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Um Domingo Qualquer #031: Contato de 1º Grau

Até quem me conhece pessoalmente e, de certa forma, convive comigo, não sabe que este humilde redator e atual editor do Guia do PC, antigamente, nutria o sonho de ser um escritor. Isso, assim como meu conterrâneo José de Alencar, Machado de Assis, ou como os mais contemporâneos Érico Veríssimo, Moreira Campos, Airton Monte e outros. Por sorte, eu nasci numa terra que gerou bons escritores, e tive o prazer de ler inúmeras obras maravilhosas e, além de cultivar a paixão pela leitura, aprender um pouquinho com esses grandes e imortais mestres. Ainda na adolescência, me pus a escrever alguns versos tortos. Reconhecendo a inaptidão para a poesia, parti para um gênero mais casual e com o qual me identificava: crônicas e contos.

Ainda na escola, cheguei a escrever alguns textos, que guardo até hoje. O tempo passou e o meu sonho de ser escritor morreu, foi engavetado, assim como muitos de meus manuscritos. Apesar disso, o meu prazer em escrever continua aqui, intacto. E como você pode perceber, eu dei um jeito de unir a minha paixão por tecnologia com a ingrata arte da escrita. À propósito, espero que gostem dos meus textos que, com tanto esmero, publico aqui no Guia do PC. Bom, essa longa introdução, foi apenas para explicar o porquê do Um Domingo Qualquer desta semana ser um conto. Resolvi tirar a poeira do setor imaginativo do meu cérebro e escrever uma história que tem a ver com ficção científica e encontros extra-terrestres. Bom, não me julguem se ficar muito ruim. Sou iniciante e estou muito, muito enferrujado. Ok, aí vai! :)

***

Contato de 1º Grau

 Nos ouvidos, fones. Nos olhos, óculos escuros. No rosto, um semblante austero. E na cabeça… nada. Apenas a vontade de chegar no horário ao trabalho. A rua estava apinhada de gente. Ou indo pegar o metrô ou saindo de um. Era o meu caso. Nos meus tempos de sonhador, ficava a me perguntar como podia ser possível tanta gente no mesmo lugar e nenhum sinal de gentileza, cumplicidade ou até mesmo um simples sorriso. Agora cresci. E aprendi, nos inúmeros cursos que frequentei, afim de me qualificar e ser melhor que meu concorrente, que isso é irrelevante. E de repente, enquanto caminhava mecanicamente para o escritório e me encontrava perdido no vazio de meus pensamentos e na batida da música alta que emanava dos fones de ouvido, algo vem de encontro a mim e esbarra em meu ombro.

Me assusto com o encontrão e sinto o gosto amargo de um palavrão ascender à minha língua. Mas por um motivo que não sei bem ao certo qual é, exerço meu autodomínio e engulo de volta aquela palavra, assim como fazemos quando queremos impedir um vômito iminente. Uma outra pessoa, porém, não tem o mesmo controle que eu e, ao esbarrar naquele homem parado no meio da calçada vomita um sonoro:

– Filho da p**a!

O homem que esbarrara em mim e no outro cidadão menos paciente era um tanto quanto estranho. Não fisicamente, mas… Ele parecia estar perdido, procurando algo. Havia alguma coisa diferente nele. Mas para todos os efeitos, aquele parecia ser um momento trivial do dia, atípico, mas ainda assim trivial. Então, eu decidi continuar a minha marcha até o escritório. Olhei novamente para trás, resultado de uma inquietação mental com este momento, e sobre as cabeças que trafegavam ali naquela manhã, consegui enxergar o sujeito. Parado. Olhando para o nada. E com um sutil sorriso no rosto. Olho para o mostrador do relógio. Faltam 10 minutos para o início do expediente. Pondero se devo falar com ele. Hesito. Minha razão diz que não. Diz que devo seguir em frente. Mas a minha curiosidade é maior.

– Com licença… Amigo? Está tudo bem? – pergunto tocando no seu braço.

Ele me olha por alguns segundos e então fala:

– Amigo. – como se aquela palavra não lhe fosse familiar. Após alguns segundos ele continua:

– E eu pareço não estar bem?
– Não, é que… o senhor parece estar meio perdido. Está tudo bem mesmo?

Ele não diz nada. Apenas me fita. Eu tomo isso como um “sim, estou perdidamente perdido”.

