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Um Domingo Qualquer #047: Os incríveis desenhos de Kelvin Okafor

Quando criança, eu tinha o hábito de desenhar. No começo eu desenhava “por cima”, que era como a gente chamava a técnica de seguir apenas os contornos de uma ilustração. Mas depois eu fui aprendendo e aprimorando minha técnica. Quando entrei na adolescência, eu era considerado “o desenhista” da turma e já sabia fazer ilustrações “sem olhar”, só de cabeça. Desenhava especialmente animes. Dragon Ball Z, Cavaleiros do Zodíaco, Sakura Card Captors, Digimon, só pra citar alguns. Tinha um caderno cheio desses desenhos!

Mas com o tempo eu fui perdendo o ânimo em desenhar e me interessando por outras coisas. Videogames, por exemplo. E junto com meu ânimo foi embora também a minha habilidade, que eu havia aprimorado ao longo da infância e adolescência. Antes de perder completamente o interesse nisso, eu lembro que no Ensino Médio, durante a monotonia das aulas de física, eu comecei a tentar desenhar os meus colegas de sala. Como alguns estavam bem concentrados, foi fácil arrumar alguns modelos (in)voluntários. :P E o resultado até que ficou bom, para um iniciante! Logo choveu menina querendo que eu fizesse um “retrato” delas. Acho que esse foi o período onde eu fui mais popular entre elas. Infelizmente, “ser nerd” ainda não estava na moda.

Pois bem, eu fui transportado à essas lembranças depois de ver o trabalho de Kelvin Okafor, um britânico com descendência nigeriana. Não que a minha habilidade de outrora chegasse perto da dele. Na verdade, meus antigos desenhos são literalmente um cocô fumegante e fedorento perto dos dele. Mas se eu tivesse continuado a praticar talvez eu tivesse 5% do talento desse monstro! Veja um dos desenhos dele:

kelvin-okafor-madre-teresa-de-calcutá

Sim, amigo. Isso não é foto. É uma ilustração feita apenas com lápiscarvão! Ok, pode ir lá colocar o seu queixo no lugar. Provavelmente ele deve ter se deslocado. (…) Já voltou? Ótimo, podemos continuar! Como pôde ver, Kelvin Okafor trabalha com desenhos fotorrealistas.  São pinturas que facilmente se confundem com fotografias, tamanho é o nível de detalhes, nuances de cor e expressões que elas transmitem. A imagem acima, no caso, é uma representação de Madre Teresa de Calcutá.

A história de vida dele é bem curiosa. Seus pais emigraram da Nigéria para a Inglaterra, com a esperança de fornecer melhores condições de vida para seus filhos: Kelvin, seu irmão e duas irmãs. No entanto, as coisas foram bem difíceis para essa família e eles passaram por todas as dificuldades que a pobreza pode proporcionar. Por ser pobre demais, Kelvin Okafor não tinha como comprar brinquedos para brincar com as outras crianças do bairro ou, quando adolescente, não tinha dinheiro para comprar roupas boas e ir em baladas. Aos 11 anos de idade, ao chegar da escola, descobriu que eles haviam sido despejados. Sem lugar para ir e, principalmente, sem condições de alugar uma nova casa, Kelvin e sua família ficaram 3 anos morando de favor, na casa de um ou outro conhecido/parente.

Kelvin-Okafour-King-Hussein

Desta forma, ele passou grande parte de seu tempo dentro de casa, desenhando. Isso lhe proporcionou uma habilidade fantástica para essa arte. Enquanto todos se divertiam, Kelvin estava lá, desenhando. As dificuldades financeiras não foram o único fator chave para que Kelvin Okafor adquirisse tamanha habilidade nos desenhos. Seus pais, desde cedo, incutiram nele a ideia de que apenas o trabalho duro compensava. E assim ele trabalhou arduamente. Cada desenho leva em média 80, às vezes 100 horas para ser concluído. Ele disse ainda que por vezes chega a trabalhar 15 horas por dia. Mas o resultado é totalmente recompensador!

Quanto ao preço, se levarmos em conta toda a qualidade, nível de detalhes e empenho do artista, sai até barato. O mínimo que ele cobra é US$ 1.300,00, podendo chegar até a US$ 4.750,00. Alguns de seus melhores desenhos já foram vendidos por mais de US$ 16.000,00. Bastante barato, se levarmos em conta que “porcarias” como este “laranja vermelho e amarelo” são vendidos por mais de 86 milhões de dólares.

kevin-okafor-leao

A impressionante história desse artista britânico mostra que não há limites ou barreiras intransponíveis para quem realmente quer fazer algo significativo na vida. Basta se esforçar, estudar e nunca desistir. Parece simples, mas poucas pessoas tem culhões para levar isso à frente. Outra lição que podemos aprender da história de Kelvin Okafor é que a pobreza e as dificuldades econômicas não são desculpas para ser alguém estúpido ou, ainda, enveredar pela criminalidade. Há uma frase, atribuída a Bill Gates, que diz: “Você não tem culpa de ter nascido pobre, mas se morrer pobre a culpa é toda sua“. Independente da veracidade da autoria, a frase é a mais absoluta verdade. Portanto, inspiremo-nos na história desse incrível artista, que impressiona não só pelas suas obras como por sua história de vida, e vamos perseguir nossos sonhos!

Abaixo, uma galeria com mais alguns desenhos de Kelvin Okafor. Para quem quiser ver todos os seus trabalhos, basta pegar um babador e acessar o seu perfil no Flickr.

Esta foi a nossa coluna  Um Domingo Qualquer dessa semana. Esperamos que você tenha curtido o trabalho de Kelvin Okafor. Nós apreciamos bastante. Caso você queira sugerir alguma coisa legal que queira ver publicada nessa coluna, pode mandar um e-mail para admin@guiadopc.com.br que analisaremos a sua sugestão e se for realmente interessante, com certeza publicaremos! Enquanto isso, por que não dá uma olhada também nas matérias das semanas anteriores?

Tags: Um Domingo Qualquer

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