Canonical está implementando uma nova ferramenta para a próxima versão do Ubuntu. A versão 13.04 irá contar com um aperfeiçoamento do sistema de busca do dash do Unity, que capturará dados, como localização geográfica, para sugerir resultados mais precisos e interessantes, condizente com seu local. Se mora no Brasil, a busca retornará algo da região. É mais um avanço que a empresa sediada em Londres traz ao seu sistema baseado em Linux. Na última versão, o Ubuntu 12.10 trouxe integração com a loja Amazon no Unity. Ao fazer buscas, o sistema sugere produtos da loja americana.
Contudo, esperam-se criticas e até possíveis intervenções de órgãos reguladores pelo mundo. O motivo é o nebuloso processo de rastreamento e captura de dados, que passará pelos servidores da empresa e poderá ser interpretado como uma violação de privacidade, principalmente porque as novas funções virão ativadas por padrão, precisando da ação do usuário para desativá-la. Além disso, informações passíveis de captura podem ser compartilhada com outras empresas ou reguladas por cláusulas exteriores, conforme brechas nas explicações da própria Canonical.
A integração com a Amazon foi duramente criticada pela FSF (Free Software Foundation). Richard Stallman, criador do sistema operacional GNU, integrante do Ubuntu, afirmou que a Canonical colocou um spyware no sistema. Criticas também vieram da EFF (Electric Frontier Foundation), onde foi dito que há um sério problema de privacidade com a distribuição Linux da Canonical.
Agora, a empresa fundada pelo milionário sul-africano Mark Shuttlework pode estar indo mais fundo nos problemas, e está caminhando na contramão das legislações de diversos países e regiões, principalmente da União Europeia, casa da Canonical. No velho continente há normas especiais que protegem a privacidade em meio eletrônico e a Comissão Europeia, órgão regulador da comunidade, engrossa o coro dos que lutam a favor de mecanismos chamados de “Do Not Track“, que impendem o rastreamento do usuário por considerar que a ação viola a privacidade pessoal.
O mais curioso é que até grandes empresas como Microsoft (Do Not Track vem ativo por padrão no IE 10), Google, AOL e a Fundação Mozilla estão levantando a mesma bandeira da sociedade civil e de muitos Estados, fazendo uma autorregulação, implementando mecanismos de não rastreamento e respeitando a opção pessoal de não compartilhar certas informações. Isso prova que a Canonical está realmente indo na contramão não só dos anseios da sociedade e da industria, mas do próprio bom senso, desfigurando o próprio lema de “Linux para seres humanos”. E você, o que acha disso?
Com informações de Tecnoblog
