Notícias

O pior emprego que o Google pode oferecer

Nós, do meio tecnológico, costumamos falar que o melhor lugar para se trabalhar é no Google. Salário bom, tempo para desenvolvermos projetos pessoais, sala de jogos e um zilhão de outras coisas legais que parecem transformar o trabalho num lazer eterno. Bem, alguns cargos na Gigante de Mountain View realmente são assim. Mas nem todos. Imagine você a trabalheira que é indexar “apenas” todo o conteúdo que as pessoas colocam na internet. Dos mais variados assuntos e nas mais diversificadas formas de mídia – texto, imagem, vídeo, etc. Como se não bastasse catalogar tudo, ainda ter que organizar os dados em ordem de relevância para que quando algum usuário fizer uma pesquisa, encontre o resultado mais completo o mais rápido possível. É, só de escrever isso eu já estou exausto. Mas sabe o que torna tudo isso pior? Os próprios seres humanos.

Você já parou para pensar na quantidade de gente mentalmente doente? E não estou falando de alterações em cromossomos no DNA. Estou falando de gente realmente psicótica. E que decide que é bom para a humanidade compartilhar conteúdo envolvendo racismo, pornografia infantil, fetiches extremos, mutilações, decapitações, bestialidades, necrofilia e tudo o que você possa imaginar de mais repugnante e repulsivo. Os algoritmos do Google, que são bem eficientes, por sinal, são muito bons em encontrar e indexar palavras-chave. Mas péssimos em interpretar conteúdo. Assim, cabe a um funcionário da empresa a infeliz tarefa de checar cada maldita imagem que chega até ele e esconder esse conteúdo de pessoas normais, como eu e você.

vídeo censurado

Um funcionário encarregado de realizar essa tarefa – e que preferiu ficar no anonimato, obviamente – deu uma entrevista ao BuzzFeed e contou os efeitos de tal trabalho. Ele era um dos responsáveis por filtrar o conteúdo que entrava no Picasa, Google Images e Orkut e via cerca de 15 mil imagens por dia, cada uma delas com níveis variados de doença e sociopatia. Outros funcionários eram encarregados de sites como o Youtube. Visto que esse é um trabalho que tira o equilíbrio mental de qualquer pessoa, todos os contratos são temporários, de no máximo um ano. Esse funcionário em questão passou nove meses fazendo a mesma coisa, todos os dias, até que ele disse que isso “o colocou em um lugar muito escuro“. Ele percebeu que precisava de terapia quando uma agente federal fez um teste com ele. Ele conta:

O Google arranjou alguém de uma agência federal para falar comigo, e foi quando eu percebi que precisaria de terapia. Ela me mostrou fotos de atividades aparentemente inofensivas e pedia minha primeira e mais visceral reação. Eu falava, tipo, “isso vai dar merda!”. E era apenas um pai e uma criança.

A entrevista completa (em inglês) você pode ler aqui. Vale realmente a pena e nos dá uma noção do que as pessoas são capazes. E de valorizar mais o nosso emprego também. Eu acho a internet uma verdadeira joia! Uma ferramenta incrível que conecta pessoas do mundo inteiro e pode transformar vidas! Mas ela é também uma verdadeira faca de dois gumes. Pois da mesma forma que você pode usá-la para, por exemplo, aprender um novo idioma ou manter contato com um parente distante, você pode usá-la para consumir os mais detestáveis e podres conteúdos. E de gente doente este mundo está cheio. Portanto, deixo aqui o meu apelo: se for cagar, por favor, faça isso no banheiro. E não na internet.

Tags: Google, Internet

Você também vai gostar

Leia também!