– Olha, não é vergonha nenhuma o senhor estar perdido. São Paulo é um caos mesmo. Me diga para onde o senhor vai. – continuo.
– Eu não vou. Eu acabei de chegar.
– Ok… ok. De onde o senhor é?

Ele sorri e então responde:

– Por que vocês perguntam? Sempre acham que estou mentindo.

Eu fico ali parado, perplexo, sem entender nada e muito menos saber o que dizer. Depois me dou conta que estou perdendo tempo e que nunca deveria ter dado meia volta para falar com este homem.

– Tenha um bom dia, senhor. – falo enquanto toco-lhe o ombro com mais força e exibo um sorriso cordial, porém falso. E então volto para o meu caminho.
– Por que vocês são assim? – pergunta o homem, num tom de voz mais elevado, visto que eu já havia me afastado.
– Oi?
– Por que vocês são assim? Frios, egoístas, egocêntricos.
– Bom… não sei… não é que sejamos frios. Todo mundo é muito ocupado. Têm que trabalhar e etc… – neste momento ele já caminhava ao meu lado.
– Por que vocês têm de trabalhar?
– Ué, você não trabalha?
– Não.
– E como ganha a vida? Se sustenta, compra suas coisas? Não vai me dizer que ainda é sustentado pelos pais! – digo com um ar de ironia e incredulidade, junto com um sorriso de deboche no rosto.
– De onde eu venho nós não precisamos disso. Trabalhar, “ganhar a vida”. É diferente.
– E de onde você vem!? Lá deve ser maravilhoso, né!? Nunca trabalhar!? É comigo mesmo! – continuo a conversa num tom de brincadeira.

O homem de repente adota um aspecto sério, me olha e então responde:

– Quer mesmo saber de onde eu sou?
– Sim, claro.
– Eu sou de Entelesapie.

Esboço uma expressão de completo desentendimento e desconhecimento do lugar citado por ele.

– Entele o quê!?
– Entelesapie.
– Onde fica isso!?
– Fica na galáxia a qual vocês batizaram de “NGC 1300”, localizada na constelação Eridanus, há 61 milhões de anos-luz daqui.

Neste momento, eu dou uma alta e gostosa gargalhada, como há tempos não fazia.

– Peraí! Você está me dizendo que é de outro planeta?
– Sim. – responde ele com uma naturalidade que me espantou. Outra gargalhada se seguiu.
– Amigo, me desculpe, não quero debochar de você, mas… isso é estatisticamente improvável!
– Por que?
– Por que é, ora! Veja só, a NASA pesquisa o universo há anos, já encontraram inúmeras galáxias, planetas, nebulosas e a coisa toda! Mas nunca encontramos vida! Não pluricelular.
– E vocês não encontrarem quer dizer que não existe?
– Bem… não, mas… é improvável. Só isso que quis dizer.
– Eu já vi muita coisa no universo. Coisas que vocês, humanos, nem imaginam que existem. Mas uma das mais impressionantes, sem dúvida, é a arrogância característica da sua espécie.
– Não somos arrogantes! Somos realistas! Olhe… não muito longe daqui, há um hospital psiquiátrico. Conselho de amigo: vá e marque uma consulta. – terminei a frase dando uma piscadinha cínica para ele.

Neste momento, chegamos em frente ao prédio onde trabalho, um escritório de advocacia. O tal homem, que está mais para louco do que alienígena, me olha fixamente, com um semblante sério. Então ele coloca a mão no bolso e saca um objeto metálico, retangular, fino e comprido. Ele passa seu polegar pela lateral deste objeto duas vezes, um orifício surge na ponta e expele dois comprimidos. Um deles tem as cores azul e branca. O outro azul e preto. Ele fica com o primeiro e me oferece o segundo.

– Tome.
– O que é isso?
– É um comprimido de yoctorobôs.
– Yocto o quê!?
– Você costuma repetir muito as coisas! Isso me irrita!
– Olha cara, me desculpe, mas eu preciso mesmo trabalhar. Já estou quase me atrasando.
– Por favor, eu insisto. Tome. Você não vai se arrepender.
– O que é isso? Uma espécie de Matrix? Até em Matrix o cara deu uma escolha ao Neo. E eu escolho não tomar!

O homem para por um instante e então suspira profundamente. Parece ter ponderado alguma coisa. Então ele fala:

– Você sabe qual a diferença entre vocês, humanos, e um chimpanzé?

