Um dos mais importantes executivos da Microsoft deixou a empresa nesta semana: Steven Sinofsky, nada menos do que o presidente da divisão responsável pelo Windows e Windows Live na Microsoft. E, mesmo que você nunca tenha ouvido falar desse nome, foi ele o principal responsável por alguns dos produtos que mais gostamos da gigante de Redmond.

Sinofsky começou a trabalhar na Microsoft em 1989, onde entrou como engenheiro de desenvolvimento de software. Mas foi em apenas em 2009, quando assumiu o cargo de chefe do Windows, que ganhou destaque. Como se ser o responsável pelo sistema operacional mais famoso do mundo já não fosse uma grande atribuição, Steven assumiu o cargo num momento complicado, em que a Microsoft lamentava o fracasso do Windows Vista. E o sucesso do Windows 7, sistema que já contou com a liderança de Sinofsky em sua criação, mostra como ele fez um bom trabalho em sua função. Tanto é que Steven já era visto, por parte da mídia especializada, como o sucessor natural de Steve Ballmer no cargo de CEO da Microsoft.
E não foi só. Sinofsky também teve voz ativa na construção dos recentes lançamentos dos serviços Windows Live, com destaque para o Outlook, serviço de e-mail que chega para competir de igual pra igual com o Yahoo! Mail e com o cada vez mais crescente Gmail. E, é claro, Sinofsky também foi um dos grandes responsáveis pelos recentes e ousados lançamentos envolvendo o Windows – Windows 8, Windows RT e o tablet Surface. Mesmo com sua saída da Microsoft, o sucesso ou o fracasso dessas novidades ainda terão uma forte atribuição a ele.

Visto isso, o que teria motivado a saída de Sinofsky da Microsoft? Oficialmente falando, foi uma decisão mútua, para continuar com o sucesso dos produtos da Microsoft, com um maior alinhamento entre as diferentes equipes da empresa, trazendo assim uma maior integração e rapidez no desenvolvimento destes produtos. Ao menos, foi isso que Ballmer disse num comunicado divulgado à imprensa. Já o próprio Steven disse, em um e-mail enviado aos funcionários da empresa, que saiu do cargo em busca de novas oportunidades para aplicar o seu conhecimento adquirido com os 23 anos na Microsoft. Ele também diz que tudo não passa de uma escolha pessoal e que não acreditem em rumores do que teria acontecido em relação a ele, a supostas oportunidades ou a empresa.
Mas é claro que, mesmo assim, os rumores sempre surgem. Ainda mais levando em conta as circunstâncias temporais em que essa decisão foi tomada. Steven sai logo após do lançamento do controverso Windows 8, que, mesmo com pouco tempo de existência, já desagrada a muitos. Além disso, quando uma troca em um cargo importante como esse acontece, geralmente ela é anunciada com uma certa antecedência. Não foi o que aconteceu com o cargo de Sinofsky.
Então o que teria acontecido de verdade? Um fracasso nas vendas do Windows 8 e do Surface teria motivado isso? Provavelmente não. Três semanas não são o tempo suficiente para falar sobre o sucesso de vendas de um produto.
Assim, a hipótese que mais ganha força entre quem entende do assunto é a de que essa decisão já estava tomada há um tempo. O blog AllThingsD revela que havia uma tensão entre Steven Sinofsky e Steve Ballmer. Outro blog, o The Verge, aponta que a saída de Sinofsky foi motivada por sua postura na Microsoft: um líder que mantinha um controle agressivo sobre seus produtos e impunha barreiras em produtos que diminuiriam a força do Windows e, consequentemente, o seu poder. Numa Microsoft que busca integrar seus diferentes produtos, como o Xbox, o Windows Phone e o próprio Windows, uma postura dessas certamente não era uma das mais desejadas num cargo tão importante.
E por que esta mudança aconteceu pouquíssimo tempo após o lançamento do Windows 8? Os boatos surgidos também justificam isso: Sinofsky permaneceu por este tempo para finalizar o trabalho iniciado na criação do novo sistema. E agora que o novo Windows já está entre nós, o ambiente estaria mais propício para a sua saída.

Com Sinofsky fora da Microsoft, o seu cargo de presidente na divisão do Windows não ficou vago por muito tempo. Logo que a empresa divulgou a sua saída, já apontou o nome de duas simpáticas moças que passam a ter as atribuições do cargo. Julie Larson-Green, que foi responsável, entre outras coisas na Microsoft, pela renovação visual do Office, passa a ser a responsável por liderar o desenvolvimento do software e a engenharia de hardware do Windows. Como Julie trabalhou nas equipes de design, gerenciamento e pesquisa dos Windows 7 e 8, não devemos esperar grandes mudanças no sistema. Já Tami Reller, na Microsoft desde 2001, passa a ser a chefe financeira e de marketing do Windows, cuidando dos seus negócios.

A saída de Sinofsky da Microsoft, mesmo com o pronto anúncio de suas substitutas, não foi bem recebida pelos investidores da empresa. As ações da empresa na NASDAQ caíram 3%. Parece pouco, mas o The Next Web fez uns cálculos e concluiu que a saída do chefe do Windows diminuiu o valor da empresa em US$ 7 bilhões. É o que se paga numa grande mudança em uma grande empresa. Mudança essa que os fãs do Windows esperam ter, de negativo, apenas os índices econômicos desta terça-feira.