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Review: Ubuntu 13.04 “Raring Ringtail”

Análise de hoje do Guia do PC será do Ubuntu 13.04, codinome “Raring Ringtail”, ou “Bassarisco Ávido”, lançado no dia 25 de abril. Será que essa nova versão do sistema operacional baseado no GNU/Linux está boa? Veja em nossa review.

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Poucas novidades

É para ser curto e direto mesmo. São poucas as novidades do novo Ubuntu. O motivo talvez seja porque o Ubuntu está ficando do jeito que a Canonical quer ou talvez seja pelo polimento interno, que “roubou” tempo da equipe de desenvolvimento, para integração com o sistema para smartphones e tablets. Uma pista até pode ser o codinome “Raring Ringtail”, formando um quase imperceptível “ring ring” dos toques telefônicos.

De qualquer maneira, o vertiginoso ciclo de lançamentos da empresa sediada em Londres mostra mais uma vez que este está equivocado, fazendo a Canonical “lançar por lançar”, mesmo que as novidades de um novo sistema sejam como atualizações comparáveis aos Pacotes de Serviço do Windows.

Ubuntu 13.04 é basicamente um Ubuntu 12.10 com pequenas modificações e melhoramentos técnicos.

Kernel 3.8

Umas das mudanças do novo sistema está na adoção do kernel Linux 3.8. Uma das mais notáveis melhorias desse núcleo está no suporte aos processadores Haswell da Intel, sucessor do Ivy Bridge. Além disso melhorias aumentam o desempenho dos sistemas de arquivo Ext4 e Btrfs e suporte total aos processadores gráficos Nvidia através do driver de código aberto Nouveau.

Inicialização mais rápida e um Unity polido

Um dos problemas da versão anterior era sua lentidão ao iniciar o sistema. A versão 12.10 é um das versões que mais receberam críticas a respeito, tamanha sua regressão de desempenho nesse quesito. Mas a coisa muda na versão do Bassarisco. O melhoramento foi notável e o boot do sistema está veloz.

Contudo, o que mais recebeu atenção dos britânicos foi a interface Unity. Aqui foram feitas modificações importantes, que fizeram cair o consumo de recursos do sistema e ganhar muita velocidade. Unity está rápido, muito rápido.

O motivo de tanta preocupação com o Unity é a integração com dispositivos móveis. Apesar da interface ser diferente, sua estrutura interna é basicamente a mesma.

Mais leveza e mais bateria

A falada preocupação com outros equipamentos fez com que o consumo de recursos do sistema ficasse menor. Lembra do consumo inicial de 512 MB de RAM da versão anterior comentado na outra análise? O sistema simplesmente voltou ao patamar de menos de 300 MB, chegando perto da versão LTS.

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Ubuntu 13.04 tem baixo consumo de recursos

O gerenciamento energético também ganhou uma atenção especial. Segundo Mark Shuttleworth, sul-africano fundador da Canonical, a bateria ganhou uma vida maior nesta versão. Nos testes em um Asus 1215B, Ubuntu 13.04 conseguiu ser tão bom quando o Windows 7 ou 8.

Modificações visuais

Novos ícones foram apresentados. O botão para abrir o dash do Unity ganhou um estilo espiral, que lembra a abertura de 007. O ícone do diretório home agora é um arquivo daqueles antigos de metal. É curioso fazer essa modificação, visto que muitos jovens hoje em dia nem mesmo sabem o que é um arquivo.

O ícone da loja ganhou uma estampa de um “A”, de aplicativos, assim com a atualização do sistema, cujo menu está melhor organizado.

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Novos ícones

O botão de desligar é que ganhou um capricho maior, ficando com um visual muito bonito, fugindo do cinza clássico do GTK. Se outro menus fossem no mesmo estilo, eu diria que o visual ganharia em beleza tranquilamente de outros ambientes como KDE.

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Visual bonito no botão de desligar

Outro item modificado são as áreas de trabalho. Não há mais o ícone de mudança de área na barra lateral. É algo inconcebível um sistema Linux sem possibilidade de múltiplas áreas por padrão. Por que retirar a opção? Para colocar é simples, bastando ir nas configurações de aparência, mas não tinha necessidade de tirar algo que não atrapalha quem não usa.