Eu olho para os lados, nitidamente impaciente e irritado com aquela situação. Sou uma pessoa extremamente metódica e gosto de ter tudo sob controle, inclusive meu tempo. Odeio tudo que me tire da rotina. No entanto, apesar de estar realmente irritado com aquela situação estranha, para dizer o mínimo, tentei ser educado e respondi:

– Não. Qual é a diferença entre humanos e chimpanzés?
– Pouco mais de um 1% de DNA. Vocês compartilham do mesmo código genético, praticamente. Para ser mais exato, 98,9% do DNA de vocês são idênticos. Toda a diferença entre essas duas espécies, todos os seus inventos, proezas e complexidades, emergem desse 1%.
– E…?
– O chimpanzé mais brilhante, mais inteligente e mais respeitado entre eles, era capaz de fazer apenas alguns sinais com as mãos e se comunicar. Para vocês, humanos, isso é trivial. Qualquer criança já é capaz disso. Para os chimpanzés, porém, é o ápice do progresso! Sabe qual é a diferença entre eu e você, “amigo”? – este “amigo” foi pronunciado com um tom um tanto quanto forçado.
– Não. Qual é? – respondi, mas eu gostaria de ter dito: “Sim. Você é louco e eu não”.
– 1%. A sua espécie difere da minha em apenas 1% de DNA. Você citou a NASA, sabe… para nós, o seu telescópio Hubble, por exemplo, é o que vocês chamariam de lata-velha. As suas naves espaciais, satélites, tecnologia, leis e todo o resto são coisas extremamente ultrapassadas para a minha espécie. Algo verdadeiramente ridículo! Para você, qual o ser humano mais brilhante que já passou pela Terra?
– Não sei… Einstein?
– Hhhmm… Einstein poderia ser um deles. Mas acredito que Stephen Hawking seja ainda mais genial. Se colocássemos  esses dois homens diante dos principais pesquisadores de meu planeta, eles concluiriam que o conhecimento absorvido por eles é semelhante a da maioria das crianças entelesapianas. Seria algo que elas simplesmente auto-intuem. Como a relatividade, a teoria das cordas, matéria escura e o surgimento do próprio universo. Inclusive o que para vocês, são cálculos e conceitos absurdamente complexos! Portanto, eu insisto. Abra a sua mente. Tome o comprimido.

Eu olho para o comprimido. Olho para ele. Olho para o relógio. Já estou atrasado. Então penso: “Ok, here we go”. Estendo a mão para ele, levo o comprimido à boca e o engulo.

– Ok, e agora?
– Me dê sua mão.

Como não havia mais nada a perder mesmo, estendo minha mão pra ele. Ele encosta a palma da mão dele na minha e ficamos ali, parados. Ele mantinha o aspecto sério. E eu estava sendo consumido pela vergonha. Estava me sentindo um completo idiota, ali naquela calçada, parado e com as palmas das mãos juntas com as de um completo desconhecido e louco. Lembro de ver alguns transeuntes estranharem aquela cena e de eu ter pensado: “Tenho de aprender a dizer mais nãos”. Nessa hora ele fala:

– Feche os olhos.

Eu fecho. De repente, sinto uma brisa acariciar meu rosto e quando ele diz que posso abri-los:

– WOW!!! O QUE É ISSO!!??

Estávamos no topo do Condomínio Mirante do Vale, o mais alto de São Paulo. Pior, estávamos literalmente sentados no terraço do edifício, balançando as pernas para fora como duas crianças. Meu coração pareceu que ia sair pela boca, meus membros tremiam tanto que quase senti meus ossos desintegrarem dentro de mim. Não vi minha feição mas acredito que naquele momento, estavam lado a lado um extraterrestre e um fantasma, tamanha era a minha palidez. Ele me segura com firmeza no braço e diz, num tom de voz reconfortante:

– Calma, meu amigo, calma. Não deixarei que nada de ruim lhe aconteça.
– Mas… mas… o… o qu… o que aconteceu? – pergunto, ou melhor, gaguejo para o homem.
– Nós nos teletransportamos.
– Teletransportamos!? Como é possível? – tive um outro mini ataque cardíaco.
– O comprimido que você tomou contém robôs microscópicos, na escala yocto. É muito menor que a sua nanotecnologia. Ao entrarem na corrente sanguínea, os trilhões de yoctorobôs se instalam em diferentes partes do seu corpo, desde o tecido epitelial até as várias partes de seu cérebro. Depois disso, eles mapeiam cada função bio-fisiológica do seu corpo, o estado das enzimas, das proteínas, a condição celular, dentre inúmeras outras coisas. Então eles gravam todos os dados. O último passo do teletransporte, é a desintegração do seu corpo e a reconstrução exata dele no local desejado. Em outras palavras, você morre e renasce noutro lugar.
– O quê!? Morre e renasce noutro lugar!?
– Está repetindo as coisas de novo…
– Quer dizer que eu morri nesse instante!?
– Tecnicamente, sim.
– O que acontece depois da morte?
– O que acontece com uma chama quando ela é apagada de uma vela?

