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Artigo: Gorilla Glass, sua curiosa história e o dedo de Steve Jobs

Um dos muitos momentos curiosos na leitura da biografia de Steve Jobs é o relato de Walter Isaacson sobre algo que não está necessariamente relacionado com Jobs, Gorilla Glass.

Glass 3

Se você possui um iPhone no bolso, alguns smartphones da Samsung, HTC, LG, Motorola ou Nokia, talvez ele tenha sido montado com este tipo de vidro. De certa forma isso transformou a maneira como interagimos com esses dispositivos, porque não só permitem conduzir eletricidade (para desenvolver telas táteis capacitivas) como nos livrou da preocupação de arranhões na tela ao colocarmos o smartphone no bolso ou bolsa.

A história do Gorilla Glass e sua incursão no mundo dos dispositivos portáteis sensíveis ao toque é bastante curiosa, e está relacionada com a obsessão que Steve Jobs tinha de criar as coisas com a maior qualidade possível. Quando se estava desenvolvendo o primeiro iPhone, com a ideia fixa de que seria necessário utilizar uma tela tátil para tornar reais todas as ideias sobre a experiência do usuário e a interface gráfica, surgiu o dilema sobre a resistência necessária para que a tela fosse grande e forte o suficiente para não se tornar um problema.

É preciso lembrar que antes de 2007 quando a maioria dos telefones eram fabricados, principalmente, com materiais derivados de plástico, desde o corpo até as pequenas telas. A Apple optou por outros materiais que dão mais valor ao dispositivo e não apenas um pedaço de plástico barato.

O problema é que, naquela época não havia quaisquer fornecedores que oferecessem um vidro suficientemente grande, condutor e muito resistente. A Apple tinha experiência com vidro (depois de terem construído a Apple Store em NY com grandes painéis de vidro que formavam um cubo), mas o fornecedor não fornecia o que era necessário para um telefone.

Foi John Seeley Brown quem convenceu Jobs a se encontrar com Wendell Weeks, diretor executivo da Corning Glass. Em sua maneira curiosa de agir ligou para o número principal da empresa e pediu para falar com Weeks, mas não o transferiram, pedindo que ele deixasse uma mensagem.

Steve Jobs reclamou a Brown e disse que o fizeram objeto da típica estupidez da costa este (EUA). Quando Weeks ouvi sobre isso, fez exatamente a mesma coisa: ligou para a central da Apple e pediu para falar com Jobs, quando também foi solicitado que escrevesse o motivo da audiência com o CEO da Apple, e enviasse via fax.

Steve Jobs gostou da atitude de Wendell Weeks.

Devido a esse curioso incidente Jobs o convidou para visitar Cupertino e falar sobre vidros. Uma vez que ele ouviu o que era necessário para o iPhone, Weeks explicou que na década de 60 a empresa desenvolveu um produto químico chamado Gorilla Glass, que era incrivelmente resistente, mas não encontraram viabilidade comercial (onde aplicar) e nunca o tinham produzido. Steve Jobs disse que duvidava que o vidro tivesse qualidade suficiente e, vejam só, começou a explicar para Weeks como são feitos os vidros. Diante dessa situação curiosa, Weeks (que entendia melhor do assunto) pediu que o CEO da Apple se calasse para aprender um pouco de ciência, e descreveu o processo de fabricação do Gorilla Glass.

“Eu quero todo o Gorilla Glass que a Corning puder produzir no prazo de seis meses”, disse Jobs, uma grande notícia que tornaria a Apple a maior cliente da empresa, o único problema é que a Corning não produzia o vidro especial, nenhuma de suas plantas era adequada para esse fim.

“Não tenha medo, você pode fazê-lo”, disse Steve Jobs, criando (como de costume) um campo de distorção da realidade em torno de Wendell Weeks. A questão é que, enquanto a Corning não tinha capacidade de produção, em menos de seis meses estavam produzindo os vidros ao transformar uma fábrica no estado de Kentucky que anteriormente fabricava LCDs. Um testemunho de tudo o que Steve Jobs seria capaz de fazer, a fim de oferecer um novo produto com os melhores materiais possíveis.

corning-gorilla-glass

No dia do lançamento do iPhone, 9 de janeiro de 2007, Steve Jobs enviou uma mensagem para Wendell Weeks:

“Nós não teríamos conseguido sem você.”

Assim nasceu e se popularizou o Gorilla Glass. Meses mais tarde, quando se tornou claro que o modelo do que deve ser um smartphone tinha sido transformado pela Apple, a indústria logo tentou imitar e superar a criação da empresa da maçã e, portanto, um bom grupo de empresas procurou a Corning para equiparem seus dispositivos com Gorilla Glass. E a empresa que não tinha, até então, muita notoriedade, se tornou muito importante na indústria de tecnologia. Não fabricam memórias, processadores, periféricos ou antenas, fabricam vidros, e o melhor do mundo.

Atualmente, o material está na sua terceira geração, o Gorilla Glass 3, apresentado recentemente durante a CES 2013, e que deverá equipar seu futuro smartphone ou tablet. Mas antes que você passe com o carro sobre seu dispositivo, devo alertá-lo que a tecnologia atribui ao vidro maior resistência a riscos e impactos, mas não é inquebrável (confira um vídeo demonstrativo abaixo).

Portanto, continue com os cuidando básicos e usufruindo as criações de mentes geniais. Obrigado Weeks, e Jobs.

P.S.: Se você ainda não leu a biografia de Steve Jobs com assinatura de Walter Isaacson, fica a recomendação de um excelente livro.

Tags: corning, Destaques, gorilla glass, iPhone, steve jobs, wendell weeks

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