Análises

Conheça o Lotus Symphony

Para enfrentar um mercado com concorrentes de peso, como o Office 2007 da Microsoft e o OpenOffice 3.1 da Sun Microsystems, a IBM resolveu jogar limpo e apelar ao aspecto visual do programa. Com um design elegante, o Symphony passa uma primeira impressão realmente profissional. Ao menos rodando em ambiente Windows, pois, no pinguím – como sempre – a história muda um pouco de figura. E como aparência é algo determinante para a conquista de novos usuários, e é o sistema da Microsoft quem ainda domina o mercado, introduzir um software feio não poderia acabar nada bem.

symphony apresentação IBM

Trabalhar com o Symphony é tão prático quanto no OpenOffice ou Word 2003, apesar da disposição dos ítens estarem bem diferentes dos concorrentes. Enquanto no OO.o e no Office 2003 tudo fica organizado nos menus superiores, a IBM resolveu mudar um pouco a cara dos editores, colocando as opções mais comuns de edição em uma barra lateral, personalizável e destacável. A vantagem desta interface é separar aquilo que os usuários mais usam das opções que pouca gente conhece, dinamizando o processo de edição. O ponto negativo é o espaço que ocupa na tela, incomodando bastante quem ainda usa monitores 4:3, principalmente em baixas resoluções, como 800×600.

Em um primeiro olhar, a suíte de aplicativos parece bem simples, sem muitas opções avançadas, ou seja, pronta para usuários que não precisam de nada além de um bom editor de textos, criar planilhas simples ou montar apresentações objetivas e massantes. Agora, se fizermos uma análise mais detalhada, chegaremos a conclusão de que é isto mesmo, três aplicativos voltados ao público não-entusiasta, com o objetivo de subustituir aquele Office pirata antigo usado somente para tarefas básicas.

E isto não é um problema, pelo contrário. Caso a IBM ousasse entrar no mercado com o intuito de substituir a Microsoft, estaria dando um tiro no pé. Primeiro porque, assim como no caso do Windows, poucas pessoas conhecem alternativas ao MS Office. O Word ganhou status de tipo de aplicativo, como o Gillette ou a Xerox, que perderam o caráter de marca para se tornarem o produto de fato. E o OpenOffice sabe muito bem o quão desagradável isto pode ser, ao ponto de, quando algum usuário se dispõe a instalar o OO.o para algum novato, ter que dizer qual programa é o Word, qual é o Excel e qual é o Powerpoint. Por isso bater de frente contra o MS Office não seria nada bom.

Características

Como já comentado, o principal atrativo do programa é mesmo sua interface. O design busca simplicidade, oferecendo ao usuário as opções mais comuns de maneira rápida e objetiva. Cumprir esta proposta sem esbarrar na barra de ferramentas Ribbon, introduzida no Office 2007, poderia ser algo complicado, mas a IBM saiu-se muito bem, e com uma solução realmente simples. Ao invés de uma barra no topo do aplicativo, implementou uma barra lateral, à direita da janela, contendo todas as opções de formatação do texto, intituladas Propriedades do Texto, como escolha das fontes, cores, tamanho da caixa, e alguns efeitos adicionais, sombras, sublinhado, opção de girar o texto, etc. Nada de espalhafatoso na distribuição, tudo muito padrão.

Barra lateral, simples e prática
Barra lateral, simples e prática

O Symphony possui apenas três aplicativos, um para criação e edição de texto, outro para planilhas, e um último para elaboração de apresentações. Diferente do Office da MS e do OpenOffice, os da IBM não têm nomes, o seja, não há um Word, ou um Calc no pacote, há apenas o Symphony. Este detalhe pode parecer insignificante , entretanto, se olharmos mais de perto, iremos notar como esta diferença pode jogar a favor do usuário. Quando você inicia o aplicativo, ele lhe dá uma tela chamada Início, como na figura abaixo.

Seja bem-vindo, o que deseja criar hoje?
Seja bem-vindo, o que deseja criar hoje?

A partir desta tela, o usuário tem a possibilidade de criar ou editar um documento de texto, planilha ou apresentação. Tudo normal até aqui, mas, a IBM introduziu uma característica que vale a pena ser destacada. Abas! Com o Symphony, quando se opta por criar uma planilha, por exemplo, o programa o faz em uma nova aba, assim, se desejar abrir um documento para trabalhar simultaneamente, basta voltar para a aba Início e clicar na opção desejada. Outra aba será criada, tornando muito mais fácil a manipulação de arquivos.

Yes! Nós temos abas!
Yes! Nós temos abas!

Pode parecer meio bobo, mas para quem está acostumado com o Firefox, ou qualquer outro navegador moderno, sabe muito bem do que estou falando. Além disso, poder arrastar textos ou imagens de uma aba a outra é mais fácil do que ficar caçando janelinhas na barra de tarefas. Uma novidade que agrada, embora não seja algo essencial.

