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Empresas aceleram orçamento para IA, mas esbarram na qualidade dos dados, revela estudo da Qlik

Um novo estudo global divulgado pela Qlik revela que, embora 97% das grandes corporações já tenham orçamento aprovado para iniciativas de IA Agêntica — agentes de inteligência artificial capazes de executar tarefas de forma autônoma — apenas 18% conseguiram colocar essas soluções em pleno funcionamento. A pesquisa, realizada pela Enterprise Technology Research (ETR) com mais de 200 tomadores de decisão em agosto de 2025, indica que o principal entrave não está na tecnologia, mas na estrutura de dados das empresas: qualidade, disponibilidade e integração com sistemas existentes aparecem como as maiores barreiras para avançar nos projetos. Mesmo com o forte interesse executivo e aumento de financiamento, apenas 19% das organizações afirmam possuir critérios claros de retorno sobre investimento (ROI), o que sugere uma fase de experimentação ainda longe da maturidade.

Segundo o estudo, quase 40% das companhias planejam investir mais de US$ 1 milhão na área, enquanto 34% já destinam de 10% a 25% do orçamento total de IA exclusivamente para agentes inteligentes. Ainda assim, 46% afirmam que a adoção em escala deve levar de três a cinco anos, e somente 42% se consideram preparadas para implementar agentes de forma integrada em toda a operação. Para James Fisher, Diretor de Estratégia da Qlik, o desafio real está na infraestrutura que sustenta os algoritmos. “As empresas não têm falta de ambição ou financiamento. O que falta são as bases de dados e analytics que permitam aos agentes trabalhar em toda a empresa com confiabilidade e controle”, afirma. “Se você quer que a IA Agêntica faça a diferença em 2026, invista primeiro em pipelines confiáveis, interoperabilidade e uma estrutura prática de ROI em que sua diretoria acredite.”

A pesquisa também revela que os primeiros usos práticos da IA Agêntica estão concentrados em operações de TI e desenvolvimento de software, áreas em que já existem telemetria e indicadores consolidados para medir produtividade, redução de custos e eficiência operacional. No entanto, o avanço dessas iniciativas está acompanhado de preocupações crescentes relacionadas a segurança cibernética, confiabilidade das respostas geradas pelos agentes e exposição a riscos legais. Para Erik Bradley, estrategista-chefe da ETR, a nova fase exige menos entusiasmo e mais estrutura. “À medida que os gastos passam da experimentação para linhas orçamentárias fixas, as restrições são as clássicas das empresas: qualidade dos dados, integração, governança e talento”, destaca. “Nossos dados mostram uma intenção ampla, mas apenas uma minoria está pronta para escalar. O próximo ano será voltado à transformação de casos de uso com escopo restrito em operações de TI e engenharia de software em produção durável e mensurável.”

O levantamento demonstra que a IA Agêntica deixou de ser um projeto exploratório para se tornar parte dos planos operacionais das empresas para 2026. A pressão agora passa a ser por resultados reais e mensuráveis, e não apenas por pilotos ou provas de conceito. Enquanto a ambição cresce, o ritmo de adoção dependerá da capacidade das organizações de construir uma base sólida de dados governados, integrados e acessíveis — condição essencial para que agentes de IA possam agir com autonomia e confiabilidade dentro dos processos corporativos.

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