A inteligência artificial (IA) já deixou de ser uma promessa do futuro para se tornar uma ferramenta essencial no presente — especialmente no varejo, onde tem potencial para melhorar a experiência do consumidor, otimizar processos e impulsionar a eficiência operacional. No entanto, a adoção de soluções mais avançadas de IA, integradas à estratégia de negócios, ainda é um desafio significativo para boa parte das empresas brasileiras.
Segundo Alexsandro Monteiro, especialista em varejo e transformação digital, o principal entrave é a falta de dados estruturados. “Muitas companhias ainda estão nos estágios iniciais de maturidade digital, o que dificulta a implementação de ferramentas mais sofisticadas”, afirma.
De acordo com levantamento da Bain & Company, 25% das empresas brasileiras já implementaram ao menos um caso de uso em IA generativa — avanço importante diante dos 12% registrados em 2024. O estudo mostra ainda que 67% das organizações colocam a IA entre as cinco principais prioridades estratégicas, enquanto 17% apontam a tecnologia como seu principal foco de investimento. Entre os resultados percebidos pelas empresas que já adotaram IA generativa, destacam-se aumento de 14% na produtividade e crescimento de 9% no desempenho financeiro.
Desafios vão além da tecnologia
Apesar dos números promissores, obstáculos importantes persistem. Infraestrutura deficiente e a escassez de profissionais especializados foram apontados por 39% dos entrevistados como as maiores barreiras à aceleração do uso de IA no Brasil. No varejo, há uma variedade de soluções em teste ou já em uso — nas áreas de marketing, vendas, análise preditiva e segmentação de clientes — mas ainda falta uma visão integrada que alinhe essas ferramentas aos objetivos estratégicos do negócio.
“A dificuldade não está só em adotar a tecnologia, mas em criar a estrutura adequada para ela funcionar — seja com equipes internas ou por meio de parceiros externos”, acrescenta Monteiro.
Estratégia, estrutura e longo prazo
A implementação eficaz da IA corporativa exige mais do que ferramentas: requer planejamento estratégico, maturidade digital e visão de longo prazo. Diante desse cenário, muitas empresas têm recorrido a consultorias especializadas para reavaliar suas bases tecnológicas e redesenhar seus planos de transformação digital. “Temos observado organizações que recuam um passo para estruturar corretamente seus dados e processos. Sem isso, a IA tende a ficar limitada a usos pontuais e perde seu potencial transformador”, avalia o especialista.
Empresas que enxergam a IA como motor estratégico já colhem os frutos da transformação: aumentam a competitividade, reduzem desperdícios e criam novas fontes de receita. Com a evolução acelerada da tecnologia e a redução dos custos de implementação, quem integrar IA de forma inteligente sairá na frente.
“As organizações que conseguirem interpretar dados com agilidade e precisão serão as mais preparadas para competir em seus mercados. A eficiência operacional ganha uma nova dimensão com o uso estratégico da IA”, conclui Monteiro.