A BMC capacita 86% da Forbes Global 50 para acelerar o valor dos negócios mais rápido do que é humanamente possível. Seu portfólio conecta pessoas, sistemas e dados para impulsionar o crescimento, a inovação e o sucesso sustentável, permitindo que grandes organizações obtenham vantagem competitiva por meio de processos simplificados e otimizados. Com esse pano de fundo, o Guia do PC entrevistou com exclusividade Celso Rodrigues, Vice President & GM – Latin America da BMC Software, sobre os caminhos da inteligência artificial (IA) na região e os fatores que podem tornar a América Latina um polo de destaque global nessa área.
Para Rodrigues, a adoção de IA já avançou de forma robusta em diversos setores, especialmente no financeiro, telecom, varejo e fintech, que utilizam a tecnologia para análise de risco de crédito, hiperpersonalização e atendimento em larga escala. No entanto, ele alerta que a aceleração precisa ser acompanhada de estrutura e governança. “Velocidade sem governança é perigosa”, afirma, ressaltando que não há obstáculos técnicos para a evolução da IA, desde que as empresas evitem avançar mais rápido do que conseguem organizar.
Rodrigues aponta que a visão Autonomous Digital Enterprise, lançada pela BMC há alguns anos, tornou-se realidade com o apoio da IA generativa. A empresa já aplica inteligência artificial para ampliar a escala, a velocidade e a precisão de suas soluções, como o Control-M, que agora incorpora a plataforma de IA Jett para fornecer insights e apoiar decisões em tempo real. Ele compara a IA a “um anjo da guarda superinteligente” que atua ao lado dos profissionais de mainframe, ajudando a evitar erros humanos e aumentando a eficiência operacional.
Entre os setores que despontam como promissores, o executivo destaca o agronegócio, que apesar de ainda fragmentado, reúne volume, qualidade e criatividade para se tornar um polo de excelência em IA na América Latina. Já áreas como construção civil e mercado imobiliário ainda estão em fase inicial de adoção. Para ele, o avanço depende de liderança corporativa que trate a IA não como uma questão técnica, mas como estratégica — “a governança é o coração da organização”, afirma.
Rodrigues defende que, além de garantir transparência, acesso e integração entre equipes, é preciso criar uma cultura de educação contínua para que todos entendam como a IA está sendo aplicada. No horizonte, ele se diz empolgado com o impacto transformador da IA generativa sobre os negócios, comparando-o ao salto que os celulares representaram há décadas. “O que mais me entusiasma é o que ainda não conhecemos — os empregos e oportunidades que a IA vai criar e que hoje nem conseguimos imaginar”, conclui.
Confira a entrevista na íntegra:
Guia do PC: Como você avalia o estágio atual de adoção de inteligência artificial na América Latina
Celso Rodrigues: Recentemente, a América Latina passou a apresentar um forte uso de IA e sua aplicabilidade em diferentes negócios traz uma enorme vantagem competitiva para a região.
GPC: Quais são os maiores obstáculos que ainda impedem as empresas de acelerar sua transformação digital com IA?
CR: É fundamental que as empresas cresçam de forma estruturada ao usar IA, para que não fiquem reféns de uma aceleração muito rápida sem a organização necessária. Não vejo obstáculo para as empresas avançarem sua transformação digital com IA no curto prazo. Acredito que as empresas precisam estar organizadas para acelerar de forma bem estruturada. Há uma frase que gosto em um slogan da Pirelli: “poder não é nada sem controle”. Podemos traçar um paralelo: “velocidade sem governança é perigosa”. Não vejo obstáculos no uso de inteligência artificial, se a organização tiver controle, governança, para que não gaste mais tempo corrigindo do que inovando.
GPC: Você pode compartilhar exemplos de clientes que estão potencializando seus negócios com sucesso usando IA?
CR: No evento BMC São Paulo de 28 de Agosto último tivemos a presença de muitos desses clientes, como Banco do Brasil, Itaú, Bradesco, Telefonica e Serasa, entre outros.
GPC: A BMC já falou sobre o conceito de Autonomous Digital Enterprise no passado. Isso ainda é importante? Como essa visão se conecta à IA e há quanto tempo é aplicada na prática pelos clientes?
CR: A BMC viabiliza negócios mais rápido do que é possível humanamente. Autonoumous. Digital Enterprise foi uma visão que trouxemos ao mercado há alguns anos e agora já é uma realidade. À época, prevíamos que as empresas se tornariam autônomas, que seriam independentes. E hoje já começamos a ver essa autonomia acontecer graças à IA generativa. Ao viabilizar negócios mais rápido do que o humanamente possível, estamos ajudando as empresas a acompanhar o ritmo acelerado das mudanças – por meio de orquestração inteligente, IA e automação – modernização de mainframes que permitem velocidade e vão além das limitações humanas.

