lançado há algum tempo, porém, até hoje continua sendo um sucesso de vendas. Qual seria o segredo? Os melhores gráficos do mercado? Acho que não, os gráficos do jogo não são nada mais que o normal atualmente. Uma jogabilidade diferenciada? Também não, o jogo não traz nem um cover-system eficiente, presente na maioria dos jogos atuais. Qual seria então o segredo? Numa comparação com os outros dois jogos já citados na coluna de hoje, chegamos à uma conclusão: Um multiplayer praticamente perfeito, trazendo os tradicionais modos Deathmatch e Team Deathmatch, com alguns diferenciais na jogabilidade, o que tornou o jogo um sucesso, se mantendo no topo das vendas durante muitas semanas.

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Ultimamente algo que tem crescido muito é a febre pelos MMORPG(s), jogos como World of Warcraft e Age of Conan que podem ser considerados mega-produções, e têm lucros gigantescos. Porém, existe algo que tem atrapalhado o crescimento destes jogos: O aumento do número de servidores ilegais como alternativas aos pagos servidores originais. No Brasil, podemos dizer que o jogo que mais sofre com isso é Ragnarök, a empresa responsável pelo jogo em nosso país, a LevelUp! Games tem gigantes prejuízos, motivados pelos servidores piratas. Alternativas à isso tem sido criadas, como a criação de servidores oficiais gratuitos, com restrições, ou até mesmo o lançamento de novos MMO(s) gratuitos, sustentados por outras formas de monetização como os anúncios in-game.

Vamos agora falar um pouquinho sobre as técnicas DRM que tem sido utilizadas atualmente. São duas as principais: SecuROM e Steam. O SecuROM é um software de proteção utilizado principalmente pela EA Games para proteger seus jogos contra a ação de piratas, porém, isso é feito de forma muito intrusiva, e quase inútil, já que ele sempre é quebrado. O Steam é, além de software de DRM management, uma loja virtual e rede social, é atualmente a ferramenta que mais fortalece o mercado de jogos para PC, de forma não intrusiva, e eficiente, você tem acesso à dezenas de funções em um só programa. O Steam é tão bom, que após sofrer dezenas de processos e receber milhares de reclamações a EA Games cedeu, e decidiu abandonar o SecuROM, e adotar o Steam, agora sim podemos ver uma chance de crescimento das vendas para a EA Games, que teve recentemente um prejuízo de 310 milhões de dólares.

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Após tudo isso, só podemos chegar à uma conclusão: Fazem sucesso os jogos simples e jogáveis. Ou seja, que sejam fáceis de ser instalados, ou ativados, e possíveis de serem rodados. Call of Duty 4 é um exemplo a ser seguido.

Tags: Jogos, Segurança

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