Na esteira da massiva digitalização bancária e do surgimento das fintechs, o processo de abertura de contas — conhecido como “originação” — tornou-se também um terreno fértil para fraudadores. Em apresentação exclusiva para a imprensa, os especialistas em prevenção a fraude Rafael Garcia e Paulo Kaneko traçaram um panorama das principais ameaças, das tecnologias de combate e das melhores práticas para equilibrar segurança e experiência do cliente.
Fundada em 1956, a Fair Isaac Corporation (FICO) é referência global em softwares analíticos e soluções de gestão de risco e fraude. Presente em mais de 80 países, com mais de 10.000 clientes em mais de 80 países e cerca de 2.000 colaboradores, a empresa processa bilhões de decisões de risco anualmente e protege aproximadamente US$ 2,5 bilhões de cartões de crédito em todo o mundo.
De acordo com a Associação Brasileira das Empresas de Software (ABES), o mercado de software brasileiro movimentou US$ 26,9 bilhões em 2023, dos quais US$ 15,3 bilhões (56,8%) correspondem ao segmento de software, enquanto o restante abrange serviços, consolidando-se como o 10º maior mercado global de TI, com investimentos totais de quase US$ 59 bilhões em 2024 — líder na América Latina, responsável por 35% dos aportes regionais.
Diante dessa dimensão, os investimentos em segurança cibernética devem alcançar US$ 2,1 bilhões em 2025, reforçando a relevância de plataformas robustas de prevenção a fraudes.

“Em uma pesquisa recente da FICO, de 2024, a gente vê bem como essa balança afeta os consumidores. Então, 30% dos pesquisados afirmaram que abandonaram um processo de onboarding por ele ser muito complexo ou muito burocrático. Em contrapartida, 70%, mais de 70%, se não me engano, 73% dos pesquisados disseram que a segurança está entre um dos três principais pontos observados na escolha de um novo banco, de uma nova instituição”, destacou Paulo Kaneko. Para mitigar esse risco, bancos e fintechs devem aliar checagens iniciais a monitoramento transacional contínuo nos primeiros meses de vida da conta, como apontou Garcia: “Uma conta recém-criada tem naturalmente mais risco que uma conta madura. Manter vigilância nos primeiros meses pode diminuir fraudes subsequentes.”
O avanço da inteligência artificial tem aprofundado o desafio. Deepfakes de documentos e rostos sintéticos já driblam sistemas de biometria facial, exigindo camadas de análise comportamental e múltiplos fatores de autenticação. Nesse contexto, o blog da FICO reforça que “customer communications must be two-way, which makes a real‑time feedback channel for customers a key component”.

Alertas push dão sensação de segurança, aponta estudo
Uma pesquisa interna da FICO com mais de 2.000 usuários em 2024 identificou que 54% dos clientes se sentem mais seguros ao receber alertas push no aplicativo, enquanto 13% preferem WhatsApp e outros 13% optam por ligação telefônica. Mensagens SMS genéricas têm baixa eficácia e chegam a ser ignoradas por até 14% dos usuários, que acabam prosseguindo com transações suspeitas mesmo após o alerta.
Para os especialistas, o futuro da originação segura passa por combinar tecnologias de biometria avançada, análise preditiva e monitoramento comportamental; adotar comunicações hiperpersonalizadas, respeitando perfil e canal preferido de cada cliente; e fortalecer parcerias com órgãos reguladores para o compartilhamento de inteligência de ameaças. “Só assim será possível proteger o cliente sem sacrificar a agilidade que tornou o canal digital tão atraente”, concluem Garcia e Kaneko.