GPC: Como essa visão se conecta à IA e como tem sido aplicada na prática pelos clientes?
CR: A BMC aplica inteligência artificial para otimizar a escala, a velocidade e a capacidade de nossas soluções. É incrível ver as melhorias no Control-M, com IA fornecendo insights e sugestões. O Control-M possui uma plataforma de inteligência artificial, a Jett, que pode orientar e apoiar decisões, construções e usos.
A IA é como um anjo da guarda, que fica próximo ao profissional que opera o mainframe e este anjo é superinteligente, capaz e experiente. Ter esse suporte de IA ao lado do quem trabalha no mainframe ajuda a evitar erros humanos.
Costumo brincar que, no início, tínhamos telas verdes, depois veio uma linha de comando e agora temos uma IA totalmente integrada e podemos aprimorá-la. É isso que fazemos para nossos clientes no mundo do mainframe.
GPC: Quais áreas de negócios se beneficiam mais com o uso da IA?
CR: Certamente, o setor financeiro utiliza a IA muito bem para análise de risco de crédito e compreensão da hiperpersonalização. Além disso, as empresas de telecomunicações utilizam bastante a IA. Também posso destacar os setores de varejo e fintech.
Um insight interessante do setor bancário é que 22 dos 25 maiores bancos dos EUA usam soluções BMC para alimentar os sistemas que mantêm o mundo financeiro funcionando.
GPC: Quais setores estão mais avançados nesse processo e quais ainda estão começando?
CR: Os setores mais avançados são os que mencionei acima – finanças, tecnologia bancária – e, entre os que ainda estão em fase inicial, posso citar o agronegócio, pois ainda estão em fase de desenvolvimento. O agronegócio tem excelentes iniciativas em diversos nichos, mas ainda não estão conectados. Outro setor com grandes oportunidades é o imobiliário e a construção civil.
GPC: Sobre Governança e Ética: Com o avanço da IA, também surgem preocupações éticas e regulatórias. Como a BMC aborda essas questões em projetos com seus clientes?
CR: A BMC reforça questões de ética e regulamentação – estamos em conformidade com a LGPD, com auditorias, com governança e com DORA. Há um ponto fundamental em ética e regulamentação: treinamos nossas máquinas com foco em automação e em regras de conformidade. Tanto nossas soluções Control-M quanto as de mainframe são utilizadas para fins de auditoria – cada operação realizada gera um log que pode ser consultado posteriormente.

GPC: O quanto a IA tem sido uma ferramenta de diferenciação competitiva na América Latina?
CR: IA tem sido amplamente utilizada na América Latina. Há dados interessantes, por exemplo, sobre gestão de riscos para a área financeira e, dada a complexidade econômica, social e a realidade do setor financeiro no Brasil, estamos bem avançados no uso de IA em comparação com outras regiões, considerando a América Latina.
O potencial da América Latina para ser uma região com grande diferenciação em IA é o agronegócio. Por quê? Porque é onde temos a maior qualidade, volume, riqueza e criatividade. Sim, ainda está em desenvolvimento, mas a América Latina pode ser uma potência agrícola em IA.
GPC: Qual deve ser o papel da liderança corporativa na governança da IA?
CR: A visão do executivo é essencial para dar o tom, porque a automação não é uma necessidade técnica, mas sim uma necessidade de negócio. Trata-se de desbloquear a inovação usando a automação para conectar dinamicamente sistemas, dados e pessoas ao trabalho que importa. Gosto de fazer a analogia de que a governança é o coração, é o centro de uma organização. Tudo passa por esse coração, de onde é possível acompanhar e acessar tudo o que acontece na organização. Assim, é necessário promover a governança da orquestração, a governança do uso da IA, algo que fazemos na BMC, porque temos guard rails, controles que foram criados para garantir que haja governança e transparência.
É necessário garantir a transparência das informações, o acesso, a democratização dos dados, a interação entre pessoas e equipes que trabalham entre si, para que seja possível unir as equipes de engenharia e de negócio por meio da plataforma.
E, por fim, devemos criar uma cultura de educação sobre o que fazemos e como usamos a inteligência artificial e outras tecnologias para beneficiar nossos clientes.
GPC: Na sua opinião, quais práticas ou mudanças organizacionais são necessárias para que as empresas acompanhem essa velocidade?
CR: Essa liderança corporativa é essencial para dar o tom da necessidade. Eu não diria uma mudança organizacional, mas diria reforço. Precisamos reforçar a questão da liderança, dando visibilidade ao que está sendo feito, fornecendo transparência e treinamento. Precisamos deixar claro, por meio da governança, o que está sendo feito. Esses são pontos para criar e manter a cultura.

GPC: A América Latina pode ser protagonista em alguma frente de inovação com IA? Se sim, em quais áreas?
A América Latina pode ser protagonista em IA; principalmente o agro tem um grande potencial.
GPC: Por fim, como líder na região, que tipo de mentalidade você acredita ser essencial para impulsionar a transformação digital com IA?
CR: Atitude. A pessoa precisa ter iniciativa, ter curiosidade, tudo isso é fundamental, mas a atitude é o que impulsiona a transformação, o que causa a mudança. Essa atitude vem dos nossos funcionários, dos nossos clientes e dos nossos parceiros. Vem do coletivo.
GPC: O que mais lhe entusiasma sobre o papel da IA para o futuro dos negócios?
CR: Lembro de uma antiga entrevista com Bill Gates, décadas atrás, falando sobre como seria o celular do futuro. Naquela época, era difícil para ele explicar o impacto que isso teria na vida das pessoas, e hoje é incrível olhar para trás e ver o quanto isso evoluiu.
Tudo relacionado à IA generativa terá um impacto em nossas vidas que desconhecemos. Podemos imaginar, como Bill Gates fez com o celular. Mas o que mais me empolga é o que está por vir e que ainda não conhecemos. Continuo me perguntando quais serão os novos empregos do futuro. Recentemente, ouvi Bill Gates dizer que a biologia será uma das áreas mais importantes. Por quê? Porque a IA só pode aprender o que já se sabe, enquanto a biologia ainda precisa ser descoberta.
Mas ainda há muito mais a ser descoberto; há um mundo inteiro neste planeta que não temos ideia do que é, como é. Isso é fantástico!