Análises

Análise do Debian GNU/Linux – Parte 2

Leia a primeira parte da análise do Debian GNU/Linux.

Este texto é uma continuação do artigo anterior, onde foi apresentado os princípios básicos de como o Debian e o projeto do mesmo funcionam. Acompanhe agora a análise do Sistema Operacional. Para esta análise foi utilizada a versão Debian 5.0 Stable codinome Lenny.

Baixando/Comprando o Debian

Se você quer instalar o Debian em seu computador, deve escolher a opção que mais agrada

  • A netinst que conta com um sistema minimalista para depois instalar os pacotes que lhe agradem (semelhante ao Arch Linux)
  • A versão Normal, que pode ser baixada nos mirrors oficiais ou por torrent, que conta com os pacotes no disco (semelhante às distros comuns como o Ubuntu)
  • Comprar um CD/DVD pronto de uns dos distribuidores do Debian (os distribuidores só cobram taxa de mídia e correio e uma parte do dinheiro vai para financiar o projeto)
  • A mais incomum, o Jigdo, que funciona de forma semelhante ao Torrent.

Mais sobre como obter o Debian pode ser lido nesta pagina.

Instalação

Baixei o primeiro CD de pacotes na versão instalável, que me dá o suficiente para um sistema básico (mas você pode baixar os outros CDs/DVDs de pacotes, se tiver coragem de baixar mais 12GB de dados para não ter que baixar mais nenhum pacote da internet). Uma das novidades desta versão foi o Live-Cd e o instalador gráfico que usa o motor GTK, mas como eu disse, vamos usar a versão instalável.

Depois de iniciar o instalador, ele detectou o driver de CD e leu o conteúdo do CD, para verificar se não havia problemas com a mídia ou com os pacotes inseridos nela, somente após este passo ele iniciou a detecção de Hardware (que incrivelmente detectou minha Webcam, coisa que poucas distribuições conseguiram) e carregou os módulos do instalador, como o particionador e o APT, para instalar pacotes. Como eu comecei uma instalação avançada, pedi para carregar também o módulo PPPoE, para configurar minha internet banda larga e assim atualizar os pacotes e os mirrors e evitar dor de cabeça na atualização.

Depois de configurar a internet, o particionador muito prático apareceu na tela, e, mesmo não apresentando barras, foi muito fácil utilizá-lo. Assim, defini a partição do Debian e do Swap numa partição separada, e os meus dados e o Windows em outra.

Particionado o HD, ele começou a instalar o sistema básico e logo após pediu os dados de usuário que eu usaria (nome de usuário, senha do root, etc.) e então perguntou sobre pacotes adicionais (pacotes para servidor, desktop e laptop). A instalação destes pacotes demorou cerca de 2 horas desde a atualização dos pacotes contidos no CD até a instalação dos mesmos, foram cerca de 1 hora e meia neste processo!

Então chegou a parte mais esperada: instalação dos componentes do Kernel (Núcleo do Sistema) e do carregador, que detectou sem problemas o meu Windows.  Perguntou-me também se eu não gostaria incluir outro CD ou DVD com pacotes na sua lista de repositórios. Depois do Reboot, iniciei o sistema.

Informações de pós-instalação.

Agora o meu caro leitor pensa: “Tudo ok, agora é só atualizar e ter os meus codecs e drivers e a ultima versão dos meus pacotes favoritos”. Sinto desapontá-lo mais não: Isso infringiria as maiores leis do projeto Debian e do GNU e vou explicar o porquê.

A primeira coisa é que o Debian é vinculado ao projeto GNU, tanto que boa parte dos desenvolvedores influentes está presentes também no projeto guiado por Stallman: ou seja, o projeto GNU é contra todo o tipo de software proprietário e/ou que não seja livre. Isto significa que o Debian, como objeto de muita influência por parte do projeto GNU, não inclui software proprietários como o Driver da sua placa de vídeo nVidia ou ATi, ou então os codecs MP3, porque violam os princípios básicos do projeto.

A segunda parte é mais para uma consequencia: como você deve saber, o Debian testing tem seus pacotes testados rigorosamente até que ela esteja em estado Freeze, onde nenhum outro pacote entra no repositório. Durante esse meio tempo, os pacotes vão “envelhecendo” e outras versões são lançadas até que o Testing vire Stable (a média de uma versão estar madura o suficiente para ser lançada como Stable é de 2 a 3 anos) e os pacotes ficam em suas versões velhas, então não espere encontrar o openOffice 3 porque no Debian Stable ele está em sua versão 2.4 e o Gnome na 2.20. Se quiser algo mais atual, tente o SIDUX ou o Debian testing.

Já devo ter imaginado que os outros dois parágrafos foram chocantes para você que não conhecia o Debian caro leitor, mas se você precisar dos seus pacotes proprietários existe uma maneira de contornar isso: Leia o próximo tópico.