As mudanças de janelas do mesmo grupo ganharam mais dinamicidade com o melhoramento do Unity e foi acrescentado a opção de mudar de janelas clicando com botão direito do mouse, assim não precisando entrar naquela tela. Uma opção muito boa para quem não gosta de “firulas”.

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Troca de janelas são mais rápidas

Suporte drasticamente diminuído

Esqueça os 2 anos de suporte à versão “normal”. A partir do novo Ubuntu você conta com somente 9 meses. Parece uma escolha um tanto desastrada, mas é uma escolha acertada visto que a empresa insiste em querer lançar um sistema por semestre.

Considerando que a maioria atualiza o sistema assim que chega uma nova versão, não faz sentido gastar tempo das equipes para fornecer suporte por um período maior. Além disso empresas ou usuários domésticos que quiserem mais estabilidade e lançamentos de longo prazo podem contar com as versões LTS, que tem suporte de 5 anos.

Lente social

A nova versão da distribuição Linux mais usada do mundo retirou o Gwibber dos programas que vinham por padrão. Ele era o programa responsável por integrar o sistema nas redes sociais.

No lugar do antigo aplicativo foi colocado o Friends, que por enquanto não passa de uma lente social para que pelo próprio dash do Unity seja possível ver feeds, movimentação de amigos e fotos do Facebook, Twitter, Picasa e outros serviços conhecidos pela internet.

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Lente social

Ficou interessante, mas muito longe dos recursos do Gwibber e até dos recursos prometidos para o Friends e mostrado diversas vezes na impressa especializada.

Problema de privacidade ainda continua

Não adiantou a FSF (Free Software Foundation) bater o pé, nem a EFF (Electric Frontier Foundation) tecer duras críticas e nem mesmo ativistas explicarem o que é privacidade e sua importância para a própria constituição do ser humano como indivíduo vivo possuidor de direitos fundamentais. Canonical lançou a versão 13.04 do Ubuntu com os mesmos graves problemas éticos da versão 12.10, bem explicada na análise passada, mas com algo piorado, que é o rastreamento geográfico, algo condenado por diversas legislações, como da União Europeia. Leia sobre isso aqui mesmo no Guia do PC:

  • Ubuntu 13.04 enviará sua localização geográfica à Canonical | Acesso

Infelizmente a empresa parece não ligar para seu slogan “Linux para seres humanos” e desrespeita seus consumidores em um dos mais importantes direitos existentes. Ubuntu 13.04, apesar de excelente, tem uma mancha impossível de esconder.

Conclusão

Ubuntu 13.04 continua como outras versões: fácil de instalar, simples de usar e bem completo por padrão. Ele vai até além, sendo o melhor Ubuntu já lançado.

Vale a pena atualizar do Ubuntu 12.10 para o 13.04? Sim, claro que vale. Apesar das poucas novidades, atualização de sistema de qualidade é sempre bem-vinda. Se não atualizar vai fazer falta? De maneira alguma, ainda mais em virtude do suporte da 12.10 terminar somente em 2014.

Porém, vale a pena lembrar que a redução do suporte de 2 anos para 9 meses fez aumentar a divisão dos 2 tipos de usuários abarcados pelo Ubuntu, os que precisam de estabilidade e os que querem novidades.

Para os que querem sempre estar usando algo novo, a nova versão do Ubuntu é a recomendada sem medo. Mas quem precisa de estabilidade, não quer a incomodação de eventuais problemas de compatibilidade, quer a segurança do “em time que está ganhando não se mexe”, melhor mesmo é ficar com versão LTS, cujo suporte é de 5 anos. Melhor mesmo é ficar com a versão 12.04 e passar longe do Ubuntu 13.04.

Mas você pode tirar suas próprias conclusões testando o sistema. Caso tenha vontade, entre no site oficial (que infelizmente continua sem opção para português), baixe a imagem ISO diretamente ou por torrent e grave em um DVD ou pendrive.

Enquanto baixa aproveite e veja algumas imagens do sistema:

E você que testou a distribuição? Gostou do que viu? Deixe seu comentário. Caso queira entrar em contato para sugerir novas reviews, escreva para admin@guiadopc.com.br. Aproveite também e leia nossas outras análises:

Tags: Destaques, Linux, Review da Semana

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