Uma nova onda de otimismo começa a tomar forma entre os solteiros em 2026 — embora com os pés bem firmes no chão. Depois de um período marcado pela desilusão amorosa, o cenário dos relacionamentos passa por uma mudança global em direção a conexões mais reais, claras e emocionalmente equilibradas. É o que revela o Trendbook 2026, estudo do aplicativo de namoro happn baseado em respostas de 6.500 usuários do Brasil, França, Índia, Holanda, Noruega, Argentina, Turquia e Reino Unido. No Brasil, 38% dos solteiros dizem viver uma “esperança renovada” no amor, ainda que 58% adotem uma postura mais realista — evidenciando uma busca por afeto consciente, comunicação aberta e menos jogos emocionais.
A primeira tendência apontada pelo estudo é o “Amor Nostálgico”, que mostra um movimento global de rejeição à cultura do “contatinho” e à ambiguidade típica dos encontros casuais. Em vez disso, cresce a preferência por um romantismo mais sincero, influenciado pelo retorno das comédias românticas e pelo apelo dos reality shows de namoro. Segundo o happn, 46% dos usuários querem se deixar levar pelo amor, mas sem abrir mão de uma dose de realismo — movimento especialmente forte no Brasil e na Turquia.
A segunda tendência, chamada “Aliados em Ascensão”, revela um novo comportamento entre homens solteiros, que demonstram maior abertura emocional e valorização do respeito e da igualdade de gênero. Ainda assim, as mulheres seguem cautelosas com discursos exagerados: 49% dizem desconfiar do ativismo performático, o chamado “homem feministo”. No Brasil, 60% dos solteiros consideram importante a opinião do Crush sobre feminismo, mas 47% também desconfiam de atitudes que soam forçadas, preferindo comportamentos genuínos.
A terceira tendência destaca o avanço dos vínculos digitais com a era da “Situationship com IA”. Companheiros virtuais e ferramentas de inteligência artificial começam a funcionar como treino emocional para solteiros que buscam entender melhor suas necessidades afetivas. Globalmente, uma em cada duas pessoas aceitaria que o Crush tivesse um vínculo próximo com uma IA, embora 41% assumam desconforto. No Brasil, há divisão: metade aceitaria a aproximação, enquanto 42% se incomodariam e 8% enxergariam como traição emocional. O motivo é cultural: 78% dos brasileiros usam IA apenas para tarefas práticas, como conversas curtas e escrita — e não para vínculos afetivos.
A pressão econômica, tema da quarta tendência, chega também aos encontros amorosos. Em meio a inflação, desigualdade salarial e custos sociais de gênero, cresce o debate sobre finanças nos relacionamentos. Globalmente, conceitos como salary talk e loud budgeting ganham força. No Brasil, porém, o tema continua sendo tabu: 44% acreditam que amor e finanças não devem se misturar, e 61% defendem que homens devem pagar a conta por cavalheirismo. A barreira financeira é real: 48% dos brasileiros já desistiram de um encontro por falta de dinheiro.
Por fim, a tendência “Sex Care” mostra que a sexualidade está cada vez mais conectada ao bem-estar e ao autocuidado, com menos foco na performance e mais na intimidade consciente. Globalmente, a masturbação aparece como ferramenta emocional importante — quase uma em cada cinco pessoas pratica regularmente. No Brasil, 52% dos solteiros se masturbam ocasionalmente e 63% preferem uma abordagem minimalista, buscando autonomia, equilíbrio e conexão consigo mesmos. Apesar da queda na frequência sexual, a satisfação aumentou: 45% das mulheres e 39% dos homens afirmam estar muito satisfeitos.
Para Karima Ben Abdelmalek, CEO e presidente do happn, a virada de 2026 é marcada por um desejo por relações mais saudáveis:
“Os solteiros estão rejeitando maus entendidos e o esgotamento do swiping interminável, exigindo um amor mais consciente. À medida que superam a desilusão, a clareza, a comunicação aberta e os valores compartilhados tornam-se bases inegociáveis.”