Configuração

Bem, se você chegou até aqui, está animado com o texto ou está sem o que fazer mesmo e quer saber uma solução, correto? Então vamos lá:

Para ter seus codecs MP3 e programas proprietários: primeiro eu editei um arquivinho chamado sources.list usando o gedit no modo superusuario, é nele que fica contido os sites em que contem os sites que o Debian usa para baixar seus pacotes. Exemplo de sources.list [# … # significam comentários do redator ;) ]
deb http://security.debian.org/ lenny/updates main contrib non-free  #Atualizações de Segurança#

deb-src http://security.debian.org/ lenny/updates main contrib non-free #Atualizações de segurança versão código fonte para desenvolvedores#

deb ftp://ftp.br.debian.org/debian/ lenny main contrib non-free  #Servidor principal de Atualizações#

deb http://volatile.debian.org/debian-volatile/ lenny/volatile main contrib non-free # Servidor para download de pacotes que precisam de muitas atualizações, como as vacinas de um anti-vírus#

deb http://www.debian-multimedia.org/ lenny main #Download de codecs e plug-ins de musica livres ou proprietários.#

deb http://ftp.debian-unofficial.org/debian lenny main contrib non-free #Servidor para download de arquivos proprietários#

Acima foi o exemplo de como se deve ter um sources.list para o uso doméstico, sinta-se livre para copiá-lo no seu arquivo sources.list  SOMENTE SE VOCÊ USAR DEBIAN LENNY. Depois de editar, rode os comandos como root : apt-get update e depois apt-get upgrade .

Eu tenho o poder! – Disse o grande APT

No Debian e seus “filhos” o APT é o gerenciador de pacotes.

Para quem não sabe, o gerenciador de pacotes é, com toda certeza, a maior e mais prática ferramenta de instalação do mundo. Por quê? Simples: ele poupa todo o trabalho de procurar, instalar e atualizar programas e pacotes. Citando alguns exemplos de gerenciadores de pacote: Portage (Gentoo), yum (RedHat e afiliados), YaST (SUSE) e o favorito deste que escreve, Pacman (Arch) são alguns dos mais conhecidos.

Bom mas, o que o APT tem de tão especial?  Fácil, ele é amigável e poderoso o suficiente para fazer os executáveis de instalador do Windows parecerem da década passada. Mas como isso funciona? É mais simples ainda. Lembra que eu disse acima sobre os repositórios? O APT usa eles para baixar e instalar os seus programas tudo isso num clique.

Vamos imaginar a seguinte situação: você quer instalar o player de vídeo VLC. Você abre o terminal como root (administrador) e digita o comando apt-get install VLC. O Apt vai vasculhar todos os pacotes listados nos repositórios e quando achar o VLC, vai baixar ele e suas dependências e invocar o DPKG para instalar os pacotes e depois criar um atalho de execução no menu multimídia do Gnome. Fantástico não? Mas aqueles que temem a tela preta podem ficar despreocupados: o APT possui uma GUI (uma interface gráfica) que em poucos cliques faz as mesmas operações que o APT em modo texto só que de forma mais amigável.

Mas supondo que eu não goste do VLC: eu posso também remover com o comando apt-get remove VLC. Então o APT chama o DPKG e desinsta-la e remove as entradas no menu multimídia do Debian. Muito mais fácil do que apertar next, next, finish não?

Ai ele disse: Surpresa!

Estaria mentindo se dissesse que não tive problemas na instalação e na configuração: foram três instalações detonadas e quase perdi a interface gráfica: o driver da NVIDIA não simpatizou com o arquivo de configuração do XORG, que gera a interface gráfica.

Mas o que realmente me deixou irritado foi a manipulação de partições NTFS. Foram várias edições de arquivos e modificações na mesa de partições até que o @raulneptune no Twitter disse que eu poderia instalar o disk-manager pelo APT para escrever e ler dados da minha partição de Arquivos, pois o Debian estava arisco, mesmo usando o Root.

Mudando de negativo para positivo, existiu uma coisa que me surpreendeu muito foi a estabilidade: durante 2 semanas de teste, o sistema não deu nenhum crash, nenhuma travadinha, NADA. Ponto pro Debian!

Pontuação final

Quesitos de avaliação de 0 a 5

  • Facilidade de uso: 2
  • Software pré-instalados: 3
  • Estabilidade: 5
  • Instalação: 4
  • Configuração: 2
  • Usabilidade: 2

Conclusão

O Debian é fantástico se configurado da maneira correta, seja usando num servidor, palmtop, mainframe ou num simples netbook. Usar o Debian é como montar um quebra cabeças: exige tempo e muita paciência. Mas depois vem a recompensa: um sistema adorável de se usar se tiver coragem o suficiente para entendê-lo. Para finalizar, esse artigo, do Guia do Hardware vai ajudar você da mesma maneira que me ajudou.

Tags: Destaques, Linux

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