Na semana que está acontecendo a CES, em Las Vegas, quem roubou a cena com um anúncio bombástico foi uma empresa que não está participando dela, a Google. Ontem (terça-feira), ela anunciou mudanças substanciais em seu buscador, e tais alterações têm o poder de afetar toda a internet. Eu não sei qual a sensação de ter poder sobre uma parte significativa da grande rede – afinal de contas, bilhões de pessoas usam o Google para encontrar coisas – mas a Gigante de Mountain View está disposta a escrever mais uma página do processo evolutivo da internet, que já conta com mais de 20 anos de história. Batizado de Search, plus Your World, a proposta da empresa é fazer com que as buscas sejam mais humanas, mais naturais, mais familiares. E ela pretende fazer isso integrando intimamente o Google+, sua própria rede social, ao serviço. Veja qual a ideia da empresa, neste vídeo de divulgação:
Atualmente, ao pesquisar qualquer coisa no Google, navegamos por páginas públicas da web, indexadas de acordo com os inúmeros algoritmos da empresa e técnicas de SEO. Com a nova busca social, os resultados retornarão, além das páginas web, conteúdo gerado por você e por seus contatos no Google+. Funciona assim: se você pesquisar por algum ponto turístico, poderá ver os Resultados Pessoais, ou seja, informações (fotos e posts) de seus amigos que já estiveram em tal lugar. Assim, você terá uma opinião pessoal, e não uma página escolhida por um “robô“. Você poderá também buscar por Perfis específicos. Isso facilitará encontrar pessoas que estejam no Google+ e que são próximas a você, ou que falem de coisas do seu interesse, como tecnologia, por exemplo. Por fim, você poderá mesclar os dois e procurar por Pessoas e Páginas. Assim você pode adicionar aos seus círculos pessoas e páginas do seu interesse, para acompanhar e discutir um tópico específico.
As mudanças, bem como a profundidade que elas atingiram, são tão grandes que a Google teve a consciência de colocar um botão para desligar a busca social caso o usuário não goste. A partir dos próximos dias, a empresa irá soltar o recurso para os usuários, e só para variar um pouquinho, de forma gradual e só no mercado americano, num primeiro momento. As duas formas – busca social e a tradicional – serão efetuadas ao mesmo tempo. No canto superior da página de busca haverá dois ícones, onde poderemos alternar entre elas. Se quiser ver a opinião de meus contatos, vou na busca social, se quiser ver os resultados orgânicos, vou na busca convencional.

Agora vamos refletir um pouco no impacto e nas implicações que tal mudança desencadeará. Os primeiros afetados serão os blogs, com certeza. Todo blog, se quiser sobreviver por bastante tempo, precisa estar bem posicionado nas buscas. E para tanto, além de conteúdo de qualidade, recorre-se a técnicas de SEO para aumentar as chances de uma boa colocação. Com a busca social, não. O que vai definir a relevância de uma página ou de um blog, será o quão compartilhado, comentado ele foi no Google+. Os blogueiros terão de conseguir o máximo de “+1” possível. E aí começará uma nova corrida. Já pegando o gancho, as inúmeras técnicas de SEO e SEM perderão importância, ou pelo menos boa parte da que ela tem hoje. Claro, isso não acontecerá de uma vez, mas aos poucos.
Outro impacto, desta vez positivo, é que os nossos posts e compartilhamentos serão mais valorizados. Twitter e Facebook, por exemplo, são muito voláteis. Algo que você posta hoje, estará totalmente escondido e soterrado por outras postagens 7 dias depois, sendo quase impossível encontrá-lo. No Google+ nossos compartilhamentos serão mais duradouros, já que dependendo do que a pessoa busca, ele poderá aparecer na primeira página. Já pensou, você faz alguns comentários sobre uma banda, e alguns anos depois, um amigo seu querendo saber mais sobre ela, se depara com seu post na primeira página do buscador!? O mesmo não acontece com o Twitter e Facebook. Isso dá mais respeito e validade às nossas opiniões.

Um ponto negativo, desta vez, é pensar que a Google poderá monopolizar a internet. É clara a intenção da Gigante das Buscas em peitar o Facebook e destroná-lo do posto de rede social mais popular. Para isso, a Google está praticamente nos empurrando goela abaixo o Google+, integrando-o aos mais diversos produtos, e agora o tornando visível no seu mais importante e visualizado serviço, o Buscador. Fazendo com que suas pesquisas só se tornem relevantes se você tiver uma conta na rede social e interagir bastante por lá. Isso é quase uma obrigação! Se o que ela quer é trazer os melhores resultados, os mais relevantes e os que mais nos interessam, por que não adicionar também os resultados do Twitter e Facebook? Já rola até um “zumzumzum” nos bastidores que pode ter um processo Anti-Truste contra ela. A Micrososft sabe muito bem o que é isso por trazer o Internet Explorer nativo no Windows.
Como tudo na vida, esta mudança tem seus lado positivo e negativo. O lado bom é que realmente nossas pesquisas serão mais personalizadas, mais naturais, mais humanas. E isso é excelente! Afinal, é para isso que serve a internet, para facilitar nossa vida e nos aproximar de pessoas queridas. O conteúdo, que é o que mais importa nos blogs, será priorizado, e somente aqueles sites que oferecerem um conteúdo de real qualidade para seus leitores, ficarão bem posicionados nas buscas. Os kibadores terão menos chances ainda de se darem bem. Mas por outro lado, não é muito bom pensar em uma única empresa dominando toda a internet e tendo os seus serviços enraizados em cada maldita página da rede. Mas agora eu jogo a bola para você. Você acha que esta mudança será mais benéfica que maléfica? O que você acha que vai mudar com esta nova abordagem? Será que a Google está querendo monopolizar tudo mesmo? Compartilhe sua opinião conosco. :)
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