Uma pesquisa nacional realizada pela Ipsos-Ipec revela que 75% dos brasileiros interpretam a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor tarifas sobre produtos nacionais como uma medida de cunho político. Apenas 12% acreditam que a ação tenha motivação puramente comercial, enquanto 5% apontam para uma combinação das duas razões.
O levantamento, feito entre 1º e 5 de agosto de 2025 com 2 mil pessoas em todo o país, também aponta um desgaste significativo na imagem dos EUA: 38% dizem ter piorado sua percepção após o anúncio, índice que chega a 52% entre eleitores de Lula. Entre eleitores de Bolsonaro, a maioria (60%) afirma que a imagem permaneceu a mesma.
A reação da população está longe de ser unânime. Sobre um possível distanciamento comercial do Brasil em relação aos EUA, 46% concordam e 47% discordam. A divisão segue a polarização política: 61% dos eleitores de Lula apoiam a medida, contra 65% dos eleitores de Bolsonaro que rejeitam a ideia.
Quando a questão é aplicar tarifas retaliatórias aos produtos americanos, o cenário é semelhante: 49% são favoráveis e 43% contrários, com maior apoio na região Norte/Centro-Oeste (58%) e oposição mais forte no Sul (52%).
A diversificação de parceiros comerciais, contudo, é consenso. Para 68% dos entrevistados, o Brasil deve buscar novos acordos, principalmente com China e União Europeia — uma posição majoritária tanto entre eleitores de Lula (75%) quanto de Bolsonaro (59%).
Seis em cada dez brasileiros acreditam que o confronto pode isolar o país no cenário internacional, percepção mais presente entre apoiadores de Bolsonaro (70%) do que entre os de Lula (53%).
Em caso de impacto econômico negativo, a principal reação da população seria priorizar produtos nacionais (39%), seguida pela decisão de não comprar itens americanos (22%).
O estudo evidencia que a política externa se tornou mais um reflexo da divisão interna do país, com opiniões moldadas por alinhamentos políticos e regionais, mas com uma clara convergência na busca por novas oportunidades comerciais fora do eixo Brasil-EUA.