Em um momento em que Belém abre o calendário preparatório da COP30, São Paulo sediou a Conferência Internacional Green Building Brasil, reunindo líderes globais da construção civil, instituições multilaterais e especialistas em sustentabilidade. O foco desta edição foi claro: como tecnologia, dados e inovação podem acelerar a descarbonização e transformar a construção civil em uma indústria mais leve, eficiente e digital.
Hoje, o setor é responsável por cerca de 34% das emissões globais de CO₂ e está entre os maiores geradores de resíduos do planeta. Por isso, a transição para métodos mais sustentáveis deixou de ser um discurso e virou uma urgência operacional — e tecnológica.
“Com a construção civil sendo responsável por um terço das emissões globais de CO₂, temos aqui uma grande oportunidade de liderar mudanças realmente significativas. Neste momento em que celebra seus 360 anos de história, a Saint-Gobain reafirma seu compromisso de fomentar a inovação, reduzir desperdícios e integrar tecnologias que acelerem a transformação para um setor mais leve e sustentável”, ressaltou Vinícius Araújo, diretor sênior de Estratégia e Marketing da Saint-Gobain.

Dados, rastreabilidade e IA: a nova lógica da construção
Os debates mostraram que o setor não está apenas discutindo materiais, mas sim um novo modelo de operar construções com base em dados: rastreamento de emissões, medição de impactos, digitalização de processos e automação de canteiros foram temas centrais.
“Sabemos como criar edifícios quase zero emissões e resilientes. O desafio agora é escalar essas soluções, e isso só será possível com regulamentações consistentes, alinhamento global e apoio governamental”, destacou Emmanuel Normant, vice-presidente global da Saint-Gobain.
Nesse movimento, ferramentas tecnológicas passam a assumir papel determinante. Um dos destaques da conferência foi o lançamento da CEHídrica, calculadora digital que mede eficiência hídrica em cada etapa da obra. Desenvolvida pelo SindusCon-SP com parceria técnica da Saint-Gobain, ela permite comparar materiais, quantificar economia potencial de água e gerar indicadores que podem orientar decisões de projeto.
“Precisamos assumir um compromisso coletivo para transformar práticas construtivas, com foco em eficiência, redução de impactos e industrialização sustentável. Soluções de impacto já existem e estão disponíveis”, reforçou Douglas Meirelles, gerente de Public Affairs da Saint-Gobain.
Protagonismo brasileiro e padronização mundial
O encerramento do evento trouxe um recado unificado: a descarbonização só será possível com colaboração e padronização de métricas. A criação da Global Alliance for Building Construction foi apontada como marco para unificar indicadores e acelerar a transição verde em escala global.
“O Brasil já apresenta eficiência superior em emissões de CO₂ por metro quadrado em relação a países como a Inglaterra. Agora, precisamos escalar nossas soluções e garantir que a sociedade civil esteja engajada nesse movimento. A educação será o motor para consolidar essa liderança”, afirmou Felipe Augusto Faria, CEO do GBC Brasil.
A conferência mostrou que a sustentabilidade da construção civil passa, cada vez mais, por digitalização, métricas e industrialização, não apenas por novos materiais. O setor caminha para uma nova era — em que dados são tão importantes quanto cimento.








