Artigo por Cristiano Souza, CTO da AP Digital Services
Na atual revolução digital que vivemos, a cada minuto, bilhões de dados pessoais são coletados, processados e armazenados em todo o mundo. Essa coleta massiva de dados é frequentemente motivada pela necessidade de serviços direcionados.
Porém, ao mesmo tempo que gera conveniência e personalização, principalmente na relação entre empresas e clientes, a massificação gera uma questão crítica: como as empresas protegem as informações em um ambiente cada vez mais conectado?
Como líder na área de transformação digital, testemunho diariamente os desafios relacionados à segurança e privacidade de dados. Sem os componentes de proteção, até a iniciativa de transformação digital mais inovadora pode se tornar um risco.
Qual é a diferença entre segurança e privacidade de dados?
A segurança de dados refere-se às medidas para proteger as informações contra acessos não autorizados e ataques cibernéticos, envolvendo o uso de criptografia, firewall, controles de acesso e outros componentes de hardware e software.
A privacidade de dados, por sua vez, diz respeito aos direitos dos indivíduos sobre suas informações pessoais, incluindo a forma como esses dados são coletados, processados e compartilhados.
Após compreendermos as diferenças conceituais, pois ainda é comum pensar que segurança e privacidade têm o mesmo significado, o próximo passo é a aplicação prática. Por exemplo: não basta bloquear hackers se os dados forem utilizados sem consentimento e não basta ter políticas de privacidade sem proteção contra violações.
De acordo com o relatório Global Cybersecurity Outlook, do World Economic Forum, a complexidade das regulamentações está pressionando as empresas a adotarem práticas robustas de cibersegurança. A verdadeira proteção exige equilíbrio entre inovação e respeito à autonomia, para evitar o risco de penalidades e preservar confiança nas relações comerciais e profissionais.
No Brasil, os requisitos distintos para consentimento e direitos dos titulares são determinados pela Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
Como superar os desafios
A segurança e a privacidade de dados geram desafios que podem impactar as empresas, uma vez que a dependência de sistemas digitais é acompanhada do alto volume de sensibilidade das informações.
E, para enfrentar esses desafios, é necessária uma abordagem baseada em três situações:
1. Empoderamento dos consumidores: as legislações estabelecem um conjunto de direitos para os consumidores, relacionados à acesso, retificação, restrição do processamento e exclusão dos dados pessoais, de acordo com a circunstância.
2. Aumento de vulnerabilidade: quanto mais dados são coletados, maior a possibilidade de vulnerabilidades que podem ser exploradas por invasores.
As empresas devem mapear os dados e classificá-los com base em sua sensibilidade e criticidade, determinando o nível de proteção necessário, para, posteriormente, limitar os privilégios de acesso.
3. Risco da anonimização de dados: a anonimização por meio da simples remoção de nomes reais e números de CPF pode parecer suficiente para garantir o anonimato. No entanto, mesmo nessas situações, os cruzamentos com datas, localizações ou padrões de consumo podem identificar as pessoas e expor dados confidenciais.
É por esse motivo que as leis exigem técnicas robustas de pseudonimização, como a tokenização e a criptografia, tornando a identificação direta mais difícil com a proteção dos dados mais avançada.
Benefícios da governança
Ao enfrentar e, principalmente, superar esses desafios, as empresas praticam uma cultura de governança ponta-a-ponta, que cuida da proteção em todo o ciclo do desenvolvimento de produtos, serviços ou processos.
Trata-se de uma conscientização que gera benefícios como:
. Confiança perante os clientes: as empresas que dão o controle dos dados aos usuários, permitindo opt-out, acesso e exclusão de dados, transformam a privacidade em vantagem competitiva.
. Eficiência operacional: quando a proteção faz parte da rotina da empresa, os dados são tratados com rigor. Assim, a combinação de criptografia, Inteligência Artificial (IA) e ética permite personalização com resultados superiores.
. Resiliência jurídica: as empresas com programas proativos de privacidade têm adaptação mais rápida às novas leis, transformando a complexidade em oportunidade para padronizar processos e expandir operação.
Portanto, integrar práticas de segurança e privacidade de dados nas jornadas de automação, IA e transformação digital vai além de garantir conformidade. Para isso, é necessário lembrarmos: não existe tecnologia sem pessoas.
Os profissionais são essenciais no processo de crescer sustentavelmente em um ambiente digital seguro.