Pesquisas & Estudos

12 de junho: Relacionamentos virtuais ganham espaço entre solteiros insatisfeitos com a vida amorosa real

Em um mundo hiperconectado, cada vez mais pessoas estão optando por vínculos virtuais em vez de relacionamentos presenciais. Para alguns, trata-se de uma escolha consciente em busca de autonomia e liberdade. Para outros, é um reflexo direto da frustração com a vida amorosa offline. A nova edição da pesquisa Love Life Satisfaction, realizada pela Ipsos, ajuda a entender esse fenômeno.

Segundo os dados, apenas 50% dos solteiros brasileiros se dizem satisfeitos com sua vida sexual — um contraste marcante com os 81% das pessoas comprometidas. Globalmente, a insatisfação entre solteiros também é visível, embora com algumas exceções, como a Espanha, onde os solteiros demonstram altos índices de contentamento (83%).

O levantamento ouviu mais de 23 mil pessoas em 30 países, incluindo mil brasileiros, entre dezembro de 2024 e janeiro de 2025. A margem de erro é de 3,5 pontos percentuais.

Além do status de relacionamento, o fator financeiro também influencia. A pesquisa aponta que 67% das pessoas com renda alta estão satisfeitas com a vida sexual, contra apenas 51% dos assalariados de renda baixa. O recorte etário, por sua vez, revela pouca variação: tanto jovens quanto mais velhos demonstram níveis semelhantes de satisfação — ou falta dela.

A fuga para o virtual

Entre aplicativos de namoro, plataformas de metaverso e perfis em redes sociais, o amor digital deixou de ser um recurso emergencial da pandemia para se tornar uma escolha permanente para muitos.

“Não aguento mais encontros que não levam a nada. Prefiro conversar com alguém pelo celular, de noite, na minha cama. É mais seguro, menos desgastante. Sei que não é amor de verdade, mas pelo menos me sinto desejada”, relata uma mulher de 34 anos, moradora de Belo Horizonte, que prefere não se identificar.

Essa tendência também se fortalece entre os homens. Um designer de 29 anos, de São Paulo, conta que desistiu de buscar uma parceira fixa após uma série de relacionamentos frustrados. “Hoje tenho três conexões fixas em um app de realidade virtual. Conversamos, nos encontramos online, trocamos fotos, ideias e até ciúmes. Pode parecer loucura, mas isso me preenche mais do que sair com alguém que só está ali pelo tédio.”

Especialistas enxergam alerta e oportunidade

Para psicólogos e sociólogos, o crescimento desse tipo de vínculo virtual é um reflexo de um cenário mais amplo: dificuldade de comunicação, idealização de relacionamentos e pressão social por performance emocional e sexual.

“O digital oferece um ambiente controlado. Você escolhe quando entrar, o que mostrar, até onde ir. Isso reduz o risco da rejeição direta, que ainda é um dos maiores temores das relações presenciais”, analisa uma terapeuta de relacionamentos ouvida pelo Guia do PC. Mas ela alerta: “É preciso cuidado para que o virtual não substitua por completo a vivência real. A solidão disfarçada de conexão é uma das grandes armadilhas dessa era.”

Enquanto isso, o mercado de plataformas e tecnologias de relacionamento online segue em expansão. Avatares customizáveis, inteligência artificial aplicada a chats afetivos e até experiências sensoriais à distância estão se tornando realidade. Para muitos, o amor do futuro já está entre nós — basta ter Wi-Fi e disposição emocional.

Você também vai gostar

Leia também!