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Um Domingo Qualquer #046: Crítica TPB AFK

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Há poucos dias foi lançado, no 63º Festival Internacional de Berlim, o documentário The Pirate Bay – Away From Keyboard ou simplesmente, TPB AFK para os íntimos. Mas ninguém precisa estar em Berlim para assistir ao trabalho de Simon Klose, diretor sueco que reuniu 2 anos de filmagem e conseguiu arrecadar 50 mil dólares no Kickstarter para financiar as filmagens. Como é uma obra que trata do The Pirate Bay, o maior site de compartilhamento de arquivos do mundo, nada mais natural que o documentário fosse disponibilizado gratuita e legalmente – é bom frisar isso – nos servidores do TPB. E assim se deu. Além do mais, ele também está disponível no YouTube, caso você não queira ter o trabalho de baixar o filme para seu computador. Na coluna Um Domingo Qualquer desta semana, nós iremos analisar o conteúdo da película e a forma como ela foi dirigida, montada e fotografada.

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TPB AFK aborda de forma muito superficial a parte técnica do servidor de arquivos. Para falar a verdade, ele apenas menciona as potentes máquinas que mantém o serviço ativo. Isso por que os aspetos técnicos não são o foco do documentário. Muito embora eu adoraria ver algum material do tipo, explicando em pormenores tudo o que é necessário para manter o The Pirate Bay de pé. No entanto, neste filme, o diretor faz jus à expressão AFK (Away From Keyboard), que significa “Ausente do Teclado”. Nele, nós acompanhamos a trajetória dos fundadores do serviço, Gottfrid Svartholm, Fredrik Neij e Peter Sunde, enquanto travam uma batalha nos tribunais contra as poderosas indústrias do cinema, da música e dos jogos.

A expressão também ganha uma conotação mais nobre quando os três são indagados de quando se conheceram em IRL (In Real Life). Então eles respondem que não usam essa expressão, preferem a AFK, pois para eles, a internet é real. Eu achei isso muito bacana! Uma boa sacada do diretor Simon Klose, foi a forma com que ele apresentou os três amigos fundadores do The Pirate Bay. Sempre com frases de efeito.

O que eles (o governo) poderão fazer? Já tentaram desativá-lo (o The Pirate Bay) uma vez. São bem vindos a vir e a falhar novamente. – GOTTFRID/anakata

Não é o Pirate Bay que irá à corte amanhã. É sobre nos pegar, por estarmos ligados ao Pirate Bay num julgamento político. O julgamento de amanhã não é sobre a lei, é sobre política. – PETER/brokep

Isso é tão gay. – FREDRIK/TiAMO

Sério, essa foi a primeira frase de Fredrik no documentário. E desta forma, o filme tem seu início. Após apresentar os protagonistas dessa trama, incluindo também os respectivos defensores e advogados de ambos os lados, o diretor Simon Klose opta por contar a história com cortes temporais. Ora estamos assistindo a uma sessão do julgamento, onde os três são fuzilados de perguntas. Ora estamos vendo os fundadores do TPB conversando informalmente sobre tudo aquilo que está acontecendo. Já em outros momentos o diretor entrevista os advogados, promotores e outros envolvidos no caso. E aqui é importante destacar o ótimo trabalho de montagem que foi realizado. Já que esses cortes temporais em momento algum ficam desconexos ou deixam o telespectador confuso. As informações são passadas de forma muito rápida! O que é diferente de serem apresentadas de maneira confusa. Se o telespectador for desatento, pode acabar perdendo informações importantes para entender a história.

E é nesse ritmo, nessa passada, que acompanhamos os bastidores de um julgamento tão importante. Aos poucos descobre-se que algumas peças-chave do julgamento, como policiais envolvidos nas investigações e o próprio juiz que analisou o caso, tinham ligações e interesses favoráveis à indústria do entretenimento, principalmente com os autores da lei de direitos autorais. No primeiro julgamento, o juiz fora considerado tendencioso e a sentença foi revogada.

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Tomas Norstrom – O juiz que estava julgando um caso de direitos autorais e não sabia que devia informar que era membro da Associação de Direitos Autorais

À medida que o litígio avança, vemos também o desgaste dos três jovens fundadores, bem como suas personalidades. Cada um deles procura uma válvula de escape para aquilo tudo. Dois deles saem do país, inclusive um deles se casa com uma nativa do Laos. Outro viaja para o Camboja e fica por lá até ser encontrado pela polícia sueca e preso. Já outro entra de cabeça nessa briga de gigantes e se envolve com o Partido Pirata e o WikiLeaks, de Julian Assange. E desentendimentos entre eles também são inevitáveis. É interessante uma cena onde vemos Peter Sunde e Fredrik Neij destilando suas opiniões – em off – sobre o outro. É curioso ver como dois caras que fundaram algo tão grande e importante alimentam opiniões mútuas tão desagradáveis.

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Peter Sunde – Sobre seu amigo Fredrik Neij

The Pirate Bay – Away From Keyboard é um bom documentário para quem tem curiosidade de saber o que acontece por detrás de um julgamento importante. Suas intrigas, argumentos usados pela parte de acusação, bem como a personalidade de verdadeiros gênios da informática. No entanto, para quem não tem muito interesse nisso, a película pode se tornar cansativa e entendiante em vários momentos. Mas não podemos dizer que Simon Klose não fez um bom trabalho, porque ele fez sim. Tanto na montagem e edição das cenas quanto na fotografia que ele usou durante todo o longa. Abusando dos contrastes e dos granulados, o filme possui uma fotografia elegante e ao mesmo tempo sóbria. Mas sempre mantendo os tons escuros na maioria do tempo, figurando a situação sombria em que eles estavam inseridos.

Essa é a nossa opinião sobre o documentário que conta a história do julgamento do The Pirate Bay. Um ótimo trabalho, de qualidade, mas que para algumas pessoas pode se tornar cansativo. Porém, como é gratuito, vale a pena conferir o filme. Se quiser baixar, no próprio The Pirate Bay você pode baixar nas resoluções 480p. 720p e 1080p. Para quem quiser uma legenda, o nosso leitor Renato fez uma tradução que você pode baixar aqui. Basta salvar em *.SRT e colocar na mesma pasta e com o mesmo nome do arquivo do filme. Mas quem quiser assistir online, pode ver no YouTube. Abaixo eu incorporei o vídeo, sem legenda em português. Mas procurando você encontra legendado em nossa língua.

Esta foi a nossa coluna Um Domingo Qualquer desta semana. Espero que tenha gostado da nossa crítica do filme TPB AFK. Já assistiu ao documentário? Se sim, por favor, deixe nos comentários a sua opinião sobre ele. O que achou mais interessante. O que achou ruim. E se não assistiu, nos diga: ficou curioso em ver esta obra? Espero que goste do filme! No mais, pode acompanhar também os outros textos das colunas anteriores abaixo:

Tags: The Pirate Bay, Um Domingo Qualquer

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