HAS 2016 – Conhecendo melhor a Huawei
Você conhece a Huawei? Essa foi a pergunta que fiz a alguns colegas e alunos quando fui convidado para participar do HAS 2016, encontro anual promovido pela Huawei para apresentar as tecnologias desenvolvidas pela empresa aos analistas da indústria de TIC (tecnologia da informação e comunicação). Quem trabalha com telecomunicações – principalmente na área de telefonia celular – e também quem é fanático por tecnologia já conhece a Huawei há algum tempo. Afinal de contas, ela é a maior fabricante de equipamentos de telecomunicações do mundo! A Huawei possui atualmente um dos mais completos portfólios de TIC do mercado, composto por soluções destinadas a operadoras de telecomunicações e empresas públicas e privadas, além de dispositivos para consumidores, como smartphones e dispositivos de banda larga móvel. Com 170.000 funcionários no mundo, a Huawei opera em mais de 170 países e regiões. Em 2014, a receita global da Huawei chegou a US$ 46,5 bilhões.
A resposta à minha pergunta inicial, na maioria das vezes, foi negativa. Em geral, o público não conhece a empresa e nem sabe o que ela faz. Alguns até lembraram que era patrocinadora do time de futebol do Santos, mas não souberam dizer o que a empresa faz. Esse desconhecimento é fácil de explicar porque aqui no Brasil a empresa tem poucos produtos destinados ao grande público, tais como celulares, computadores etc. Porém, a Huawei está no Brasil desde 1999 e possui posição de liderança nos mercados de banda larga móvel e fixa devido a parcerias estabelecidas com as principais operadoras do país. Além disso, a empresa fornece smartphones e dispositivos de banda larga móvel para os consumidores locais por meio de parcerias com operadoras e varejistas. Em 2014, a Huawei registrou cerca de US$ 1,5 bilhão em vendas no mercado brasileiro.
Além do HAS 2016, tive a oportunidade de visitar as instalações da empresa em Shenzhen e Pequim onde conheci as tecnologias desenvolvidas pela Huawei e também alguns produtos destinados ao público em geral como celulares, smartwatches e tablets.
Um dos principais projetos da Huawei é a migração para a tecnologia 5G, prevista para entrar em funcionamento no ano de 2020. O padrão 5G permitirá até 1 milhão de conexões simultâneas numa área de 1 Km2, cada uma delas podendo atingir 10 Gigabits por segundo com latência de 1 milisegundo. Neste cenário, a computação em nuvem será essencial, pois teremos vídeo com qualidade 2K/4K em qualquer dispositivo, além do uso de tecnologias de realidade virtual. Projeta-se um consumo de 1,7 Gigabytes de dados por dia para cada usuário. Só quero ver como isso vai funcionar aqui no Brasil se a Anatel permitir franquias no uso de dados!
A transição para o 5G passa pela tecnologia chamada de 4,5G e batizada oficialmente de LTE-Advanced Pro. Com ela, já é possível utilizar alguns serviços previstos para o 5G, tais como vídeo em alta definição, em redes 4G. Neste ano de 2016, mais de 60 operadoras deverão oferecer o 4,5G mundialmente. A solução da Huawei para o 4,5G é a tecnologia chamada de CloudRAN (RAN – Remote Access Network). Com a introdução de novos elementos de rede, a CloudRAN transforma as RANs atuais de modo que tenham suporte a virtualização de funções, recursos baseados em nuvem e também sejam flexíveis para necessidades futuras. Isso tudo sem alterar significativamente a infraestrutura existente.
Isso tudo mostra como a empresa que nasceu na área de telecomunicações se transformou numa empresa de tecnologia em geral. É o que Eric Xu, CEO da Huawei, chama de estratégia de “cloudficação” da empresa. Ou seja, implementar tecnologias de “nuvem” em todas as áreas da empresa para entregar um melhor serviço ao usuário final. Chamada de “ROADS (Real-time, On-demand, All-online, DIY, and Social) Experience”, esta solução permite que cada usuário tenha acesso à rede sem atrasos e podendo usufruir de serviços com muito mais qualidade e velocidade.
A divisão de produtos para consumidor da Huawei também apresentou os recém lançados Huawei Watch, Huawei Matebook e seu smartphone Huawei P9. O Huawei Watch é um smartwatch com design elegante e opções de várias combinações de pulseiras. Me agradou visualmente e possui as melhores características dos smartwatches baseados em Android disponíveis no mercado. Já o Huawei Matebook é um tablet/notebook estilo Surface da Microsoft. Particularmente acho que este é o formato ideal para tablet/notebook. Eu mesmo tenho um Surface Pro 4 e antes dele tinha o Surface Pro 3. O Matebook da Huawei tem características semelhantes ao Surface, seu teclado se transforma em capa e parece ser fixo (não pude testá-lo). A configuração apresentada contava com um processador Core m5 da Intel e 8 GB de RAM.
Sem dúvida, o melhor dos três produtos é o Huawei P9. É um smartphone com desenho muito elegante e finíssimo. Conta com duas câmeras com ótimas lentes desenvolvidas pela Leica na parte traseira além da câmera frontal. Uma das câmeras captura apenas imagens em preto e branco e a outra é uma câmera normal. Um algoritmo de processamento de imagem combina as imagens das câmeras com resultados excelentes. Uma pena que não pude testá-lo. Infelizmente a Huawei não tem planos de trazer esses produtos topo de linha para o Brasil. Além destes três lançamentos, é importante lembrar que a Huawei também é responsável pela fabricação do excelente smartphone do Google, o Nexus 6P.
Depois de uma semana conhecendo a Huawei não há como não ter um pouco de inveja dos chineses. Afinal de contas, uma empresa que foi criada em 1987 e que em menos de 30 anos se torna o maior fabricante mundial de equipamentos de telecomunicações com faturamento de dezenas de bilhões de dólares e que investe mais de 10% de tudo que ganha em pesquisa e desenvolvimento é algo para se admirar.
