Acredito que a tecnologia deva ser vista como um “meio” e não como um “fim”. Todos os nossos aparelhos, programas, sistemas operacionais, etc… são um meio para, por exemplo, nos reunir com os amigos, aprender alguma coisa nova, nos divertir, e assim por diante. Por isso, fico realmente feliz quando vejo iniciativas como a da fundação Raspberry Pi. Em maio do ano passado, eles anunciaram um minicomputador, que na verdade consistia apenas em uma placa do tamanho de um cartão de crédito com um processador ARM, 128 MB de memória RAM, slot para cartão SD e outros conectores, que custaria apenas US$ 25. Ele seria um meio barato e eficiente de se ensinar programação e difundir a educação em países pobres.
Pois bem, a já citada fundação, depois de um hiato de 8 meses, finalmente anunciou o início das vendas do Raspberry Pi, e será no mês que vem, em fevereiro. O pequeno computador, além dos supracitados componentes, vem ainda com um conector para fonte de alimentação, conector de som, saída HDMI e USB 2.0. Outros modelos vêm também com uma porta Ethernet, para se conectar à internet. Mas pode-se usar também um adaptador USB para pegar o sinal Wi-Fi.
Eu gostei das configurações deste brinquedo, o uso de uma CPU na arquitetura ARM, bem como a pouca quantidade de memória, fará com que ele seja usado realmente para alcançar os fins propostos. Visto que até agora não temos uma versão do Windows para processadores ARM, logicamente ele será capaz de rodar apenas distribuições Linux que foram portadas para esta plataforma, como a Debian. Mas claro, ele roda qualquer sistema compatível com a plataforma. Por esse motivo ele é vendido sem que nenhum sistema operacional esteja instalado, para que a instituição de ensino ou usuário decida qual será o objetivo do aparelho e, com base nisso, definir o sistema e os aplicativos a serem instalados.
Mas com apenas 128 MB de RAM e um processor com meros 700 MHz de frequência, será que dá para fazer muita coisa? Claro que sim. Visto que o sistema consumirá poucos recursos, dá para usar um editor de texto, navegar na internet, e ainda torná-lo como uma central de mídias, já que ele roda vídeos em 1080p e tem uma saída HDMI, você pode até conectá-lo em uma HDTV. De fato, ele pode rogar até jogos, não os mais recentes, como Call of Duty Modern Warfare III, mas que tal um Quake III? Veja só este vídeo:
De fato, o baixo preço deste computador, aliado com o seu poder computacional que, apesar de modesto, permite executar muitas tarefas, e a criatividade de muitas pessoas, o Raspberry Pi poderá ter muitos usos louváveis. Como permitir que crianças se familiarizem cedo com linguagens de programação, instituições de ensino, como universidades, economizem em maquinário e possam usar o computador em muitas tarefas, como video-aulas. Além do mais, em países pobres, como os da África, imagino eu que o Raspberry Pi seria ótimo para as famílias terem o seu primeiro contato com o mundo da computação.
E é importante salientarmos aqui, que se o minicomputador for produzido em massa, o seu preço de 25 dólares poderá baixar ainda mais. Portanto, espero realmente que esse aparelho tenha uma boa aceitação no mercado e que as empresas e pessoas que o adquirirem façam bom uso de sua capacidade.
