Como vencer o medo de ser substituído por um robô: a visão de um especialista em tecnologia

Com o avanço da inteligência artificial e da automação, cresce também o temor de profissionais que enxergam nas máquinas uma ameaça direta aos seus postos de trabalho. No entanto, para Filipe Bento, CEO do Atomic Group e especialista em tecnologia, o medo de ser substituído por um robô precisa ser substituído por uma nova perspectiva: a de que a tecnologia pode libertar o ser humano de tarefas repetitivas e abrir caminho para uma era mais criativa e digna no mercado de trabalho.

“O robô nada mais é do que um escravo. Toda vez que você coloca um ser humano para fazer aquilo que ninguém gostaria de fazer, você está escravizando esse ser humano”, afirma Bento. “É melhor escravizar uma máquina ou um ser humano?”, provoca o executivo, que também atua como mentor de empreendedores.

O argumento vem em um momento em que o burnout, provocado pela sobrecarga de trabalho, já afeta três em cada dez trabalhadores brasileiros, segundo a Associação Nacional de Medicina do Trabalho. Desde 2022, a síndrome é reconhecida como doença pela OMS.

Para Filipe Bento, CEO do Atomic Group, a inteligência artificial deve ser vista como aliada da criatividade humana — e não como ameaça ao emprego

Uma transformação inevitável
Segundo relatório do Fórum Econômico Mundial, até 2030, 92 milhões de empregos serão eliminados pela automação em massa. Mas, no mesmo período, devem surgir 170 milhões de novas funções — saldo positivo de 78 milhões de vagas. A diferença, diz o relatório, estará na qualificação: os novos empregos exigirão competências como pensamento crítico, criatividade e liderança.

“As máquinas vão ocupar o trabalho mecânico. Caberá a nós desenvolver as habilidades que só os humanos têm”, reforça Bento. Ele observa que assistentes virtuais, garçons robôs e sistemas autônomos já operam em grande escala em países da Ásia e da Europa — tendência que deve se acelerar também no Brasil.

Um futuro de prosperidade (se bem conduzido)
Para o CEO do Atomic Group, quanto mais rápido o país aceitar essa transformação, mais rápido poderá adaptar a educação e o mercado de trabalho às novas exigências. “Vamos chegar a um grau de prosperidade em que haverá dinheiro sobrando para cuidar das pessoas”, projeta.

Entre os impactos positivos da revolução da IA, ele destaca três principais:

  • Libertação do trabalho braçal: tarefas operacionais ficarão a cargo das máquinas, liberando os profissionais para atuações mais estratégicas.
  • Redistribuição de renda: com políticas adequadas, a eficiência gerada pela IA pode reduzir desigualdades. Um relatório da McKinsey estima que a IA deve gerar até US$ 12 trilhões em valor econômico global.
  • Revolução na educação: o foco do ensino deverá migrar para o desenvolvimento de habilidades humanas — como adaptabilidade, solução de problemas e inovação.

“Em vez de resistir à mudança, precisamos preparar as pessoas para os novos empregos. A IA é uma ferramenta. Quem determina seu impacto é a forma como a usamos”, conclui Filipe Bento.

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