Nos últimos anos a Intel vem seguindo uma estratégia de lançamentos de produtos que ela batizou de “tick-tock”. É um ciclo que se repete a cada dois anos. No primeiro ano (“tick”) a Intel cria um novo processo de fabricação, aumentando a “densidade” de transistores no chip e melhorando consumo, eficiência etc. No segundo ano (“tock”) é lançada uma nova microarquitetura, ou seja, um processador praticamente novo é colocado no mercado, já que as alterações do “tock” são muito mais profundas.

O ano de 2007 foi um ano de “tick”, ou seja, a Intel melhorou o processo de fabricação dos Core 2 Duo e Core 2 Quad atingindo os 45 nm (nanômetros). Em 2008, durante o IDF (Intel Developers Forum), a Intel lançou o Core i7 com uma microarquitetura totalmente nova (lembrem-se do “tock”!). É esse o processador que está chegando às prateleiras dos revendedores no final desse ano. As principais características do Core i7 são as seguintes:
- É um processador Quadcore (com quatro núcleos) e suporte a “Hyperthreading”. Quem usou Pentium 4 deve lembrar do Hyperthreading. Simplificando: é uma tecnologia faz com que um core (núcleo do processador) “físico” funcione como dois cores “lógicos”. Assim, um Core i7 que é um processador quadcore, funciona como se tivesse 8 (oito!) cores.
- O Core i7 é um processador que usa um soquete na placa mãe chamado LGA1366 e que tem muito mais contatos que os atual soquete para Core 2 Duo/Quad que é o LGA775.
- Três níveis de cache L1, L2 e L3. Cada núcleo do Core i7 tem cache L1 de 64 KB e cache L2 de 256 KB. Existe também um cache L3 unificado de 8 MB compartilhado por todos os quatro núcleos.
- O controlador de memória, que é um chip que faz a comunicação entre a CPU (processador) e a memória RAM agora fica “embutido” no próprio processador. Isso leva a uma implicação muito importante: As placas mãe para o Core i7 não têm mais o “famoso” FSB (Front Side Bus) que é o nome do canal de comunicação entre processador e memória. O Core i7 usa uma nova tecnologia para comunicação com a memória RAM batizada pela Intel de QPI (QuickPath Interconnect).
- O Core i7 suporta apenas as memória DDR3, ou seja, não vai funcionar com as memórias mais utilizadas atualmente que são as DDR2. As memórias DDR3 poderão funcionar em “single-channel”, “dual-channel” ou ainda “triple-channel”. Neste último caso, o desempenho do Core i7 é maximizado, porém temos que ter, no mínimo três módulos de memória.
- “Turbo” mode – uma espécie de “overclock” de fábrica criada pela Intel para aumentar o desempenho do processador quando alguns núcleos não estão sendo utilizados.
- Novas instruções para processamento multimídia (SSE4) foram adicionadas ao processador para aumento de desempenho em jogos e aplicativos gráficos.

No papel, são mudanças significativas, mas será que vale a pena investir agora num Core i7? Em minha opinião, o acréscimo de desempenho ainda não vale a pena se levarmos em conta o custo. Isto porque para fazer um “upgrade” para Core i7 vamos ter que trocar de placa mãe (atualmente só placas com chipset Intel X58 suportam o processador) e também de memória (a não ser que você já use do tipo DDR3). E esses componentes (além do próprio Core i7) estão bem caros! Em média, uma placa mãe com chipset X58 é de 50 a 70% mais cara que uma para Core 2, e o mesmo acontece com as memórias DDR3. Ainda não pude testar o Core i7, mas pelos primeiros resultados em sites internacionais, o ganho de desempenho ainda não me seduziu. Acho que vou esperar o “tick”!