Artigo por Crystian Luis Kammler, Diretor de Infraestrutura da Ativos Capital
Em um passado bem recente, quem visitava o setor de tecnologia de uma empresa via corredores cheios de cabos, servidores barulhentos e equipes inteiras dedicadas a manter tudo funcionando. Era caro, trabalhoso e exigia planejamento constante para que tudo funcionasse de forma harmônica e sem qualquer problema. A chegada da computação em nuvem trouxe uma mudança significativa para esse cenário. De repente, não era mais necessário comprar máquinas, esperar por instalações demoradas ou depender de infraestrutura física. Bastava contratar um serviço e, em poucos minutos, a capacidade de processamento e armazenamento estava disponível.
Essa virada trouxe muitas vantagens e transformou a forma como as empresas encaram a tecnologia. O modelo baseado em ‘cloud computing’ trouxe eficiência, flexibilidade e, principalmente, liberdade. Essa mudança pode ser sentida a partir de recente projeção da International Data Corporation (IDC), onde a sugestão é que o mercado global de nuvem ultrapasse US$ 1 trilhão até 2027. Já para a Frost & Sullivan, o Brasil representa cerca de 40% dos investimentos em computação em nuvem na América Latina. A explicação é simples: a nuvem se tornou o alicerce da transformação digital, permitindo que negócios de todos os tamanhos inovem com menos custo e mais agilidade.
Por muito tempo, as grandes provedoras de tecnologia, a exemplo da Amazon, Google e Microsoft, dominaram esse mercado. Elas criaram sistemas próprios e ferramentas exclusivas que acabaram gerando dependência. Muitas empresas descobriram, na prática, que migrar de um provedor para outro podia ser quase impossível, já que cada um utiliza linguagens e estruturas diferentes. Esse fenômeno, conhecido como vendor lock-in, limita a liberdade de escolha e aumenta o custo da inovação.
Mas o mercado evolui rápido. Hoje, provedores regionais e empresas de tecnologia locais têm descoberto formas de entrar nesse universo, sem depender das amarras das grandes provedoras de tecnologia. Com infraestrutura já existente e conectividade de qualidade, muitas dessas empresas passaram a oferecer serviços de nuvem próprios, mais próximos do cliente e com menor custo. É aí que entra um conceito que vem ganhando força: a Edge Computing, também conhecida por computação de borda. Essa tecnologia traz o processamento de dados para mais perto do usuário final, reduzindo o tempo de resposta e aumentando a eficiência.
Explicando em miúdos: a empresa que antes dependia de um servidor distante consegue hospedar seus dados em um provedor que está a poucos quilômetros de distância. Essa proximidade significa desempenho superior, redução de custos e mais segurança. Só para se ter ideia de como isso tudo isso é promissor, estudo divulgado pela Grand View Research mostra que o mercado global de Edge Computing deve alcançar US$ 155 bilhões até 2030, com crescimento médio anual acima de 37%.
A força dos marketplaces de nuvem no Brasil
No Brasil, a adoção de plataformas de nuvem vem crescendo rapidamente. Startups, provedores e grandes empresas de tecnologia já exploram modelos semelhantes ao dos marketplaces, permitindo a revenda de infraestrutura digital de forma automatizada. O objetivo principal não poderia ser outro: democratizar o acesso, reduzir custos e oferecer suporte mais próximo ao cliente.
Desenvolvida pela Ativos Capital, a Solvefy.cloud chega com a proposta de automatizar a venda de serviços de nuvem de forma prática, segura e acessível. A grande inovação está justamente em eliminar as barreiras que, por anos, afastaram pequenas e médias empresas da nuvem. O que antes exigia equipes técnicas especializadas, servidores caros e contratos complexos, agora pode ser feito de forma simples, intuitiva e imediata. A Solvefy.cloud transforma a nuvem em algo tão acessível quanto fazer uma compra em um e-commerce, o que acaba sendo o verdadeiro diferencial. Assim como o comércio eletrônico permitiu que lojas físicas expandissem seus negócios para o digital, a Solvefy.cloud permite que empresas se tornem provedoras de infraestrutura tecnológica, oferecendo serviços de nuvem sob sua própria marca.
De acordo com a International Data Corporation – IDC Brasil, o investimento em infraestrutura de nuvem pública e privada no país deve ultrapassar US$ 4 bilhões até 2026, e 69% das empresas planejam ampliar o uso desses serviços até 2025. Essa ampliação vem por meio de soluções híbridas e marketplaces especializados. O avanço cria um cenário mais equilibrado, no qual empresas de diferentes portes podem competir de forma justa, aproveitando o potencial da tecnologia sem depender de grandes corporações internacionais.
A tendência se espalha também pelos polos emergentes de inovação, a exemplo de Florianópolis, Recife e Curitiba, onde provedores regionais vêm adotando soluções sob demanda para expandir serviços e atender a novas demandas corporativas. A lógica é simples: quanto mais acessível for a tecnologia, mais oportunidades ela gera. E isso é visto como um ciclo vicioso do bem, já que vai gerar rentabilidade para a comunidade onde o negócio está inserido, sem deixar de ser competitiva a nível nacional.
No fim das contas, o marketplace de nuvem representa mais do que uma inovação técnica é uma ferramenta de inclusão digital e econômica que vai permitir que a tecnologia alcance empresas de todos os tamanhos, tornando a jornada digital mais simples, rápida e acessível. Para o empreendedor, é a chance de escalar negócios sem perder identidade. Para o usuário final, é ter controle total sobre seu ambiente tecnológico, com segurança, atendimento personalizado e democratização no consumo.








