É da ciência de muitos que acesso à internet, no Brasil, é um privilégio caro e limitado. Embora o cenário esteja mudando para melhor quando o assunto é banda larga, o mesmo não pode ser dito das conexões móveis que as operadoras oferecem. Eu sou cliente da TIM e só uso o 3G do meu aparelho quando estritamente necessário. A questão não é nem o preço – que é caro – mas sim a qualidade do serviço. Se eu conseguisse navegar com o mínimo de agilidade na rede 3G, quem sabe eu até usaria mais o serviço. Mas minha paciência é curta. Porém, um futuro melhor desponta no horizonte.
No evento Qualcomm IQ, ocorrido ontem em São Paulo, a Claro anunciou que começou a fase de testes do 4G, no Brasil. Caso você não saiba, o 4G abre a possibilidade de que conexões móveis alcancem a velocidade de até 100 Megabits por segundo! Eu diria que isso é quase uma utopia. Mas é o que o padrão promete. Pois bem, neste primeiro momento apenas três cidades brasileiras, chamadas de “circuito de experiências”, contam com o novo sinal. São elas: Campos do Jordão (SP), Búzios e Parati (RJ). Nas palavras do presidente da Claro, Carlos Zenteno:
Desejo que os clientes tenham acesso ao 4G em primeira-mão, para testar os serviços como streaming de vídeo, videochats entre cidades e outras facilidades que uma rede de alta velocidade pode oferecer.
Nos primeiros testes feitos nestas três cidades, conseguiu-se uma velocidade de 30 Mbps. Não chega perto dos 100 Mbps nominais que o padrão promete mas já é um grande salto em velocidade. Agora vamos falar de um pequeno detalhe, mas que faz toda a diferença: aparelhos compatíveis. Como o 4G é uma tecnologia que só ontem começou a ser testada no país, ainda não temos aparelhos compatíveis com esse padrão. Mas os primeiros devem desembarcar aqui em breve. A própria Claro informou que já está trabalhando junto com a Huawei e a Motorola para oferecerem modens e smartphones compatíveis com a novidade. Além disso, a fabricante de chips Qualcomm deixou claro terça-feira passada (21/08) que fabricará chips 4G em solo nacional. Além do mais, o Ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, disse no começo do ano que 50% dos smartphones preparados para o 4G serão produzidos aqui.
Para os sortudos que moram em uma das três cidades do “circuito de experimentos”, parabéns e boa sorte! Para o restante da população, é esperar. Até quando? Para os que moram nas cidades-sede da Copa das Confederações – Belo Horizonte, Brasília, Fortaleza, Recife, Rio de Janeiro e Salvador – a tecnologia 4G está programada para chegar até abril de 2013. Para as cidades-sede da Copa do Mundo – Cuiabá, Manaus, Natal, Porto Alegre e São Paulo – a cobertura se fará disponível até dezembro de 2013. E para o resto da população, esperem até 2017. Isso para cidades com mais de 30 mil habitantes.
Acho que não é segredo para ninguém que todos esses investimentos em telecomunicações – além de outras áreas – se devem principalmente aos grandes eventos que o Brasil sediará nos próximos anos, a saber: Copa das Confederações (2013), Copa do Mundo (2014) e Olimpíadas (2016). Eu espero sinceramente que a ganância das operadoras de telefonia celular não impeça a implantação de uma infra-estrutura de respeito e que proporcione boas velocidades. Dado os prazos apertados, é bem fácil dessa rede ser montada às pressas e não oferecer plena capacidade. Outra coisa que devemos observar é o preço. Quanto custará cada aparelho compatível com 4G? E quanto custará, principalmente, os planos de dados. Bom, pelo histórico de nossas empresas de telecomunicações e do governo, o 4G brasileiro tem tudo para ser o mais lento, caro e instável do mundo. De qualquer forma, pior que o 3G não fica. Mas eu espero que as operadoras nos surpreendam. De forma positiva, é claro.