Eu estava absolutamente perplexo. Estava me sentindo realmente um chimpanzé diante de um gênio! Eu tinha a mais absoluta certeza que estava em frente ao prédio onde trabalho, todos os dias. Me lembro de ter acordado, escovado os dentes, tomado café da manhã, me vestido e me dirigido ao trabalho. Numa atitude infantil, me belisco para me certificar de que não estou sonhando. Mas aquele vento em meu rosto é muito real. Aquela vista do céu paulista, do mosaico de casas e edifícios e ruas. Tudo isso é muito real! Todos os meus conceitos, verdades e convicções haviam sido derrubados por terra após essa experiência. Não sobrou arrogância sobre arrogância.

– Eu já viajei para inúmeros planetas. Já visitei e conversei com inúmeras pessoas no seu próprio planeta, Terra, em diversos lugares. Sabe… o habitat de vocês é incrível! Na primeira vez que estive aqui, há algumas centenas de anos terrestres, quase fiquei cego tamanha era a claridade com que me deparei. A Terra é um planeta de classe C-3, ou seja, é bem pequeno. Porém, até hoje, é o lugar no universo onde mais possui vida. Vocês se acotovelam em busca de apenas um espaço para viver. Seres humanos, espécies animais, aves, peixes, mamíferos, bactérias, vírus, fungos, aqui há de tudo! De tudo! Porém, nós os classificamos na escala evolutiva na marca de PR-10.
– O que isso significa?
– Que vocês já foram longe demais. Outras civilizações, com os mesmos conceitos e mesmos moldes de sociedade, lei e ordem já se auto-extinguiram. O futuro de vocês é absolutamente incerto. O que decidirá se a sua espécie permanecerá e evoluirá serão suas escolhas. Por enquanto, a arrogância de vocês indica que este planeta vai ser extinto, levando consigo a maior parte da vida que aqui habita. O que é uma pena. A Terra será apenas um bolo de rocha e água a flutuar no espaço. Sem nenhum propósito. Apenas vagar.
– E… e como podemos… mudar isso?
– Fazendo as escolhas certas.
– E como saberemos quais são as certas e as erradas?
– Todo ser pensante no universo sabe quais as decisões certas e erradas. Toda criança humana, por exemplo, logo quando a sua personalidade começa a ser formada, sabe que matar é errado. Que se apossar das coisas que não lhe pertencem é errado. Que mentir para obter vantagem em detrimento de outra pessoa é errado. Todo mundo sabe disso. As civilizações mais avançadas do Universo não possuem sequer um código de leis, uma constituição. Já vocês possuem livros imensos para reger cada área da vida. E veja só vocês. Na África milhões de crianças morrem de fome. Outros milhões foram mortos por guerras civis. O fanatismo religioso também causa imenso sofrimento. Mas o principal e o pior dos males é a arrogância e o egoísmos que a raça humana possui. Até pouco tempo atrás vocês se consideravam o centro do universo. Mas até hoje existem certas civilizações que não sabem da existência de seu planeta, de tão insignificante que é.

Eu estava absolutamente perplexo! Paralisado. Não sabia o que falar. Não sabia o que pensar. Eu tinha consciência de que tudo que ele falava era verdade. A nossa arrogância. O nosso falho sistema de governo. Todos eles. Não só de meu país. Mas mesmo assim, a única coisa para a qual eu conseguia dar importância era o fato dele ser um alienígena. E de eu ter sido… milagrosamente, talvez, transportado para o alto daquele prédio.