E falando em algo não ser essencial, eis uma característica realmente inútil presente no Symphony. Um navegador web está a disposição do usuário, caso precise utilizá-lo para se irritar.  Não foi uma idéia muito produtiva, pois é algo que somente gasta recursos, sem ajudar em nada. Até podemos levar em consideração o argumento da praticidade, principalmente quando precisamos copiar algum conteúdo presente em um site para nosso trabalho, no entanto, esta facilidade não se traduz quando o produto não está ao alcance da concorrência. Veja o porquê:

Algo de errado na renderização do site
Algo de errado na renderização do site

Symphony no pinguím

Se no Windows temos um software bonito e bem acabado, infelizmente a coisa não se repete no Linux. Algumas falhas na interface podem causar um certo desconforto entre os usuários, ainda mais quando se trata de um software cujo maior apelo é seu visual prático e intuitivo. São três probleminhas a respeito disto, e para começar com o menos desagradável, vemos que a barra lateral não cabe no espaço a qual se destina. Note que as caixas de seleção que se econtram à direita ficam com um pedaço para fora, mesmo se redimensionarmos seu tamanho. Apesar de não atrapalhar a produção, isto não é legal, dá um aspecto bem mal acabado ao produto, e certamente fará usuários comuns continuarem com o OpenOffice.

Um contraste entre os sistemas
Um contraste entre os sistemas

Pela imagem acima já podemos chegar ao segundo problema, Widgets. São feios. Demais! Em uma instalação padrão do Ubuntu, com o pacote do Symphony baixado diretamente do site da IBM, temos a impressão de rodar um programa no Windows 98. As caixas de seleção e botões na barra lateral são muito mal feitos, sem qualquer cuidado com o acabamento. Além disso, as fontes também não são apresentadas com o polimento que se espera de um editor de textos. Desse jeito fica difícil optar por outra suíte de aplicativos para Linux.

Para um usuário Linux, nada que relembre Windows pode ser bom
Para um usuário Linux, nada que relembre Windows pode ser bom
O temido...
O temido...

O terceiro problema que eu encontrei foi durante a instalação. Não é nada assustador, mas confesso que não me trouxe uma boa impressão. Tudo começou muito simples, bem do jeito Ubuntu de ser, dois cliques no pacote .Deb, Instalar Pacote e… terminal! Certo, não é realmente um problema, ainda que ele mostra uma licença de uso. Mas, cá entre nós, precisaria de um terminal para isso? Poderia ser uma janelinha que se inicia quando o programa abre pela primeira vez, ou uma aba com o navegador apontando para o site do Symphony, qualquer coisa. O terminal ainda é muito agressivo para usuários novos.

No geral, não há diferenças entre as versões para Windows e Linux, ao menos, eu não as percebi. Confesso que não testei função por função, mas não acredito que possam surgir divergências gritantes entre os sistemas.

Técnicamente falando…

Do ponto de vista de um jornalista, acostumado a redigir textos sem formatação complexa, sem auxílio de ferramentas que auxiliem na correção de erros gramaticais, e com pavor de planilhas e apresentações, o Symphony cumpriu muito bem o seu dever. Devo admitir que sou paranóico quanto ao gasto de memória de um software, e fiquei feliz em ver que este problema não afetou minha produção, custando aproximadamente 60Mb de ram.

Formatos suportados
Formatos suportados

Sobre a questão da compatibilidade, o Symphony trabalha com o padrão aberto ODF, mas é capaz de abrir e salvar documentos do MS Office 2003. Infelizmente, não dispunha de nenhum arquivo .DOCX para testar, mas abri um .DOC antigo, somente texto, sem tabelas ou formatações complexas, e já pude perceber certas incompatibilidades. Este, no entanto, já é um problema que não cabe à IBM ou qualquer outra empresa possa resolver, somente quem criou este monstro, a Microsoft, tem este dever.

Durante o tempo em que usei o Symphony, não tive problemas com lentidão, travamentos aleatórios, ou qualquer outro tipo de falha, mostrando que o software está bastante estável, leve e pronto para encarar a correria de um ambiente de produção. Para as pessoas que não têm necessidade de uma suíte completa, com recursos extravagantes, aplicativos para desenho, notas, email e afins, o Symphony cumpre bem o papel de editor de texto, eventuais apresentações e algumas planilhas básicas, afinal, esta é a tarefa realizada pela maioria dos usuários, incluindo os que possuem uma cópia alternativa do Office 2007.

O programa é multiplataforma, disponível para Windows Vista e XP, MacOSX e Linux, com pacotes pré-compilados para Ubuntu, OpenSuSE e Red Hat. Para baixar, entre no site oficial e clique em download; uma nova janela se abrirá, daí, basta seguir os passos. A IBM requer ao usuário que se cadastre, seja criando uma IBM ID, ou apenas um registro simples. As opções de downloads são por HTTP ou pelo sistema Donwload Director da IBM, uma applet Java que irá realizar a tarefa de descarregar os 200Mb do aplicativo.

Tags: Apple, Hardware, Linux, Microsoft, Software, Windows, Windows Vista, Windows XP

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