Ser um adulto é bem desafiador como um todo, mas ser adolescente é ainda mais, pois é o momento em que é necessário aprender a lidar com sentimentos, relações sociais, saúde mental, expectativas nos estudos e crescimento. Em um mundo tecnológico como o de atualmente, todas essas questões são ainda mais agravadas.
Esse tema foi debatido no painel Teens, Screens & Wellbeing: Youth in the Digital Age, que aconteceu durante o evento SXSW, em Austin, nos EUA. A diretora executiva da ONG Young Futures, Katya Hancock, disse que os adolescentes da atualidade são os mais solitários da história. Ela compartilhou os seguintes dados: 50% dos adolescentes sentem que não se encaixam, não tem um lugar no mundo, e 25% confirma que se sente muito solitário o tempo todo ou a maior parte do tempo.
Emily Weinstein, estudiosa de Harvard, afirmou que a tecnologia consegue amplificar certas situações de tensão. Nesses casos, é o KOMO (knowledge of missing out – saber que está perdendo) acima do FOMO (fear of missing out – medo de perder), ou seja, os adolescentes sabem quando são excluídos de certas situações. Por exemplo: ver fotos e vídeos de amigos que vão a uma mesma festa em que ele não foi convidado.
Luiz Menezes, que é fundador da Trope, consultoria de geração Z que ajuda marcas a rejuvenescerem suas estratégias de negócio, está acompanhando presencialmente o evento e explica que a Young GenZ, pessoas de 13 a 17 anos, representam exatamente o público que é o tópico central desta conversa. Afinal, a GenZ é heavy user e grande produtora de conteúdo.
Segundo estudo da Edelman no Brasil, a Geração Z é a que mais produz e compartilha conteúdo no mundo.
“O fato é que a GenZ já utilizava muito as redes sociais, mas essa prática foi potencializada pela pandemia de Covid-19. Com o lockdown, as escolas ficaram um longo tempo sem ter aula presencial, então a forma de interação entre os colegas de escola foi totalmente digital. O uso das redes sociais não diminuiu após isso. Atualmente se debate muito a proibição de celulares em sala de aula, alguns estados brasileiros já proibiram ou pretendem proibir”, ressalta Luiz.
Neste caso, os palestrantes afirmam que os adultos precisam ter a responsabilidade de ouvir os adolescentes e responder empaticamente. É importante nunca falar no lugar deles, mas sim dar espaço para que se expressem e dar assistência ao que for necessário, explicando as consequências de seus atos perante seus comportamentos no espaço digital. Sempre agir como aliados e buscar se conectar com os problemas e pensamentos dos adolescentes, ensinando boas práticas.
Por isso, Luiz acredita que a sugestão do painel seja viável, pois os adolescentes se sentirão acolhidos. “Boa parte dos GenZ sofre de ansiedade, depressão e problemas psicológicos. Lidar de forma mais saudável com as redes sociais se faz extremamente necessário, principalmente pensando no KOMO (knowledge of missing out), citado na palestra. Inclusive, é interessante aproveitar que são heavy users e conhecem muito bem as ferramentas dispostas nos smartphones, para entender a visão deles sobre como manter uma rotina apesar das redes sociais, o que é essencial”, finaliza.