– É… você diz ser de outro planeta. Onde está a sua nave? – estas são as únicas questões com as quais consigo me importar. Ele sorri, meneia a cabeça negativamente e então fala.
– Eu não uso nave, “amigo”. Há tempos descobrimos uma forma muito mais eficiente de viajar.
– Teletransporte?
– Não. O teletransporte tem muitas limitações. Uma forma ainda mais eficiente.
– Qual? – ele sorri de novo. Parece estar pensando.
– Na luz. – ele finalmente responde.
– Hãm?
– Viajamos com a luz.
– Você viaja na velocidade da luz!? – pergunto ainda mais impressionado!
– Não. Eu viajo muito mais rápido que a luz.
– MAS COMO ISSO É POSSÍVEL!? – mais uma vez, estou incrédulo.
– “Amigo”, você ensinaria trigonometria a uma criança de cinco anos?
– Não.
– Por que?
– Por que ela não entenderia! – respondo num tom de obviedade.
– Então. Este é o ponto. Mesmo que eu fale demasiada e detalhadamente sobre minha tecnologia, você não entenderia.

Ficamos ali. Parados. Sentados no terraço daquele edifício, por um bom tempo em silêncio. Eu estava completamente confuso. Reduzido a nada. Ele estava pensando sabe-se lá deus em quê! Se é que existe deus, na verdade. Até que ele quebra o silêncio.

– Eu já falei com inúmeros humanos. E acredite, de diferentes épocas. E todos eles, sem exceção, duvidaram de minhas palavras. Até hoje eu nunca havia me importado com isso. De ser tido como doente mental. Ria silenciosamente de sua ignorância. No entanto, de uns tempos pra cá, venho me incomodando de verdade com isso. E hoje foi, como vocês dizem, a “gota d’água”. Eu adoro as suas expressões idiomáticas, sabia!? Então, eu escolhi você. Para lhe dar uma pequena amostra do que existe no universo. Uma pequena ideia da insignificância de vocês. E para dizer o quão único é o seu lar. “Lar”. É outra palavra curiosa. Vocês são a única espécie que eu conheci que se apegam tanto uns aos outros. Que têm essa curiosa capacidade de odiar a uns e amar a outros. Não deixe que isso seja perdido. Mude a forma das pessoas verem o mundo, assim como eu mudei a sua.
– Mas… como eu posso fazer isso!? Eu sou só um jovem!
– Faça valer a pena a sua vida. A sua curta e cruel vida.
– Quanto tempo vocês vivem?
– A nossa espécie tem uma expectativa de vida de mais de mil anos. Mas descobrimos uma maneira de nos eternizarmos no universo.
– Como?
– Através da Transferência de Mente.
– Mas como isso… – fui interrompido antes que terminasse.
– Eu vou deixá-lo no seu destino original. Mas antes, uma última lição, para que você comece a mudar este mundo. Não se importe com coisas sem importância. Durante toda nossa conversa, você apenas perguntou sobre minhas tecnologias, meu planeta e coisas que não têm serventia para você. Enquanto poderia ter perguntado como mudar o mundo. Portanto, se importe com o que realmente vale a pena se importar.

Neste momento, ele estende sua mão para mim e eu entendo que devo juntar as palmas de nossas mãos. Obedeço sem questionar. Fecho meus olhos e, ao abri-los novamente, estou no corredor que dá para a minha sala. Fico ali parado. Apenas eu, o corredor a estreitar-se e as paredes. Penso em ver as horas, mas… isso não importa mais. Meu cérebro então me lembra que eu deveria ter perguntado o seu nome. Não o fiz. Um erro imperdoável. Uma mulher então passa por mim no corredor, carregando alguns processos e pergunta:

– Ei, o que está fazendo aí no corredor, parado!? Pensando na morte da bezzerra!? – e saiu rindo.

Eu apenas retribuo com um sorriso de canto de boca. Vou para a minha sala. As horas passam estranhamente muito devagar hoje. O cursor do mouse pisca pacientemente na folha em branco do Word, esperando as primeiras palavras. Que não virão. Por que palavras são inúteis. Por que o tempo está passando e eu estou vendo a minha vida se esvair sem realmente fazer nada de significativo. Até que tomo uma decisão. Farei minha vida valer a pena. Ainda não sei como. Mas farei a diferença. Vou mudar a mente do máximo de pessoas que eu puder. Vou tornar este mundo melhor. E quando o meu amigo voltar, e eu sei que vai voltar, ele terá orgulho de mim.

***

Então é isso. Diga nos comentários o que achou do conto. Se ficou uma merda fumegante, de tão ruim. Se ficou razoável e eu devo continuar a escrevê-los, para ganhar experiência e consistência na escrita. Ou se eu mereço ganhar o prêmio Pulitzer! Não, não é pra tanto. Enfim, quero ver a opinião de todo mundo! Ah! E aproveitem bem o domingo! =D

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