Quem diria que no início do século XXI teríamos celulares com poderes computacionais equivalentes a de um desktop e uma capacidade de comunicação incrível, possibilitando ao usuário acessar a internet, enviar e-mails, atualizar suas redes sociais e uma infinidade de outras coisas. Hoje em dia esse mercado já está bem amadurecido e os smartphones – e por quê não tablets? – estão ao alcance de grande parte dos consumidores. No cenário atual, duas plataformas disputam a preferência dos consumidores: iOS e Android, embora haja o Windows Phone ele ainda não tem grande apelo entre os usuários. Hoje irei focar meu texto na solução da Google, o Android.
Como sabemos, a grande diferença do sistema operacional da Gigante de Mountain View para o seu principal concorrente, o iOS, é que a Google não é a única que trabalha nele. Apesar de desenvolver o software e o hardware – com seus celulares Nexus – o Android vai embarcado num amplo leque de outros aparelhos, das mais variadas fabricantes. Vejamos as vantagens e desvantagens dessa estratégia e quem se beneficia ou não dela. E no final, tentaremos responder a pergunta: O Android é diversidade ou fragmentação?
Android – Bom para os consumidores…
Uma coisa temos de admitir: o Android é um sistema muito democrático. Não é qualquer um que tem condições de gastar R$ 2.000,00 em um celular com uma maçã estampada na traseira. Assim, a decisão da Google de licenciar o sistema para as mais diversas fabricantes se mostra benéfica para os consumidores, principalmente aqueles de classes mais baixas. A diversidade de opções, preços, designs, desempenho é gigantesca! Se você é exigente e tem um saldo bancário favorável, pode optar por um Galaxy S III, com hardware parrudo e rodando a última versão do sistema. Mas se você quer apenas um smartphone pra chamar de seu e poder atualizar os seus perfis em redes sociais, tirar algumas fotos e baixar alguns jogos, pode muito bem escolher um mais simpleszinho.
Mimimi o Android demora para atualizar mimimi… Amigo, o problema com as atualizações do Android não é realmente um problema se você não for um geek que quer sempre usar o que há de mais novo. Realmente, admito que isso é um problema para quem realmente se interessa por tecnologia. Mas para a grande maioria das pessoas, que só quer usar o celular, ela nem sabe qual versão do Android está instalada, se é a 2.2, a 2.3 ou a última, 4.0. Assim, podemos concluir para os usuários, o Android é um ótimo sistema!
…mas para os desenvolvedores…
Se para os usuários o Android é ótimo, será que a história se repete com os desenvolvedores de apps? Bom, vou mostrar uma imagem:
Esse é o escritório da Animoca, empresa que desenvolve aplicativos para Android. E esta foto, é apenas uma parte, dos mais de 400 dispositivos Android que ela tem. Pra quê ela tem tantos gadgets? Por simples e único motivo: testar seus aplicativos. Para prover a diversidade que o consumidor tanto ama, temos como efeito colateral um mar de especificações técnicas, tamanhos de tela, quantidade de memória, tipo de processador e por aí vai! Se uma empresa quer fazer sucesso, ela tem que garantir que seus produtos rodarão de maneira satisfatória nessa infinidade de aparelhos. No caso da Animoca, ela recebe investimentos da Intel, uma gigante da área. E se não fosse assim? Será que ela conseguiria comprar todos os gadgets e manter uma equipe de profissionais apenas para testar aplicativos?
Aí surge outro ponto: será que não seria mais benéfico para os consumidores se as empresas pudessem usar esse dinheiro para qualificar ainda mais a sua equipe, sua infraestrutura e melhorar sobretudo seus produtos? Até que ponto a fragmentação do Android prejudica as empresas e por tabela os seus clientes? Para exemplificar, veja um gráfico feito pela Open Signal Maps, que mostra a distribuição dos aparelhos Android e sua consequente fragmentação:
Este gráfico mostra a distribuição do sistema tendo como base a sua fabricante. Vemos que a Samsung domina com uma certa folga este setor. Mesmo assim, podemos perceber que existem muitos aparelhos ching-ling rodando Android. E a partir desse ponto a fragmentação já começa a ficar bem notável. No post original da Open Signal Maps há outros gráficos e estatísticas. Na imagem acima, não dá pra ter uma ideia da real fragmentação da coisa. Mas quando separamos por cada aparelho diferente em que o sistema está instalado, a situação fica assim:
Mesmo que a Samsung domine, ela tem vários aparelhos diferentes. E o mesmo se dá com as outras fabricantes. E o pior: eles não seguem um padrão de hardware. Assim, tanto a Google quanto as inúmeras desenvolvedoras de software devem adaptar seu aplicativo para os mais diversos aparelhos.
Então, é diversidade ou fragmentação?
Vendo os dois lados da mesma moeda, a que conclusão podemos chegar? Será que o Android é diversificado ou fragmentado? Assumindo a resposta mais sensata, acho que ele é um pouco dos dois. Ele provê a variedade de opções que os consumidores gostam, mas as dificuldades em se desenvolver para ele, justamente por causa dessa diversidade. Olhando por outra ótica, diria que o Android é um sistema irônico! Pois a sua maior vantagem é, também, sua maior desvantagem, já que a variedade gera apps mal feitos e mal formatados para alguns aparelhos, problemas com as atualizações e aparelhos que em dentro de 6 meses ficam totalmente defasados! Isso não acontece com a concorrência, onde um celular lançado em 2009, roda hoje a última versão do sistema.
E você? O que acha do Android? Acha que ele oferece diversidade ou fragmentação? Acredita que as suas vantagens e benefícios cobrem os seus defeitos? Dê a sua opinião nos comentários e vamos conversar sobre isso. :)
